30/12/2014

Uma aventura na Noite de Natal

Quando era pequena, estreava sempre roupa nova no Natal: na véspera, claro, e no dia 25, quando vestia roupa que o Pai Natal deixava no sapatinho. Hoje, com três filhos, faço questão de vestir a minha melhor roupa (ou, pelo menos, a que tem menos nódoas de ranho/papa/bolsado no ombro esquerdo) e, aos meus filhos, as camisolas que têm menos borbotos e as calças que estão menos rasgados nos joelhos.
A Teresa só veste roupa emprestada. Tem muito pouca roupa nova e fiz questão de lhe comprar uns sapatos para estrear na véspera de Natal. Umas merceditas, como as meninas bem. Comprei online com a antecedência que me caracteriza e chegaram no correio no dia 23. Mesmo a tempo!
No dia 24, trabalhei até meio da tarde, voei para casa, vesti os putos todos (merceditas incluídas), fiz a mala e saímos para a Marinha Grande perto das seis da tarde. A dois terços do caminho, dou conta que falta um sapato à Teresa. Uma mercedita. Novinha em folha. Perdida uma hora depois de estrear. Chorei.
"Ah e tal, tanta gente a morrer de fome pelo  mundo, tanta gente sozinha na noite de Natal e tu choras porque causa de um sapato", ainda ouvi. Não era um sapato qualquer: era a mercedita nova da minha Teresinha. Custaram-me 20€, caraças! Ainda assim, fiz questão de a manter com um sapato calçado: assim como assim, o prejuízo seria só de 10€.
"Já reparaste que a tua filha tem os collants do avesso?", perguntava alguém em voz alta, já no fim da noite. A falta do sapato revelou o meu segredo: os collants do direito estavam cheios de borbotos e meio encardidos nos joelhos, do avesso eram uns collants novos. Expliquei isto aos presentes, a minha Mãe morreu de vergonha.
Felizmente, o Pai Natal não castiga meninas que só calçam um sapato e deixou-lhe presentes à maneira. No sapatinho. No que sobrava, está claro.


No dia 25, quando chegamos a casa, o sapato perdido estava dentro do prédio, em cima das caixas do correio. Um vizinho encontrou e deixou ali para nós encontrarmos. Neste momento, Miss Little T encontra-se linda de morrer com uma mercedita em cada pé.
Afinal, o Pai Natal existe e mora no 3º esquerdo do meu prédio.

27/12/2014

Na alcofa




A Teresinha continua um doce. Já tem dois novos dentes (até que enfim, que estes deram luta e muitas más noites), come cada vez melhor, interage cada vez mais. Passou o primeiro Natal muito divertida, muito atenta aos primos e a todo o frenesim à sua volta; adormeceu no momento mais caótico: a abertura dos presentes. Ela dá-se melhor no caos, 'tadita: afinal, é o dia-a-dia dela. Apareceram as primeiras bonecas nesta casa: o Pai Natal não se esqueceu. Não estava muito contente no momento da fotografia porque tinha dois melgas a incomodar a princesa. Nota-se, não?

Ideia daqui.

18/12/2014

Praticamente, onde?

- Segunda-feira, chamaram-me madura. "És tão madura", atiraram assim entre uma colher de sopa e dois dedos de conversa. E aquela palavra ficou ali entalada entre um assunto e outro, presa por uma vaga sensação que não podia ser sobre mim. O meu nome não rima com aquela palavra. Nunca rimou.

- Quarta-feira, uma colega minha no ballet, novinha, cara de estudante universitária, viu-me a chegar a esfregar as mãos com energia. "Está com frio?", perguntou e eu não percebi bem a forma e concentrei-me no conteúdo e disse que sim, estava com as mãos e o nariz frios. Ela continuou "os seus bebés, estão bons?". SEUS??!! Ela tratou-me por você. Ela, miúda educada, fofinha, no fim dos teens, achou que eu seria velha o suficiente para não me tratar por tu. Nós ali, vestidas de igual: maillot preto, collants e sapatilhas rosa. Eu era "você", ela era "tu".

- Hoje, almocei com a minha Amiga R e com o meu marido e falávamos sobre isto de sermos crescidos. Eles, ambos mais novos que eu. Contei-lhes a história do ballet e riram-se. "Ainda não percebeste que estás praticamente nos 40?"

Não. Ainda não percebi.

15/12/2014

Viver todos os dias cansa,

já dizia o outro, e eu não podia estar mais de acordo. Principalmente quando mete o trabalho de uma casa de cinco pessoas feita por pouco mais que duas mãos. Quando a fita da persiana se parte e não entra sol numa das poucas divisões da casa. Quando o comando da chave do carro tem um buraco negro em vez do botão que fecha as portas (pelo menos tenho carro!!!). Quando temos presentes de Natal para comprar e vontade zero. Quando há mil coisas para fazer numa semana de férias e só pensamos "raios: descanso mais a trabalhar fora de casa". Quando percebemos que uma semana não chega para almoçar com todos os Amigos de quem morremos de saudades. Quando perdemos tempo à procura da lista das compras que já fizemos há duas semanas e meia, para não perder tempo. Quando o despertador toca e-xa-cta-me-te-à-mes-ma-ho-ra-to-dos-os-san-tos-di-as. Quando damos o nosso melhor em tudo o que fazemos e percebemos que nunca chega. Quando percebemos que estamos há mais de 20 anos a lutar contra o acne "juvenil", há 10 a alternar entre o clearasil e o anti-rugas mas a coisa vai-se dando, e ainda há o dia em que acordamos com um bicanco branco mesmo no meio da testa. 

08/12/2014

Pequenos prazeres da (minha) vida*:

leite quente com mel. abraços dos meus filhos. beijos molhados. meias de lã. camisolas largas. dançar. areia quente nos pés. mergulhar. o silêncio debaixo de água. a casa em silêncio. pasteis de Belém. brigadeiros da minha cunhada. crianças à gargalhada. fogo de artifício. a respiração dos meus filhos. o cheiro deles ao acordar. adormecer no sofá. andar de mão dada. dias frios com sol. o verão. parir um filho. reencontrar velhos amigos e perceber que o tempo não passou. caipirinhas numa noite quente. caramelo. escrever. ouvir Dave Mathews a meia luz. passear a pé por Lisboa. fazer a linha de Cascais de comboio. fazer nada com Amigos. olhar o Mar. ver o pôr-do-sol. o cheiro da terra molhada. andar de avião. o cheiro do Algarve ao nascer do sol. lavar os dentes. Nestum mel com açucar em leite quase a ferver. o colo do meu Pai. andar descalça. conduzir. ler um livro. comer pipocas. tirar fotografias. ver fotografias antigas. receber amigos em casa. encontrar 20€ naquele casaco que já não visto há cinco anos. andar de baloiço. o molotov da minha avó Xia. fazer biscoitos de gengibre. adormecer os miúdos. vê-los brincar com o Pai. vê-los crescer todos os dias.

*- sem qualquer ordem de preferência e sem parar para pensar.

01/12/2014

Isto, na maioria das vezes, é divertido...


O Manuel está com otite e adenoidite. Só chora e pede colo. O meu colo. A Teresa está com fome, com sono e precisa de tomar banho. O António vomita depois do futebol, enquanto come a sopa. Basicamente, só vomita água. Quer dormir na nossa cama e eu deixo. 
Depois do antibiótico, o Manuel fica histérico: parece que levou uma forte injecção de adrenalina. A Teresa deve ter recebido parte dessa dose porque só guincha. Está cada um na sua cama. A guinchar cada um para seu lado.

E eu? Eu estou sentada no chão a olhar fixamente para as luzes da árvore de Natal e a fingir que não é nada comigo.

Ainda bem que a árvore já está montada.

27/11/2014

Na alcofa.


As primeiras febres, o primeiro antibiótico, as primeiras ranhocas, as primeiras noites mal dormidas por estar doente. A Teresinha está comprida, elegante, bem disposta, simpática, meiguinha. Adora fazer festinhas a quem lhe dá colo, adora ver os manos, adora fruta. Come bem, bate palminhas, fica sentada. Continua com dois dentes, adora fazer brrrr enquanto come a sopa, deixando tudo sujo à sua volta e os meus nervos em franja.
Ah! E a primeira ida ao teatro. Portou-se lindamente, muito atenta durante todo o tempo! 

16/11/2014

Para onde vai o tempo que passa?*

Todas as manhãs a gazela acorda: ela sabe que tem de correr mais que o mais veloz dos leões para sobreviver.
Todas as manhãs o leão acorda: ele sabe que tem de correr mais que a mais veloz das gazelas, senão morre de fome.
Não importa se você é gazela ou leão: quando acordar, comece a correr.
(sabedoria africana)

Quando li esta história, identifiquei-me imediatamente. A minha vida passa com tanta velocidade que estou com sérias dificuldades em encontrar-me nela. Os miúdos crescem e eu já não consigo agarrar-lhes os momentos mais importantes. O trabalho exige tanto e a uma rapidez que eu já não consigo desfrutá-lo. O sono... ah, o sono: eu durmo a correr e acordo cansada (e sou uma sortuda porque durmo a noite toda).
Tenho a sensação que passo os dias a correr entre a gazela e o leão: corro para não ser comida e corro para comer. Nos escassos segundos que consigo parar, olho para o espelho e não me reconheço. Olho para a pessoa que dorme comigo e não o reconheço. Olho para os miúdos e quase não os reconheço.
Eu gosto da vida que tenho. Eu sinto-me feliz. Verdadeiramente feliz. Mas não quero viver a correr. Recuso-me.


* Pergunta ouvida no workshop de Escrita Habitual que fiz com a Dora.

03/11/2014

Na alcofa.




6 meses. Meio ano. Interinho!! Adaptou-se lindamente à escola, às rotinas, às sopas e papas e frutas novas. Tantos sabores novos, tantas experiências, tantos meninos, tantas viroses! Pois, uma semana depois de começar a escola chegou a ranhoca e ainda não a largou. Dorme noites inteiras (muitas delas, pelo menos), adormece sozinha, adora ver os manos a brincar, chama a nossa atenção. Está super atenta a tudo o que a rodeia e não dá trabalho nenhum. Está a crescer tão bem, esta filha!

31/10/2014

Três horas e meia em 24 pontos

1. O depertador toca às 6:30 mas ainda consigo roubar-lhe dez minutos, não sem antes dizer mentalmente todas as asneiras que conheço, até as mais cabeludas
2. tomo banho
3. aqueço o leite enquanto descasco uma pêra/maçã/papaia/manga/qualquer fruta para o almoço da pequena
4. faço e como a minha papa nestum
5. aqueço a sopa da miúda enquanto bato a fruta com a varinha mágica
6. coloco a sopa e a fruta na marmita, não esqueço o babete
7. faço um biberão para dar à pequena na viagem
8. arranjo a minha marmita: restos do jantar de ontem (quando sobra), iogurte e bolachas
9. ponho as marmitas à porta para não me esquecer
10. vou secar o cabelo, lavar os dentes e ponho maquilhagem
11. entretanto, são sete e meia e vou acordar os rapazes
(isto demora, que o do meio tem mau acordar)
12. ponho-os a tomar o pequeno almoço: cerelac para cada um
13. arranjo o António: lavo o rabo, a cara, os dentes, visto, calço, penteio, limpo os óculos: está pronto
14. arranjo o Manuel: lavo o rabo, a cara, os dentes, visto, calço, penteio: está pronto
15. arranjo a Teresa: lavo o rabo, a cara, visto, penteio: está pronta
16. visto-me e calço-me enquanto apanho os 3450 carrinhos que entretanto os rapazes (mais o Manu) já atirou pelo chão
17. são quase oito e meia
18. pego nos filhos, nas marmitas, no ovo com a Teresinha, na minha carteira e saímos de casa
19. demoramos uns 10 minutos até ao carro porque o Manu quer dizer olá a todas as pessoas, animais, carros e folhas do chão
20. vou buscar as minhas sobrinhas, meto tudo no carro mais a minha cunhada e vamos para o colégio
21. no caminho, prometo palmadas 2093 vezes, ouço a palavra "Mamããã" 957390276 vezes, tento ouvir "o homem que mordeu o cão" sem sucesso e dou um biberão à Teresa no trânsito do eixo Norte-Sul
22. chegamos ao colégio, tiramos tudo de dentro do carro, deixo cada um na sua sala com as respectivas mochilas ou marmitas e os respectivos beijinhos
23. ainda tenho tempo de tomar café antes de rumar a Oeiras onde vou, efectivamente, descansar
24. chego ao trabalho perto das 10 com a sensação que o dia já começou há muuuuuito tempo.

08/10/2014

Adivinha.

Ontem tive reunião de pais do António. Foi a sua penúltima reunião, uma vez que para o ano já vai para a primária. O grupo de pais tem criado alguns laços: além, destas reuniões vamos às festas de anos dos miúdos, cruzamo-nos no colégio, vamos conversando... Afinal, foram 4 anos!
Na reunião, a educadora mostrou um pequeno filme que fez com os garotos e explicou: levou-os para outra sala, individualmente, perguntou-lhes o que mais gostavam da escola e filmou as respostas. Todos disseram que gostavam de trabalhar, de brincar, gostavam dos amigos. Uns gostavam mais dos jogos sociais, outros dos jogos de mesa ou da biblioteca. Poucos falaram das actividades extra-curriculares. Um olhou para a câmara e disse:

- Gosto de ti. Gosto dos teus miminhos.

Adivinhem quem foi?

(E depois querem que eu não chore nas reuniões??!!??)

04/10/2014

Maçã.

O meu filho Manuel deixou de ser o monstro das bolachas para ser o monstro da maçã. Isto não tem nada a ver com a Apple, senhores, apesar desta Mãe ser muito muito fã da marca (seita, diria o meu marido). Continuando... É raro o Manuel pedir bolachas agora, porque descobriu as maravilhas da fruta. Ele é melão, uvas, pêras, bananas, mangas, ameixas, melancia, isto durante o verão todo. Agora, que a fruta vai desaparecendo, ficam as maçãs e é vê-lo o dia todo a come-las (neste momento, ainda não é meio dia, já está a acabar a segunda).
Não estou a queixa-me, atenção!! Não engordam a criança, não deixam migalhas pela casa toda, dá-lhe mais trabalho a mastigar (dou com casca) e não estraga os dentes. Só vantagens!

Esperamos dele um futuro Steve Jobs, portanto.


01/10/2014

Serviço Público #9

Cansei. Estou farta. Chega. Fim. Stop.
Alguém tem de enfrentar esta situação de frente de não podemos adiar mais.

Malta, quando cantam o Hino de Portugal, parem de dizer que são os avós que HÃO-DE guiar-te à vitória. Está errado!! É a voz que HÁ-DE guiar-te à vitória. Vá, a sério: pensem lá um bocadinho: acham mesmo que eram os avós? Vá, aprendam lá bem a letra, ensinem aos vossos filhos, corrijam nas manifs, o 5 de Outubro está aí a chegar. Por favor...

Até o meu filho de cinco anos já sabe!

29/09/2014

Na alcofa (edição extra).

A escolha da foto da alcofa deste mês foi difícil. Consegui tirar a foto que queria da princesa da casa. Mas depois tivemos um pequeno invasor, já no final da sessão de fotos e eu não consegui resistir. Ainda pensei em colocar uma foto dos dois, tal como aconteceu na alcofa do Manu pelos 7 meses. O problema é que não consegui escolher apenas uma. O que tinha piada era mesmo a sequência de fotos, as expressões, os carinhos, os sorrisos.
Ter irmãos é muito bom. Ter filhos é ainda melhor. Poder dar irmãos aos filhos... bom, isso é fantástico!



27/09/2014

Na alcofa.




Cinco meses. Dois dentes. Já come sopa e fruta: deu luta, mas conseguimos! É uma curiosa, atenta a tudo o que a rodeia, não perde nada. Uma risonha, até para quem não conhece. Já vai começar a escola na segunda feira, o que deixa esta Mãe em pequenos sobressaltos. Pequenos mesmo, que isto ao terceiro filho já não dói tanto.
Continua linda de morrer: aqueles olhos cinzentos a olhar para mim, cada vez que precisa de conforto. Caracóis ruivos e rebeldes, pele branca e suave. Uma princesa. 
A pequena princesa Teresa.

24/09/2014

Sem título


Esta foto veio parar-me às mãos. Não sei quando foi tirada, não vi, não assisti ao momento, não conheço o contexto. Mas já é uma das fotos da minha vida.
Quando falo de Família aos meus filhos, quando lhes explico que os irmãos são os melhores amigos, quando ensino que as primas são irmãs que vivem noutra casa, quando lhes mostro que podem andar às turras desde que se respeitem, é isto que eu vejo. Tudo isto está nesta fotografia.
Quem não sabe, este é o meu irmão com o meu filho do meio. É aquela pessoa com quem eu mais impliquei na minha vida com o meu filho rebelde que passa muito tempo a implicar com o irmão. 
Não sei se é a cumplicidade, se a paz, se a confiança que sentem um com o outro. Talvez os sorrisos e as palavras que lhes adivinho. Quando esta foto foi tirada, estávamos num encontro de família com cerca de 60 pessoas. Tiramos várias fotografias ao grupo. Mas se me pedissem para escolher a foto que representa a Família, esta seria a foto.

23/09/2014

Momento emotivo do dia III:

Chegamos à escola mais tarde que o habitual. Entramos e, como de costume, atiramos um bom dia para o escritório que fica mesmo na entrada. Começamos a subir as escadas, olhamos para cima e estão os amigos todos dele lá em cima. Começam a cantar os parabéns, com a Educadora. Paramos com a surpresa. Olho para ele que não sabe muito bem como reagir. Só me apetece chorar e não consigo evitar uma lágrima. 

(Durante aquele minuto, olho para todos aqueles miúdos que conheço desde que têm um ano. Como cresceram. Como cresceu o meu bebé que não gosta de dormir.)

Momento emotivo do dia II:

De manhã, fui buscá-lo e levei-o para a nossa cama. Ficamos os três num abraço bem apertado e cantamos os parabéns. Ele ria baixinho, esfregava os olhos e, de vez em quando, soltava gritinhos nervosos. "Queres os teus presentes?", perguntei. "Sim!". E fui buscar três embrulhos: "este é da Teresinha, este é do Manu e este é dos Papás", expliquei. "Oh, e eu não tenho nenhum??".

Momento emotivo do dia I:

Já passava da meia noite, fui espreita-lo. Adoro vê-lo a dormir, sentir a respiração calma, o corpo quente, o ar sereno. Sussurrei "parabéns, António" e ele nem se mexeu. Voltei para a sala onde o J via um filme, sentei-me no colo dele: "o nosso bebé já tem cinco anos". E desabei.
Ali ficamos um bom bocado a lembrar aquele dia, há cinco anos, e como a nossa vida mudou. 

O amor é um lugar estranho, dizem. Eu concordo: mas é o meu lugar preferido.

22/09/2014

Carta ao meu filho que ainda não sabe ler.

Não sei se algum dia vais ler isto, António, mas hoje escrevo para ti. Hoje, que fazes cinco anos (inteirinhos!!). Hoje, que faz cinco anos que sou Mãe. Hoje, que faz anos que me mudaste para sempre. 
És um menino muito especial, sabes? Podes pensar que eu digo isto só porque sou tua Mãe. Provavelmente, terás razão. Mas para mim, tu serás sempre o melhor filho, o melhor irmão, o melhor neto, o melhor sobrinho e, mais recentemente, o melhor primo. Gosto de te ver brincar com o mano. Gosto que gostes de fazer rir os teus irmãos: as tuas palhaçadas, as tuas músicas, os teus mimos. Gosto do teu carinho com as primas, o cuidado e preocupação com elas. O que eu gosto mesmo é que vejas a Família como uma Família e que lhe percebas a importância. E eu sei que nessa cabeça (tantas vezes muito distraída) tu percebes quão importante ela é.
Gosto de te ver brincar sozinho. Gosto das histórias que inventas, de te ver no teu mundo de Faíscas e Jakes, gosto que faças de um chinelo o navio pirata, gosto de faças um quadrado de molas e lhe chames de "minha casinha". Gosto que vibres com o futebol (tinhas mesmo de ser do Benfica????), gosto quando vês jogos e discutes com os jogadores que não marcam golo, gosto das tuas dicas ("chuta daí!!"), gosto de te ver a roer as unhas com os nervos.
Há algumas coisas que eu não gosto, António, mas essas agora não importam para nada porque hoje é o teu dia. E neste dia, vais fazer as coisas que mais gostas: vais à escola e vais ao futebol. E vais ser o campeão. Porque ser campeão não é só marcar golos e festeja-los com os outros meninos da tua equipa. Ser campeão é ser o menino que és: aquele que faz massagens à Mamã quando a vê com dores, aquele que dá o brinquedo preferido ao mano, aquele que chora com saudades das pedrinhas que guardou nas férias, mas também aquele que tem coragem de subir à grua do Tibidabo, aquele que come strogonoff duas vezes, aquele que ensina o Pai a jogar Angry Birds.
Parabéns, António. Estes cinco anos fizeram de mim uma pessoa rica. Tu foste o meu primeiro tesouro.

20/09/2014

Kindle

O que é que fomos mesmo fazer a Barcelona? Desde que a Amazon.uk passou a cobrar gastos de envio para Portugal, as minhas compras têm sido feitas na Amazon.es. Esta foi a última e fomos lá busca-la:



E como estou contente!

19/09/2014

Férias 2014 ou Endless Summer - notas soltas

- O Manu ficou sem sapatos a meio das férias: todos os que tinha levado deixaram de servir e eu recusei-me (ainda que por uns dias) a gastar dinheiro nuns novos que iria usar tão pouco tempo. Rendi-me à evidência que o miúdo já não para quieto e que as férias não foram passadas em exclusivo na praia, e descobri uns chinelos por 7€, que comprei no Algarve. Ele andou 90% do tempo descalço. Chorei-os como se fossem 70.


- O António, sempre que chegava à praia perguntava pelo creme de assoar. Só ao terceiro dia é percebemos que era o creme solar.

- Numa brincadeira em casa, a cabeça do António teve um encontro imediato de terceiro grau com a esquina da mesa de cabeceira. Teve sangue e tudo. Partir a cabeça em Barcelona traz algum charme, certo?

- A Teresa adorou andar mais de um mês de colo em colo, de passeio em passeio, de viagem em viagem. Desde que chegamos, está mais rabugenta, mais chorona e mais chata.

- O António pensou que eram as gaivotas que arrumavam a bandeira e que "fechavam" a praia.

- O Manu fala imenso, repete tudo, compreende tudo, faz recados simples (pôr a fralda no lixo, dar a chuchinha à Teresa). Deixou de ser o bebézão e está sempre a chamar o irmão para brincar: "Nóni!!"

- O António roi as unhas. 

- No Algarve, os miúdos passaram uma semana na rua: praticamente só entravam em casa para dormir.

- O Manu, destemido, adora a piscina e já pensava que, finalmente, tinha um filho que me acompanhava dentro de água. Até que caiu na piscina. Pronto, Teresinha, és tu que vais ser a minha salvação...

- Nestas férias, cada um de nós dormiu em 6 camas diferentes.

18/09/2014

Férias 2014 ou Endless Summer - semana 5

O meu marido só tem férias em Agosto. E Agosto é o mês da confusão, é o mês mais caro, é o melhor mês para se trabalhar. Detesto tirar férias em Agosto. Acabamos por ficar sempre entre Lisboa e o Porto e pouco mais.

Este ano, tivemos um bebé. E a licença de paternidade veio alargar as férias da família para o meu mês preferido: Setembro. Partimos rumo ao Algarve. Cabanas de Tavira. Parque de campismo. Bungalow. (Ah! pensavam que eu era menina para dormir no chão e tomar banho em cabines públicas? NOT!)



Foi uma semana muito boa. Perfeita, só mesmo se o vento abrandasse e nos deixasse ir à praia de tarde. Ainda assim, conseguíamos ir de manhã e de tarde ficávamos na piscina do parque que estava mais abrigada. 


Os miúdos cresceram tanto, nessa semana: iam ao parque infantil sozinhos, arranjaram amigos, tiveram a liberdade que quiseram e que precisavam. Principalmente, o António. Foi uma semana muito boa, mesmo. Já está reservado o mesmo bungalow para 2015!! 



(Estão a contar? Cinco semanas, sexta cama.)

17/09/2014

Férias 2014 ou Endless Summer - semana 4

Foi a semana da Costa da Caparica.

Esta semana não foi muito emocionante: íamos à praia de manhã até às 11, voltávamos para almoçar, dormir a sesta (o Manu) e adiantar o jantar (eu), voltávamos para a praia pelas 17 até às 19.30, voltávamos para casa, banhos, jantares, xixi, cama.

No primeiro dia, levamos a Teresa: passou a manhã a dormir. À tarde, estava tanto vento que ela não saiu do ovinho e mesmo assim, quando mais tarde a despi para tomar banho, ela tinha areia dentro da fralda. Den-tro!! A partir daí, passei a ir com os rapazes para a praia e o J ficava com ela em casa: assim como assim, ele não é fã de praia, eu não consigo ficar em casa e a Teresa não pode apanhar sol.

Foi a primeira vez que fiquei na Costa. Nunca tinha feito mais do que umas horas de praia e, há muitos anos, uma passagem de ano. Fiquei bem impressionada com as pessoas, a gentileza, a simpatia, a entre-ajuda que fui reparando: são diferentes as pessoas que vivem ali (ou que ali passam o verão) das que vão só à praia. Fez-me lembrar as férias que eu passava em Sesimbra, todos os anos encontrávamos as mesmas famílias, as mesmas pessoas nos mesmo sítios na praia, a mesma senhora do supermercado.

(Quatro semanas, quinta cama)

16/09/2014

Férias 2014 ou Endless Summer - semana 3

A viagem estava marcada desde 26 de julho.

Para quem não sabe, eu tenho uma parte do meu coração em Barcelona. Por duas razões: uma porque é a cidade que me apaixona e que me fazia deixar Lisboa sem pensar duas vezes; outra, porque é lá que vive (quase há 10 anos) a minha prima-irmã-amiga-maior-que-a-vida, a P.. Se mais razões fossem precisas, eu já não ia a Barcelona desde a minha lua-de-mel e estava a morrer de saudades da cidade.

Em julho, no final de um almoço com a família de coração, em que eu e a P. estivemos juntas mas que não chegou para os mimos que precisava (ela também teve uma bebé este ano e eu ainda não tinha beijado aquelas mega-bochechas as vezes suficientes), perguntei ao meu J, muito chorosa, "e agora, quando é que as vejo outra vez?". "Mas vocês passam os dias a conversar no viber!!", "não é a mesma coisa...","então, vamos em agosto!" E o meu rosto iluminou.

Fizemos contas à vida, às horas de viagem, à revisão do carro, e no dia 16, pouco faltava para a uma da manhã, fizemo-nos à estrada. Fizemos, praticamente, metade da viagem de noite com os miúdos a dormir (e eu também). A segunda metade foi dura, não pelos mais pequenos, mas pelo António que já está mais difícil de distrair. Jogamos o jogo das rimas, do "eu estou a ver", das adivinhas, dos números, das matrículas, paramos de duas em duas horas, comemos farnel que trazíamos de casa e só chegamos ao destino no final do dia. Mas valeu a pena, oh se valeu!



Visitar uma cidade com crianças é toda uma nova experiência: fiquei a conhecer todos os parques infantis da Horta até Gràcia! Mas também conseguimos ir às Ramblas, a Barceloneta, molhar o pé no Mediterrâneo e ao Tibidabo (para nós, ir a Barcelona sem ir ao Tibidabo é como ir a Roma sem ver o Papa), onde andamos várias vezes nas diversões à pala de uma família de emiratis que nos deram umas 12 senhas de entrada. Roda gigante, avião, grua e carrossel: tivemos direito a tudo!

A roda gigante

O avião que saía fora da montanha

A roda gigante vista da grua: era mesmo muito alto!

No regresso, fizemos ao contrário: saímos de manhã e chegamos a Lisboa de madrugada. Mas claro que a viagem de volta foi mais cansativa, mais longa e mais chata: a motivação não era a mesma. 

Nesta altura, em três semanas de férias, cada um de nós já tinha dormido em quatro camas diferentes. Ainda as férias iam a meio...

15/09/2014

Férias 2014 ou Endless Summer - semana 2

Na verdade, de "summer" estas férias não tiveram muito. Tivemos azar com o tempo, o vento perseguiu-nos, não senti aquele calor abrasador que gosto e que me faz vibrar.

Na segunda semana das férias, os miúdos voltaram à escola. Com cinco pessoas num t2, tivemos que fazer umas mudanças para nos encaixarmos sem ter de saltar por cima de móveis. Assim, trocamos de quarto: os miúdos ficaram com o quarto grande e nós mudamos-nos para o pequeno. Com a ajuda preciosa da minha sogra, montamos um beliche, melhoramos o espaço, destralhamos um bocadinho, mudamos a decoração (deixamos o mundo azul, porque agora há uma menina no quarto). Foi uma semana de "Querido, muda aí a casa que eu tomo conta dos filhos".


O mais engraçado foi ver a reacção dos rapazes, que só viram o trabalho final. O António ainda vê coisas novas todos os dias, "oh Mamã, ainda não tinha visto isto!", o Manu anda todo entusiasmado com tantas coisas para explorar (e desarrumar, o patifezinho) e a Teresinha já dorme no quarto com eles. 

Confesso que a minha parte preferida foi ir ao Ikea com a lista de compras. Senti-me uma verdadeira designer de interiores. Mas quisemos fazer tudo em pouco tempo, porque tínhamos algo em mente há já algum tempo... Mas sobre isso, escrevo amanhã!

11/09/2014

Na alcofa.




(Perdoem-me o atraso, por favor.)
Está comprida, pesada, com cara de princesa. É super mimada, reclama colo (e com razão, coitada, que tem dois manos que chamam muuuuito a atenção). Já dorme no quarto dos manos, dorme noites inteiras, baba muito. Já passa mais tempo acordada, dá gritinhos porque descobriu a voz, passa longos minutos a brincar com os pés e com as mãos. Tudo o que apanha, leva à boca, mas de uma maneira tão trôpega que nos faz rir.
Depois destas férias, posso dizer que esta miúda é uma resistente. Mas sobre isto, falarei noutros posts.

10/08/2014

Primeira semana de férias cheia:

Teve viagem pela nacional. Teve a Bohemian Rapsody (versão Marretas) ouvida em loop umas mil vezes, teve passeio pelo Rio Douro, teve visitas ao Norteshopping, teve visitas à família, teve Bom Jesus de Braga, teve parques infantis, teve carrossel, teve farturas e gelados, teve francesinhas e Serralves, teve patos no Parque da Pasteleira, teve birras e gargalhadas, teve Ílhavo e Ovar, teve mimos e saudades, teve torcicolos e dores, teve massagens e mimos. 

O Manu já não anda: corre. Sente-se cada vez mais seguro e autónomo (e como ele gosta de ser autónomo) e refila cada vez que as coisas não correm como ele quer e, quando isso acontece, berra e guincha como ninguém. Canta e dança a toda a hora, come bolachas a toda a hora, quer comer a sopa sozinho, alinha em tudo. Já diz imensas coisas, mas a mais gira é quando chama a Avó: "Paula!!", assim com todas as letras e tudo. 

O António continua na fase do "não quero": dormir, comer, sair do parque, sair de casa, viajar. Só pensa em futebol, respira futebol, pede para ver futebol na TV, todo o mundo dele gira à volta do futebol. Olha para o mundo com aqueles olhos de 4 anos (quase 5) e diz coisas giríssimas (podemos ter um peixe? quando formos de férias, deixamos o peixe no oceanário para lhe darem comida!!).

A próxima semana vai ser de obras, depois voltamos à estrada. 

Boas férias!!

04/08/2014

De férias.

Este blogue vai ficar meio parado no próximo mês. Fomos de férias e fomos mais ou menos assim.


Boas férias!

29/07/2014

Na alcofa.



3 meses. 6kg e pouco. Percentil 85 de comprimento e 50 de peso: uma top model, portanto. De ar frágil e doce, finalmente aprendeu a chorar. Já passa mais tempo acordada, já faz sorrisos abertos (com uma covinha amorosa na bochecha direita) e adora os manos. O António está apaixonado e o Manu quer brincar com ela: de vez em quando lá leva com um livro na cabeça ou um pato na barriga. Já tem horários mais definidos e tem dormido noites inteiras. Por acaso, hoje estive a arrumar a roupa que já não lhe serve: tanta mas tanta roupa! As gavetas ficaram praticamente vazias. 

P.S. Fiquei com um dilema enorme: guardo a roupa de recém (há prá menina e pró menino) ou dou a quem precisa? Guardo ou não guardo? Guardo ou não guardo? Nunca se sabe o dia de amanhã!! 

27/07/2014

Frida Khalo

Todos os dias penso na Frida Khalo. Todos, desde que acordo (principalmente quando acordo) até ir para a cama. Ela teve um acidente grave em miúda que a levou a ter muitos problemas de coluna (e não só), teve que ser várias vezes operada, passou meses na cama, enfim... uma vida de sofrimento. 
Eu olho para os quadros dela e sinto-lhe as dores.

Eu vivo diariamente com dores. Não serão, com certeza, tão fortes como as da Frida Khalo, nem tão graves. Mas são diárias, constantes e acompanham-me há anos. Lembro-me de ter dores nos ossos, ainda muito pequena, principalmente no verão quando o calor aperta e queremos dormir destapados. Lembro-me do meu Pai dizer-me que eram dores de crescimento. Entretanto, cresci tudo e as dores continuam. Estas, as de crescimento, as dores nos ossos, eu já sei evitar. O problema agora são as outras: as das costas, aquelas que pioram enquanto durmo, aquelas que me levam às urgências de vez em quando, aquelas que me fazem fechar na casa de banho para os meus filhos não me verem chorar.

Todos os dias penso na Frida Khalo e sinto-lhe as dores. E penso também para que me serve ter filhos que dormem noites inteiras, se isto não me deixa dormir? 


23/07/2014

Dos dias xoxos.

Hoje, descobri o que quero ser quando for grande. E se isso é uma boa notícia para muita gente, para mim é só um motivo para ter uma lágrima no olho o dia todo, porque também percebi que é tarde demais. Sou grande demais, agora.
Já não posso ser aquilo que quero ser.

21/07/2014

O melhor presente que se pode dar a um filho é um irmão.

O Manuel nasceu em Fevereiro, o inverno foi frio e húmido, choveu quase todos os dias e passávamos muito tempo em casa. Ele foi um bebé tranquilo e passou os primeiros três meses, praticamente, a dormir. Deitava-o na almofada-ferradura e ele ali ficava o dia todo com a chucha na boca e a fralda na cara, com barulho ou sem, com visitas ou sem, com aspirador ou sem. Ainda assim, e para o confortar, punha a seu lado um boneco do António, o Kico. O boneco com que ele sempre dormiu (e ainda dorme). Sentia-o mais descansado, tranquilo.

A Teresa é uma bebé muito calma, também. Mas não tanto como o Manuel: apesar de passar o dia a dormir, passeia muito mais (aliás, é raro ficarmos em casa que eu tenho bicho carpinteiro nos sofás) e pelas nove, 10 da noite, dá-lhe o amoque. Guincha, esperneia, refila, fica toda vermelha, zangada com o mundo e comigo. O ataquito dura entre 30 a 40 minutos e depois cai redonda a dormir até de manhã. Já fiz várias tentativas para a acalmar (lembram-se disto?), umas com mais sucesso que outras. 

Hoje, para confortar o Manuel que teve um pesadelo bem na hora do ataquito da princesa, tive que a pôr na cama do António (que entretanto estava a dormir na minha cama). Aquilo demorou um bocado porque o rapaz estava inconsolável mas acabou por acalmar. Deitei-o novamente na cama dele e, quando olhei para ela, dormia profundamente enrolada nos lençóis do mano mais velho. A expressão dela era a mais serena.

Os meus mais novos já sabem que têm muita sorte porque têm o melhor irmão mais velho que alguém pode ter.

18/07/2014

Sem título.

Comprei um creme anti-celulite. Dois dias depois de o usar:

- Marido, achas que estou melhor da celulite?
- Da cel...? Claro que sim! Muito melhor! Nada a ver!!
- Oh, marido... Adoro quando me mentes!

17/07/2014

Queridos joelhos,

a malta está parada há séculos, eu sei. E quando digo parada, é mesmo parada: com a obrigação de ficar de rabo colado ao sofá a risco de parir cedo demais. E isto não aconteceu só uma vez: foram três delas! E também sei que a malta ganhou peso. O que esperavam?, que eu desistisse das gomas e das pizzas? Assim, de um dia para o outro? Já ouviram falar em desejos de grávida?
Mas pronto, os bebés já estão cá todos. Prometo-vos que não vem mais nenhum até porque quero recuperar o peso e, porque não?, o corpo de antigamente. E estava mesmo empenhada nisso, queridos joelhos, vocês sabem que estava e até se portaram muito bem naqueles 10 dias seguidos a alternar caminhada com corrida. CO-RRI-DA, ouviram?, aquilo que eu só fazia quando estava atrasada e tinha de apanhar o metro. Eu!!!, que não ando de metro vai para sete anos, iria correr para quê? Mas vocês foram uns fofos e fizeram-me acreditar que eu era capaz, ah pois fizeram. E cada dia corria mais um bocadinho. E a Teresa já estava habituada aos passeios matinais. E até eu.
Caramba, joelhos, porque é que haviam de ficar todos empenados logo agora, que eu estou tão empenhada na cena da corrida? Hein?
Já vos dei uma semana de descanso. Já podiam parar de doer, não??

14/07/2014

Quem sai aos seus...

Mostra-me o ecrã do tablet com o resultado de um jogo.

- Como é que se lê este número?
- Cento e quarenta e três.
- Isto é mais que infinitos?
- Não! Infinitos é mais que todos!
- Não é não, Mamã. Quinhentos infinitos é que é!



Private joke aqui para casa: Marido, ainda lhe vou ensinar que infinitos elevado a infinitos vezes infinitos elevado a infinitos com infinitos parêntesis é que é maior! ;)

12/07/2014

Tem mania que é artista, o puto...

Depois de uma manobra de estacionamento executada na perfeição e à primeira num daqueles lugares que se parecem com a Rua da Betesga, sendo o meu carro o Rossio*:

- Máquina!! Máááááááááááquina! Eu-sou-u-ma-má-qui-na-na-es-tra-da. Sou um espectÁÁÁÁÁÁculo!!
- Oh Mamã, mas se tu és um espectáculo, onde é que está o teu palco?


* - a modéstia é coisa que não me assiste, quando tenho um volante nas mãos.

11/07/2014

Sem título.

O passeio tinha sido rápido e curto, aquele que um domingo chuvoso de verão nos permitiu. Estávamos os cinco no carro e vemos ao fundo o sinal a mudar de vermelho para verde. Nem paramos mas reparamos que o carro da frente, que já estava parado do semáforo, continua sem se mexer. E eu, sempre sensível "e este, já morreu ou quê?" Ao passar devagar pelo carro, vemos o condutor com a mão na cabeça, tombada para a esquerda. O carro continua parado. O meu marido não acelera, continua a olhar o espelho retrovisor, o homem na mesma posição, o carro imóvel. "Ele não está bem. Aquele homem não está bem, Susana." "E agora? Vais salvá-lo?" "Agora? AGORA?? Por causa de pessoas como tu é que isto está como está! É esta sociedade em que vivemos, passamos pelas pessoas que sofrem e fingimos que não é nada connosco. Coitado do homem, a ter um AVC! Onde é que isto vai parar!" Decide encostar, desaperta o cinto e sai do carro a correr em direcção ao outro imóvel no sinal verde. Eu com os miúdos atrás "o Papá??", "porque é que paramos?", "quem era aquele senhor?" viro-me para trás e ele já está mesmo mesmo a chegar ao carro que arranca como se nada fosse. Vejo a cara do meu marido num misto de incredulidade e espanto. O carro, antes imóvel, passa agora por mim e eu olho lá para dentro. O homem não tinha morrido: estava a conduzir de perfeita saúde com a mão na cabeça, sim, porque segurava o telemóvel.

Lembram-se disto? Ainda não foi desta que o meu marido salvou alguém. 

10/07/2014

Mais uma noite normal num T2 para 5

O relógio diz que passam 13 minutos da meia noite. Finalmente, consigo ouvir o silêncio da casa. Hoje, não foi um dia particularmente cansativo, nem triste, nem especial. Foi até bastante normal. Não sei porque é que o adormecer das crianças foi tão atribulado, especialmente o da Teresa. Antes de me deitar, vou vê-las e o cenário é este:

António: destapado, agarrado ao KicoNico (que já foi) branco, com cerca de 22 carros da série Faísca McQueen à sua volta e a pequena lanterna acesa.

Manuel: destapado, pés em cima da almofada, cabeça em cima do KicoNico (ainda) azul, 4 chuchas espalhadas pela cama, fralda do ó-ó amachucada, barriga para baixo, mão direita de fora das grades, caracóis enrolados no lençol.

Teresa: chucha na boca, respiração serena, KicoNico rosa do seu lado esquerdo, fralda do ó-ó no lado direito. A cobri-la, não está o lençol Zara Home oferecida pela Avó nem a manta fofa e cheirosa acabada de lavar, mas a t-shirt que usei hoje na corrida e que ficou a cheirar a transpiração. Só assim é que ela acalmou.

09/07/2014

#3

Vai ser tão bom, não foi?

Ok, não é original, mas tem seis palavras e é uma história.

08/07/2014

Conversas

- Mamã, o que é que queres ser quando fores grande?
- Quero ser escritora.
- Escritora? Que escreve livros?
- Sim! Gostava de escrever livros para crianças.
- Então, quando eu encontrar um livro que não tem letras nem palavras, eu dou-te para tu escreveres. Está bem?

07/07/2014

Sem título.

Há uns tempos, o meu marido chegou a casa com um ar preocupado. Quando isto acontece, a primeira coisa que eu pergunto é "o carro ficou muito partido?". E ele que não, não teve nada que ver com o carro mas com um cão com bom aspecto que estava na porta do prédio ao lado. Eu, com a insensibilidade que me caracteriza, "e???", e ele continuava com um ar sério e grave "coitado, cheio de fome e ainda por cima está a chover, claramente foi abandonado há semanas e encontrou agora a casa e deve ter fome e o dono não o quer, o que é o jantar?" "Desculpa?? Bacalhau espiritual lá é comida de cão? Já agora leva umas gambas alijo para ele saber o que é bom! Era o que faltava ter trabalho de cozinhar e dar a um cão. Deve estar à espera do dono." "Achas? À chuva? Nenhum dono deixa o cão à chuva. Foi abandonado e está faminto, pobre do cão que se não fosse a minha asma já estava cá em casa. A que horas fecha o Pingo Doce?" "Já fechou a esta hora, e agora eu até já me apeguei ao raio do cão, porque é que não vais à bomba de gasolina e compras aquelas latas de comida para cão, pelo menos o pobrezinho sobrevive à noite. Amanhã logo vemos que fazer dele." E lá foi ele, com uma garrafa de água numa mão e dois tupperwares vazios na outra (um para a comida e outro para a água) a caminho da bomba. 
Chegou meia hora mais tarde com a garrafa de água, os tupperwares, a lata por abrir e um ar ainda mais miserável. "Quando estava a chegar encontrei a D. Maria (a senhora que faz a limpeza dos prédios aqui da rua) que me explicou que este cão é do vizinho do prédio de baixo, que apaixonou-se pela cadela do prédio de cima e como ela está com o cio não sai da porta à espera dela. Não tem fome, não foi abandonado, não está infeliz. Só carente."

Desde esse dia, tenho uma lata de comida marca Pedigree à espera que um canídeo abandonado mexa com o coração do meu marido novamente.

04/07/2014

Depois disto digam-me com sinceridade: de zero a 10, quão chanfrada é esta cabeça?

Odeio comer. Acho uma perda de tempo, sou esquisita, detesto provar coisas, não gosto de legumes. Por tudo isto, detesto cozinhar: aborrece-me, faço-o por obrigação, diariamente. Faço sempre as mesmas coisas, não sei conjugar sabores, sigo receitas para tudo. Não tenho imaginação para variar nos pratos e nos sabores. A Bimby é a minha melhor amiga, bem como o livro base (nem sequer arrisco nos outros livros, e tenho quase todos).
Adoro ver programas de culinária e desde que tenho tv por cabo, o meu canal preferido é o 24 Kitchen. Gosto daquela Filipa Qualquer-Coisa, sou fã do Jamie Oliver, até gosto de ver aquele padeiro holandês na sua língua arranhada.
Ultimamente, dou por mim a cozinhar como se tivesse uma câmara de filmar à frente e a apresentar um programa de culinária. Explico em voz alta o que estou a fazer, faço comentários como "hum!, adoro o cheiro do gengibre acabado de cortar" ou "basta pôr uma colher de sopa de mel para apurar todos os sentidos" ou ainda "estão a ver a explosão de cores desta salada?".
Desta maneira, em vez de o fazer com sacrifício, faço-o com algum prazer. 

03/07/2014

É agora ou nunca.

Na verdade, já começou há uns dias. Mas eu não gosto de publicitar estas coisas porque os planos podem sair furados e fico a sentir-me uma fraude. Além disso, hoje em dia toda a gente fala no mesmo e eu não sou pessoa de gostar de fazer parte da carneirada. No entanto, a motivação tem de vir de algum sítio e eu não a tenho encontrado. Escrever sobre isto pode servir para motivar-me ou, pelo menos, para lembrar-me dos objectivos. (Isto e um caixote de roupa 36 que tenho ali na arrecadação.)
Na primeira gravidez, ganhei 7kg. Ao fim de 15 dias já tinha recuperado praticamente todo o peso, excepto 2kg. Na sequência de uma gravidez de risco, e porque estive deitada durante três meses, os músculos tornaram-se preguiçosos e moles, a celulite ficou mais funda e o corpo mais lento.
Na segunda gravidez, ganhei 9kg. Ao fim de 20 dias perdi-os todos, excepto dois. Estava pronta para recuperar a forma rapidamente e levei os ténis de correr para as férias. Até que soube que estava grávida... outra vez.
Na terceira gravidez, ganhei novamente 9kg. Quando a Teresa fez um mês, já tinha perdido sete. Até hoje. Faltam dois. Outra vez aqueles dois teimosos quilos que ganharam tanto carinho por mim que não vão embora. Noves fora, nada: tenho 6kg para perder. E, mais que isso, tenho muito abdominal para tonificar, muito glúteo para queimar e muita celulite para destruir.
Entre os 20 e os 30 anos, bastava-me fechar os olhos para perder peso. A sério: queria perder e perdia. Aquilo era tão natural como respirar: em Maio achava que 55kg era demais e em Junho já tinha 50 outra vez. Assim, sem muito esforço. E ia de férias com os calções 34 que eu adorava. A partir dos 30, a coisa começou a complicar. Aos 37 e com três filhos... é uma missão impossível.
Está nas minhas mãos mudar isto (e as dores nas costas que estes 6kg e 3 filhos, dois que não andam - não, o Manu ainda não anda!!!) representam. Tenho feito algumas caminhadas. Na última, consegui correr um bocadinho. Tenho feito uns batidos ao almoço que me saciam até meio da tarde. Ainda não consegui eliminar o açúcar, mas também não vale a pena tentar muito: a última vez que o fiz tive vontade de matar pessoas. Muitas pessoas. Já reduzi a quantidade!
O objectivo é perder estes 6kg e com eles a barriga de 3 meses. Não me imponho uma data porque não gosto de ameaças. E não se preocupem que eu não vou andar aqui a mostrar fotos de comidas saudáveis nem fotos minhas dentro daquelas calças que comprei em 1999 e que não apertam o fecho e muito menos vos vou maçar com planos de treino e de corridas.
Neste momento, o foco está na balança. E a mudança nas minhas mãos.

01/07/2014

Na alcofa.


Dois meses. O que ela cresceu! Tem imensa roupa que já não lhe serve (sorte que foi tudo emprestado), o cabelo está a ficar com caracóis (como o Manu) e mais clarinho (como o António). Continuam a dizer que ela é parecida com o Manu: cada vez acho mais diferente. Já ri com intenção, reconhece as vozes de casa, segue os movimentos. Está cada vez mais bonita, com uns olhos pestanudos e ar sereno. 
A nossa princesa já foi à praia, aos santos populares e a uma festa de família com mais de 50 pessoas. Sempre a dormir. Seeeeeempre!

Ideia daqui.

30/06/2014

Conta uma história em 6 palavras

No workshop de escrita que fiz este sábado com a Dora, ela falou de um projecto que nasceu de um desafio feito a Ernest Hemingway: contar uma história em 6 palavras. A história que ele contou foi esta:

For sale: baby shoes, never worn.

O desafio foi-nos feito durante o workshop. Estando nós na Lx Factory, em baixo da ponte e com o sol a aquecer o dia, a minha história só podia ser sobre as férias:

Passo a ponte. Voltarei mais morena.

Claro que não tem o drama e o peso de uma história à Hemingway, mas foi o que se conseguiu arranjar em 3 minutos. Quando cheguei a casa, pus-me a ler sobre o desafio e encontrei imensas coisas giras e tenho passado os dias a pensar em novas histórias. Vou tentar encontrar novas histórias para partilhar convosco mas, ao mesmo tempo, lanço-vos o desafio: partilham as vossas histórias comigo?

20/06/2014

O assunto difícil.

- Mamããããã?
- Sim?
- Eu não quero morrer! - voltou a conversa da morte. Assim. Sem aviso nem prefácio.
- Sabes, António, vamos todos morrer! Mas só morremos quando formos muito velhinhos.
- A Dadá* é velhinha. Ela vai morrer?
- Vai. Mas ela não é velhinha. Só é mais crescida.

(silêncio)

- Mamããããã?
- Siiiiim?
- O que é que acontece quando as pessoas morrem?
- Elas param de respirar, o coração pára de bater...
- E depois?
- Então, depois... deeeeeeepooooooiiiiiiiis...
- Elas vão para as nuvens?
- Isso: vão para as nuvens!

(silêncio)

- Mamããããã?
- SIM!!
- Quando as pessoas morrerem todas, o planeta Terra fica vazio?




* O nome que ele deu à Avó materna e que agora também é usado por todos os outros netos.

19/06/2014

O lado obscuro do FB.

Eu gosto do facebook. Tem coisas giras, larachas da malta, já me ajudou a reencontrar muitos amigos (alguns que não via há 20 anos), deixa perto de nós quem está longe, mostramos à família a evolução dos miúdos, que eles não podem acompanhar por causa da distância, aprendemos, trocamos experiências, temos ideias para o jantar, para fazer móveis, para arrumar o quarto dos putos, sei lá! É uma infinidade de informação que nos ajuda a gerir a vida/familia/amigos, desde que não se torne uma obsessão e se saiba ter uma vida para além da cronologia (porque ela existe, apesar de algumas pessoas que eu cá sei ainda não terem percebido).
Mas (há sempre um mas, certo?) com o facebook também nos chega outro tipo de informação e imagens que impressionam e doem e magoam e das quais não podemos fugir. Um delas foi uma fotografia do mundial no Brasil, onde se vê umas largas dezenas de adeptos, de um país qualquer que eu não consegui fixar, que passam por um caixote do lixo. Dentro desse caixote vê-se uma mulher (nova? velha? não se sabe) à procura de comida. 
Se isto foi ficção ou montagem, não sei. Mas é uma coisa que me deixa inquieta e com a qual eu não sei lidar. 
Hei-de aprender. Ou não.

16/06/2014

Nova cara.

O que eu queria mesmo é ter jeito para estas coisas, mas até não me saí mal: a Casca mudou de aspecto e livrado-nos daquele amarelo do passado. 
Acho que está mais clean, mas prometo que em breve a foto é actualizada. 
Espero que gostem!!

12/06/2014

Mamã, não leias isto:

O difícil não é mudar fraldas de hora a hora.
O desafio está em escrever o post anterior sem a palavra merda lá no meio!

A vida perfeita.

Cansei-me de ler bloggers com vidas perfeitas e férias perfeitas e filhos perfeitos passados a ferro e penteados 24 horas por dia. Cansei-me por pura inveja, claro! Não tenho orçamento para passar um fim de semana fora por ano, quanto mais um por mês (ou todos!). E aqueles dois dias que escolhemos para passar fora até porque vão estar 38º à sombra e temos à disposição (e à borla) uma casa com piscina e vista de rio de fazer inveja a muitas bloggers tranco-chiques, 66% dos filhos arranjam uma diarreia de mudar fralda de hora a hora com direito a quatro mudas de roupa por dia, cocó líquido a pingar pela casa e muita nalga assada e empastada em ZN40.

Decisão do mês: apagar bloggers fofis do feed.

27/05/2014

Na alcofa.

A Teresa faz hoje um mês mas parece que sempre esteve cá. Faz parte das nossas rotinas, do nosso dia-a-dia, da nossa Família!! Já não fazemos nada sem a incluir e até os rapazes agem como se ela já estivesse cá há meses!
30 dias... Bolas! 
Não dorme tanto como o Manuel, mas passa grande parte do dia a dormir. Mesmo com os manos aos berros ela dorme profundamente. Já o mesmo não se pode falar das noites. Pelas 9-10 da noite, hora em que os anões já estão a dormir, a cozinha está arrumada, a casa (mais ou menos) orientada e eu com a mega pedrada de sono, Miss T decide ter ataques de qualquer-coisa-que-eu-não-sei-identificar e abre a goela. Eu já lhe percebi a manha e sei que ela se cala no colo. Se podia sentar-me com ela ao colo e dormir? Claro que podia (eu não sou nada adepta do método Estivill e acredito que os bebés precisam de colo e de calor e de contacto humano e do cheiro e do quentinho da Mãe/Pai para crescerem felizes e seguros). Podia deitar-me com ela na cama para dormirmos as duas agarradinhas? Podia, mas não era a mesma coisa! Miss T quer colo, sim, mas de pé. Só se cala quando a pego ao colo e ando a passarinhar pela casa. Mal me sento ou deito, tumbas: choro e guinchinhos e coisas que eu não percebo. 
Agora é a parte que me apetece gritar e perguntar como ficam as minhas costas nesta história toda e que começaria a queixar-me da privação do sono com a qual não sei lidar, mas exerço sobre mim o poder da censura e deixo esse tema para outras marés.

Ideia daqui.

26/05/2014

Sobre nada.

Desde que a Teresa nasceu, hoje foi o primeiro dia que fui levar os rapazes à escola e não tive com quem deixar a pequena princesa. Ou seja, de manhã tive que me arranjar, vestir os rapazes, vestir a Teresa, dar-lhe um biberão, sair com um no colo e outra no ovinho (já disse que o Manu ainda não anda??), pôr tudo no carro e ainda ir buscar a minha sobrinha e leva-la connosco, porque anda na mesma escola. Não correu mal, se não tivermos em conta o atraso de meia hora dos putos, que quando chegaram já as reuniões de início de dia/semana tinham acabado.
Mas não é disto que quero falar: é engraçado levar quatro putos dentro do carro, com berros, birras e músicas pelo meio, mas este não é o tema.
O que se passou é que, depois de os deixar na escola, fui com a Teresa ao Continente fazer umas compras (coisa pouca) que me esqueci de pôr na lista do fim de semana. Como sempre, passei no corredor dos artigos de escritório e quem me conhece sabe que adoro olhar para canetas, lapiseiras e que me pelo por um caderno de capa rija com bonecada engraçada na capa. Claro que me apaixonei por um destes cadernos, de linhas, capa castanha a imitar uma claquete de cinema, giro giro. E pus logo no cesto e comecei, toda empolgada, a fazer planos sobre o que ia escrever: um diário da Teresa?, um diário dos filhos todos?, projectos e ideias?, ou receitas?, ou o sonho da minha vida: histórias para crianças?
Agora que cheguei a casa, apercebo-me que não escrevo no blog há quase um mês, os meses de Abril e Maio foram os menos produtivos da Casca, e que entre fraldas, sopas, banhos, colos e os quilos de roupa e de brinquedos que brotam na minha casa, pouco tempo me sobra para dormir, quanto mais para escrever. 
E tenho vontade de chorar os 3,99€ que dei pelo raio do caderno, rajparta este impulso consumista.

Deve ser do pós parto...

07/05/2014

Na alcofa da Teresa

Lembram-se do desafio da alcofa do Manuel? Hoje começa o novo desafio da alcofa da Teresa.
Espero que gostem tanto como o anterior.


A ideia veio daqui, lembram-se?

05/05/2014

O regresso agridoce.

O regresso a casa não foi feliz. 
O Manu ficou com varicela poucos dias antes do parto e depois de eu dar entrada no hospital, ele ficou com a minha Mãe. Acabou por ficar quase uma semana, porque foram vários surtos e quando pensávamos que as lesões já estavam secas, apareciam novas. 
A primeira noite, bem como as outras, foram pacíficas. Mas faltava uma peça no puzzle e isso partia-me o coração. No hospital, a pediatra explicou-me que até pela roupa podia contagiar alguém. Os recém nascidos estariam imunes pela amamentação. Mas isso era preciso que eu amamentasse... Acabei por ir vê-lo apenas duas vezes porque as saudades eram fortes demais, e quando chegava a casa tirava toda a roupa, lavava-me toda e a seguir ainda me esfregava com álcool. Caramba: a falta que este filho me faz!!
Ele voltou a casa no fim de semana seguinte, cheio de genica, super estimulado por uma Avó incansável, a dizer imensas palavras novas, muito mais pesado, muito mais rechonchudo e sem andar. O raio do puto ainda não anda... 
Apertei-o, beijei-o, apresentei-o à mana, mas ele só quer patos. Pronto! A cena dele é patos. Vídeos dos patinhos, música dos patinhos, jogos com patos, patos de borracha, patos patos patos. Já andamos todos fartos de patos. Mas ninguém se importa.

A Teresa chegou.

A Teresa chegou.
Demorou um segundo para me apaixonar por esta filha. Naquela noite de dia 27, depois de duas "forcinhas" ela foi-me apresentada. Comprida, fininha: uma menina! A partir daí, foi só sentir o Amor a crescer e aquela bebé já era minha. Não tive medo, não receei que os manos não a amassem da mesma maneira, não pensei nas noites que ia passar sem dormir, nem me lembrei do trabalho que ia ser um recém nascido em casa com um bebé que não anda e com outro (não tão) bebé que pergunta e pede explicações e precisa de justificações. Nada disso importava porque, senti eu e tenho cada vez mais a certeza, a Teresa veio completar esta família.

Agora sim. Tudo faz muito mais sentido.

24/04/2014

O quê????

No ano passado, julgo que foi por alturas do 1º de Maio, fomos a uma manifestação. Achamos que seria uma manifestação pacífica para levar a miudagem, num sítio arejado (fomos da Av. da República até à Alameda), com bons planos de fuga no caso daquilo dar para o torto. Eu e a minha fobia de multidões planeamos o "passeio" ao milímetro, afinal íamos levar um bebé de meses!
Nessa altura, explicamos ao António o 25 de Abril, os cravos, os soldados, tudo numa linguagem que fosse percebida por uma criança de três anos e meio. O que ele gostou mesmo foi a música (claro!!) e rapidamente aprendeu a cantar a "Grândola, vila morena". Cantou até à exaustão.
Acabou por esquecer a música, porque entretanto foi aprendendo outras aqui ou na escola. A "Grândola" foi sendo cantada menos vezes, até que desapareceu cá de casa. 
No fim de semana passado, ofereceram ao J um cravo e o António adorou a flor. Aproveitamos para explicar, mais uma vez, o 25 de Abril, com mais pormenores na História, o cravo nas espingardas, os soldados na rua fartos de lutar, a paz e a liberdade. E veio à baila, novamente, a música. O puto a dizer que não se lembrava nada daquela canção, o Pai a insistir, e lá se passou mais um momento familiar.
Nessa noite, antes de dormir, ouvimos o António a cantarolar. Aquilo parecia familiar mas tivemos que nos aproximar para perceber melhor. Ele cantava, muito afinadinho:

- Grândila vila moleza...

01/04/2014

Mariinha

Durante muitos anos, tive uma bonequinha cor de rosa a quem chamava Mariinha e que dormia comigo todas as noites. Tenho saudades dessa bonequinha de bochechas rosadas e sorriso feliz nos lábios.

Hoje, uma nova Maria entrou na minha vida. Tem bochechas rosadas e deixou-me com um sorriso feliz nos lábios. É a minha nova Mariinha.

Bem vinda, minha linda Sobrinha. 
Luv u already.

26/03/2014

A vingança é um prato que se serve frio,

mas convém não esquecer de o servir.

Depois da pergunta de ontem, perdi a única oportunidade de vingar toda a minha adolescência ao esquecer-me de responder o seguinte:

- Podem sim, mas quero-vos em casa às 11 da noite!!

Bolas...

Mais cenas da vida familiar:

Ontem, ao início da tarde, a minha Mãe liga-me:

- Olá! Podemos ir jantar fora hoje? Os tios M. e A. estão em Lisboa e gostávamos de estar com eles. 

Esta pergunta tem uma razão de ser muito simples. Ontem, passei uma noite péssima (azia e má disposição) e o dia não foi melhor: sensação de desmaio, falta de apetite e tonturas. Nada de grave: coisas típicas das 35 semanas de gravidez. Quando estou mais atrapalhada e o J não está, a minha Mãe vai lá a casa ajudar-me no banho dos miúdos, que é a tarefa mais pesada do dia. Por isso, queria certificar-se que eu teria a ajuda necessária num dia que, ainda por cima, estava a correr mal. 

Mas não deixei de achar piada à pergunta: passei grande parte da minha vida a pedir autorização aos pais para sair. Quase nos 40, sou eu que lhes dou autorização para irem para os copos. 

"Isn't it ironic?"