30/04/2013

Sou uma chorinhas.

Cena:
Televisão ligada na Sic, no programa da Conceição Lino. Na tela vê-se o Ricardo Afonso (se não sabem quem é, googlem) a cantar e o Nuno Feist ao piano. A canção era "No teu Poema", diz a Sic, de José Luís Tinoco. Linda, a música.
Eu começo a chorar comovida. Porquê? Por causa da emoção com que esta senhora traduz o que está a ser cantado:


Acho que cheguei ao nível mais alto da choraminguice.

23/04/2013

APAQA*


O João Miguel Tavares escreveu sobre a sua alergia, por mim também partilhada, ao psicólogo Eduardo Sá. Não é tanto o que ele diz, mas a forma com diz começando logo pelo cumprimento arrastado e lânguido à  Isabel Stilwell (que também me irrita um bocadinho): "olá Isabeeel".
Mas muito mais que o Eduardo Sá, irrita-me o Quintino Aires, e isto foi percebido muito tarde. Ouvia o programa dele na Antena 3, "A Hora do Sexo" com a Raquel Bulha e até encontrava algum interesse apesar da forma implacável que ele têm de dizer certas coisas. Isto, muitas vezes originava diálogos interessantíssimos com o meu marido:
- Fofucho, amas-me?
- Claro, Fofucha.
- Não amas nada.
- Se estou a dizer que amo é porque amo. O que é que se passa?
- Ah, estás a falar comigo daquela maneira. É melhor pensarmos já no divórcio.
- Estiveste a ouvir outra vez aquele gajo psicólogo??

A minha auto-estima é demasiado baixa para ouvir este senhor por isso decidi mudar de estação quando começa o programa dele.

Quando fiquei em casa de baixa, descobri que ele frequenta o programa do Goucha de manhã, e dando-lhe o benefício da dúvida (e também porque só tenho 4 canais), ia ouvindo o que o senhor tinha para dizer. E o meu estômago ia centrifugando, centrifugando... Explodi quando ouvi a seguinte teoria deste senhor: "se os pais amam realmente os filhos, não os levam a restaurantes antes dos 12 anos". E, continua, condescendente: "a partir dos 8/9 anos, podem começar a ir para se ambientarem, mas só aos 12 é que as crianças têm maturidade para estarem à mesa". 
Ora aqui encontram-se tantos disparates que nem sei por onde começar. Se calhar, interessa dizer que nunca estudei psicologia (para além de um ou dois anos lectivos; só retive a teoria do iceberg e pouco mais), e todas as minhas teorias sobre a maternidade baseiam-se na minha curta experiência de três anos e meio.
Sempre fui almoçar/jantar fora e não é por ter filhos que vou deixar de o fazer. Vamos muito menos vezes, desde há um ano e meio, mas a culpa é do Passos Coelho, assunto sobre o qual o Quintino não opina. Quando vamos comer fora, o meu filho grande porta-se lindamente, come à mesa com os adultos (como o faz em casa), conversa (no seu antoniês quase imperceptível), escolhe o que quer comer e a sobremesa, que é sempre uma banana. Sim, às vezes levanta-se e decide ir ver as outras mesas: não me lembro de ter incomodado ninguém ou de alguém ter ficado chocado com a sua "visita". Nunca destruiu um restaurante, nunca viajou por baixo das mesas, nunca sequer partiu um copo. Tem três anos e meio. Amo-o muito. O mais novo tem dois meses: não vai comer fora tantas vezes como foi o irmão (ai troika, troika), mas já conhece a realidade, por enquanto vista de um ovinho Maxi-cosi. Amo-o muito, também.

Eu sempre fui comer fora com os meus pais, e de tão raro (porque o orçamento também era curto, não porque tínhamos menos de 12 anos) era uma festa. Era a minha Mãe a dizer "podem ver a ementa mas comem bitoque" ou "não pedem sobremesa que há fruta em casa", e nós obedecíamos! E não me lembro de ter destruído um restaurante. E os meus Pais amam-nos, tenho a certeza.
Penso que o Quintino Aires devia era fazer filhos em vez de teorizar sobre psicologia. Isso, ou tirar um curso de Gestão Bancária. Tanto faz.

* Associação de Pais Alérgicos a Quintino Aires

22/04/2013

Na eira, filha, na eira!!!!

Ao fim de duas semanas de rotina, é seguro dizer que o meu filho novo dorme 7 horas seguidas à noite. Tenho posto o gaiato na cama pelas 22.30 e ele só acorda para novo biberon pelas cinco ou seis da manhã. O mais velho, com três meses, estava a dormir a noite toda no quarto dele; este para lá caminha.
Realmente, o que mais custa nisto de ter filhos, é o primeiro mês. As hormonas estão aos pulos, ainda não conhecemos o puto que saiu de dentro de nós, estamos todos a criar rotinas e a fomentar hábitos. Não melhora quando já se tem um mais velho, ainda muito dependente. A partir do momento em que conseguimos dormir bem, várias noites seguidas, fica tudo muito mais fácil.
É quando tudo fica mais fácil com os filhos que fica mais difícil para a nossa auto-estima: esta barriga ainda não desapareceu porquê?, o cabelo começa a cair como se não houvesse amanhã, a celulite parece aumentar de dia para dia e a vontade de comer açúcar e bolos e porcarias não desaparece.

Como é que é aquele ditado? Não se pode ter sol não-sei-onde e chuva no nabal. 
Hã?

16/04/2013

Ainda a propósito

dos projectos de sala de aula, que falei aqui, aconteceu ao jantar o seguinte diálogo:

- Estás a gostar do projecto do chocolate?
- Eu não estou no projecto do chocolate, Estou no projecto dos elefantes e no das cobras.
- Ah, boa! E o que é que já sabes sobre os elefantes?
- Muitas coisas.
- São grandes ou pequenos?
- Os filhos são pequenos. As mães são... são... são mais ou menos!

Como é óbvio, errei na profissão.

Adoro ser convidada para fazer actividades no colégio do meu filho. Só não vou mais vezes porque, a verdade é esta, não tenho jeito para fazer nada: trabalhos manuais, zero; actividades físicas, zero ao quadrado; dança, eles têm; desenhos, pinturas, instalações e que tais, menos zero! Resta-me a cozinha, que mesmo sendo uma nabiça, safo-me nos bolos e doces.
No ano passado fui fazer um bolo e adorei. Desta vez, fui convocada para fazer bombons no âmbito do "projecto do chocolate" que está a decorrer na sala. Lá fui, levei barras de chocolate branco, de leite e preto, derreteu-se e enchemos couvettes de gelo com formas giras. Numas pusemos uma amêndoa, noutras misturamos dois tipos de chocolate. Simples mais simples, não há!
A verdade é que depois destas visitas (e do Dia da Mãe e do Natal e de todas as reuniões de pais), fico sempre arrependida de não ter dado ouvidos à minha Mãe e não ter seguido uma carreira no ensino. É que me sinto mesmo bem com os miúdos, adoro ouvi-los, adoro a maneira como se explicam, adoro os disparates que fazem e o caos que rapidamente aparece à sua volta. 
Foi uma manhã em cheio!

10/04/2013

Luv u, big bro!

Diz que hoje foi dia dos irmãos. Acontece que eu tenho o maior irmão de todos. E o melhor, também. Este meu irmão, calha ser ainda o melhor tio e, na isenta opinião da minha Mãe, o melhor filho. 
Não falo muito do meu irmão aqui no tasco. Agora que penso nisso, nem sei bem porquê... Sei que ele sofreu muito comigo quando era daquelas miúdas birrentas, mimadas e chatas (basicamente, a minha infância toda), e nem se zangou comigo quando eu lhe destruí o carro em dois acidentes na mesma tarde. Mas eu também sofri ao ouvir milhentas vezes que era adoptada ou que tinha sido encontrada no caixote do lixo. Pode parecer estranho, mas foi a ausência dele que nos aproximou e houve muitas alturas que a impossibilidade de lhe falar dava cabo de mim.
Somos tão diferentes em tanta coisa. Já a minha professora de Fisico-Química do 8º ano me perguntava, ao entregar-me o teste com 5%, se eu tinha a certeza que era irmã do Miguel. 
Foi com ele que aprendi a "dar sentido à viagem para sentir que sou capaz e se o meu peito diz coragem, volto a partir em paz"*. 

Orgulho-me muito do Homem que ele se tornou.


03/04/2013

Depois, vem aquele dia...

... que eu vejo, pela primeira vez, o Amor que os meus filhos têm um pelo outro. E só por isso já valeu a pena toda esta loucura.

...


Não chorava há uma semana. Estava a achar estranha a rapidez com que as hormonas tinham acalmado, desta vez. Até que uma noite destas, fui deitar o mais velho com o ritual do beijinho e do leite quente (lembro que este foi o filho que não adormecia sozinho, por mais métodos Estivill que lhe quisesse aplicar), e voltei para a sala para dar biberon ao mais novo e acabar de passar a roupa a ferro. Ouvi o mais velho cantar 20 músicas diferentes, conversar com os Faíscas MacQueen todos que parecem nascer na minha tijoleira, chamar por mim, pelo Pai, pelos Avós e por toda a gente que ele conhece, mas resisti à visita ao quarto. Deixei de o ouvir passada uma hora. Nada de novo: adormeceu.
Muito tempo depois, fui deitar-me. Entrei no meu quarto e vi o puto a dormir na minha cama, em vez de estar a dormir onde o deixei. Foi aqui que chorei.
Chorei porque nunca mais vou poder dar a este filho a atenção que ele teve durante três anos. Chorei porque o mais novo nunca vai ter a atenção que eu consegui dar ao mais velho. Chorei porque, apesar de querer evitar pôr filhos únicos no mundo, de ser apologista (e apaixonada) por famílias numerosas, tenho medo que os meus filhos não consigam ser tão felizes. Vão ter de partilhar o mesmo quarto, os mesmos brinquedos, a mesma Mãe e o mesmo Pai. 
Chorei porque tive saudades do tempo em que éramos só os dois: eu e o António. E que dormíamos os dois juntos, em conchinha, com aqueles pequenos dedos a fazerem-me cafuné.
Chorei porque tinha o Manuel ao colo e não deixei de sentir estas saudades.

02/04/2013

Das corridas.


Sou daquelas pessoas-cabeça-dura. Ou seja, se ponho uma coisa na cabeça, não descanso até conseguir. Tem sido assim com tudo, desde um par de ténis Puma cor de laranja que fui comprar a Barcelona até uma viagem ao deserto o Arizona. Desde um Beyblade de metal para o meu mais velho ganhar os torneios todos lá do colégio até andar a galope numa  praia deserta (num cavalo, claro está). Desde sempre. Até hoje.
Pois que pus na cabeça que depois do parto ia começar a correr. Eu (!!!), que sempre odiei correr, que mexer um dedo mindinho sem um objectivo concreto custa-me horrores. Eu, que já pratiquei quase todos os desportos que se podem lembrar e que me fartei ao fim de algum tempo.
Pesquisei na net os melhores planos de treino, informei-me sobre como começar, esperei a consulta de revisão do parto para me assegurar que podia correr sem mazelas para mim. Procurei as melhores dicas, a melhor música, os melhores ténis, o melhor percurso aqui na zona. E comecei.
Epá, comecei com uma pica brutal. Fui três vezes. Na terceira (há cinco dias) consegui correr 10 minutos seguidos. DEZ!! Não corria 10 minutos seguidos há uns 20 anos. E que bem que me soube.

Desde aí, há cinco dias, tenho umas dores lancinantes nos joelhos e tornozelos. Mal consigo subir e descer escadas. Queria voltar a correr, desta vez com o aquecimento correcto antes do exercício, mas as dores não passam nem sequer aliviam. E agora não me apetece viver com esta frustração, com esta barriga e com esta flacidez.

01/04/2013

Fui às compras.

Perdi a cabeça, deixei os rapazes em casa e saí para ir às compras.
No dia anterior, tinha comprado uns óculos de sol, oferta de aniversário do meu irmão. Vieram com dois meses de atraso porque ainda não tinha tido paciência para pôr-me a experimentar óculos nem para aturar os bitaites das meninas que trabalham nas ópticas. Até que fui (arrastada pela minha Mãe) ao Freeport para comprar uns botins (também presente de aniversário atrasado) e saí de lá com uns óculos.
Naquele dia, estava a dar em louca: o mais novo não parava de chorar, o mais velho não tinha escola há dois dias, e eu sozinha com os dois. Peguei em mim e Colombo comigo.
Resultado: uns botins de primavera bem baratos, umas calças cor-de-rosa (!!!), umas leggins pretas, um beyblade para o mais velho e um leitor de mp3 para ir preparando para o dia da Mãe.
Claro que já me arrependi amargamente de ter gasto aquele dinheiro e morri de remorsos por ter abandonado a minha família por duas horas. 
Mas soube tãããão bem!!!

Tanto para escrever e tão pouco método e disciplina.

Que eu era uma pessoa desorganizada, já eu sabia. Só não tinha ainda percebido que o caos era o meu nome do meio e, agora que percebi, é coisa para me deixar irritada.
Aqui há uns meses, decidi organizar-me e fazer listas. Ah, as listas. Era bom que eu as encontrasse agora, só para saber o que é que foi feito. Mas, organizada como sou, não as encontro (e era um caderno todo catita do Ikea, com uma série de coisas escritas que fui guardando ao longo das duas semanas que durou até eu o perder cá em casa).
O que eu queria mesmo dizer com isto, é que vou tentar escrever mais. Isto de ficar um mês sem actualizar o tasco é simplesmente ridículo. Como é que eu quero ter audiências, receber convites, quiçá viver disto (LOL), se isto anda parado?