13/01/2018

Até amanhã.

Estava a precisar de um dia como o de hoje.

Os últimos tempos não foram fáceis: o natal é sempre uma época complicada para mim, vivi grandes desilusões, uma perda incompreensível, o acidente da minha Avó... Tudo num espaço de tempo muito curto. Ando sem energia, irritada, revoltada. Ando cheia de frio, a dormir mal, a comer pior. 
Estava a precisar de um dia como o de hoje. Um dia só para mim. Oito horas de puro deleite e cabeça focada naquilo que me dá mais prazer: a Dança. Aulas, ensaios, treinos.

Quem me conhece bem sabe onde é a minha segunda casa. É naquela escola onde me sinto bem, onde recupero as minhas energias, onde penso positivo, onde posso fazer o que mais gosto. Mal ou bem. Melhor ou pior. Posso ser eu ou posso representar: uma bailarina elegante ou um guarda furioso. E foi aquela escola que deu origem aos meus três bens mais preciosos: os meus filhos.

Agora, sentada às escuras no meu quarto, num silêncio calmo e relaxado, pronta para dormir, sinto que exorcizei todos os desgostos dos últimos tempos. Sinto-me descansada e feliz. Sinto-me só mas completa. 
Amanhã, não sei: talvez o cinzento volte a toldar a minha vontade, talvez o brilho irradie. 
Mas hoje... hoje foi um dia branco de esperança e de paz.

Até amanhã.