31/12/2007

2007

Despeço-me deste ano sem saudades. Este não foi, de todo, um bom ano. Pelo contrário: foi um ano que começou difícil, com uma grande desilusão. Desilusão essa que levou a optar por cortes com pessoas, com referências, com Amigos. Foi um ano com decisões (deixar de fumar, voltar a dançar), com descobertas (o surf), com aproximações (do meu irmão, do Primo J.), mas também de grande solidão, de amadurecimento, de grande frustração. Foi o ano em que percebi da pior maneira que sou uma mulher adulta e percebi também que não estava preparada para isso. Não sei se este foi o pior ano mas não me lembro de um tão mau como este.
Não tenho muita vontade para festas mas estou contente por saber que vou deixar este ano para trás. E vou também tratar de o apagar do meu calendário com a maior brevidade possível.

Bom 2008 para todos.

26/12/2007

Xmas Eve

Superou todas as expectativas. Eu, que este ano comprei nada mais, nada menos que três-presentes-três, que estava sem pica nenhuma para jantares de Natal, para reuniões de família e para fretes de qualquer espécie, até achei piada à coisa.
Éramos 15, com idades compreendidas entre os 14 meses e os 82 anos, com direito a bacalhau (não era cozido com todos, mas assado com batatas a murro também não caiu nada mal), a salmão fumado, camarão cozido e outras iguarias. E um belo vinho. Tão belo que me deixou as bochechas encarnadas por algumas horas.
Houve também teatro infantil, muito parecido com aquele que fazíamos quando éramos daquela idade. Este teve banda sonora e tudo, mas as crianças de hoje já tratam a tecnologia por tu, enquanto no meu tempo ter um ZX Spectrum era um luxo que nem todos podiam ter.
Abrimos os presentes bem depois da meia noite, tal foi o convívio e a diversão da peça de teatro. Ninguém teve que adiantar os relógios para acalmar os ânimos, porque estávamos bem assim. Por alguns momentos esqueci-me de tudo: das frustrações, dos sonhos, dos desejos, das tristezas, das angústias. Porque foi Natal.
E, para mim, isto é que é o Natal.

21/12/2007

"O coveiro que o diga quantas vezes se apoiou na enxada
E o coração que o conte quantas vezes já bateu para nada."

Balada da Rita, Sérgio Godinho

08/12/2007

Ou então, não...

Sim, algo mudou. E não foi apenas o template da Casca (aproveito para avisar que com esta mudança perdi os links e só pus os que sei de cor, e por isso peço desculpa a todos os linkados que deixaram de o ser mas que podem mandar-me o link pró mail que eu reponho).
Mudei o corte de cabelo. Arrependo-me de o ter feito a cada duas horas e nos intervalos, adoro.
Mudei de óculos. Um bocadinho mais antiga, mas não deixa de ser uma mudança. Ninguém gosta (só tu, R.), mas eu adoro esta armação arrojada.
Nem por isto mudou a minha atitude perante a vida.

Adorei a viagem. Foi uma semana a andar muito, a dormir muito e a partilhar muito. Muitas saudades foram aniquiladas naqueles dias e na despedida, como há 20 anos, tinha uma lágrima no canto do olho. (Btw, adoro-te tanto, miúda. Obrigada pela semana fantástica!)
Mas quando cheguei, tudo continuava igual.

Recomecei a dançar. Quinze anos depois de ter desistido do Ballet, ganhei coragem e inscrevi-me numa aula para crescidas. Esta semana já fui três vezes. A dançar sinto-me preenchida, sinto-me realizada. Sinto que o tempo parou, sinto-me com 15 anos outra vez, sinto que nunca houve uma interrupção e que o Ballet sempre fez parte da minha vida. Ontem, na aula de Contemporânea, fui feliz. Respirei paz. Pela primeira vez desde há muito tempo, voltei a ser eu.
Ao deitar-me, olhei para trás e pensei no tempo que separou aquela decisão do dia de ontem. E confirmei que a minha vida está cheia de opções erradas. Desistir do Ballet e do Conservatório foi, talvez, a primeira e a mais dolorosa de todas estas opções. Depois veio a escolha da área D, a escolha do curso de Comunicação Social, a escolha da Universidade, a escolha dos empregos... Até hoje, ao emprego que tenho hoje que não me completa nem me faz feliz. E volto outra vez à frustração que sinto e que tenho tentado desabafar mas este feitio filho da mãe amordaça-me e não me deixa explicar. E chorei durante horas. Nem sei quantas horas, mas as suficientes para acordar com a cara inchada e umas olheiras até ao chão. E chorei e gritei e solucei para ver se esta coisa que me tem apertado o peito e roubado o sorriso saía daqui de dentro e eu voltava a ver o sol.

E isto tudo foi escrito em turbilhão e nem vou reler para não me arrepender de ter escrito.
Peço desculpa por eventuais erros.