25/12/2013

Cúmulo da popularidade:

Há-de chegar o ano em que não és convidada para nenhum jantar de Natal.
Este é o ano. 

24/12/2013

Bom Natal

Não me lembro quando é que deixei de gostar do Natal. Lembro-me de olhar pela janela daquele 8º andar em Loures e ver os meus tios a trazerem os presentes do carro, em vez de ver o Pai Natal com as renas. Lembro-me de deixar de passar o Natal com a família materna, mas não sei porquê. Lembro-me de receber sempre muito menos presentes que as minhas primas, mas receber sempre dos meus pais o que tinha pedido. Excepto a mota: nunca recebi a mota. Lembro-me de me ter zangado definitivamente com Deus e deixar de ver o Natal como um recomeço e uma esperança, mas apenas como uma reunião de família. Como um casamento ou um baptizado. 
Depois o meu Avô parte em vésperas do Natal. E a família assim desmebrada ficou marcada por Dezembro para sempre. Ainda assim, reunia-se sempre. E foi crescendo: cada vez mais mulheres à frente de uma matriarca que sempre fez de tudo para que não faltasse um único pormenor naquela mesa. Excepto o bacalhau cozido, porque havia quem preferisse com natas. E eu, cozido, sempre cozido. 
Percebia o nervoso miudinho em vésperas de Natal, a obrigação da troca de presentes, a necessidade de dar qualquer coisa em deterimento da solidariedade com aqueles que menos têm, as lojas cheias, as pessoas malucas, o trânsito infernal e comecei a pensar que, qualquer dia, adormeço no dia 20 e só acordo no ano seguinte. 
Tive esperança que isto passasse com os filhos e desde 2009 que há uma árvore de Natal na minha casa, enfeites à porta e luzes a piscar. Comecei a comprar presentes só para as crianças e a fazer os presentes dos adultos: biscoitos, compotas, licores (obrigada, Bimby). Mas a loucura fora de casa continua e, invariavelmente, nos últimos 10 dias passei a demorar uma hora para chegar a casa.
Já vou no segundo filho e continuo a odiar o Natal. 

Não me levem a mal: adoro a reunião familiar, a consoada, a alegria e a excitação na cara dos mais novos. Mas odeio tudo o resto. E tendo a odiar cada vez mais. 
Acordem-me em 2014, sim?

21/12/2013

Na alcofa





10 meses. E a revelar um feitio lixado uma personalidade cada vez mais forte. Todos os dias mostra que não é como nós queremos, mas como ele quer. E eu, todos os dias, várias vezes por dia, a mostrar o contrário. Continua a comer bem, gosta de provar coisas novas, nunca diz que não a comida. Adora música, dançar, quando deitado já consegue sentar-se sozinho mas continua a rastejar. Desde que aprendeu a dança das Galinhas Doidas (graças a uns longos 20 minutos fechados no elevador às escuras), não faz outra coisa: sempre aquele dedo espetado a bater na palma da mão. As brincadeiras com o mano são cada vez mais regulares e divertidas. Tirando esta parte gira, está cada vez mais cansativo. 

(Está cada vez mais difícil divulgar este desafio a horas... Peço desculpa, mais uma vez, pelo atraso. E também pela qualidade da foto, que está uma desgraça.)

16/12/2013

20 anos

Já se passaram 20 anos.
Sei que não fomos muito chegados, porque a distância impôs as regras. Ao ver esta tela branca quero escrever aquilo que foste para mim mas não consigo encontrar nenhuma definição. 
Eras o Pai do meu Pai, o olhar claro e profundo, o homem sentado no cadeirão à espera que alguma neta lhe pedisse colo. E eu pedia. Pedia sempre.
Eras a figura à cabeceira da mesa todos os Natais, o primeiro a aplaudir os nossos teatros, aquele que nunca faltava à missa do Galo.
Eras o Avô sério com humor genial, que conseguias pôr toda a gente a rir sem alterares a tua expressão. E eu muito pequena não percebia como é que com o teu ar grave e sério desmanchavas tanta gente.
Hoje, faz 20 anos que partiste. E hoje a saudade bateu forte. E passei o dia a pensar em ti.
Hoje, gostava de encontrar uma definição para a pessoa que foste na minha vida. E não consigo.

Desculpa. Só consigo pensar na palavra saudade.

05/12/2013

Da sensibilidade (ou falta dela)

Ao jantar, os quatro à mesa, aproveitamos para falar do Natal e do Pai Natal que vem da Lapónia distribuir presentes aos meninos que se portam bem. Que na Lapónia faz muito frio e neva muito. Que o Pai Natal anda de trenó puxado por renas e tem muitos ajudantes.
Explicada a parte bonita da cena, que incluía uma lareira gigante para aquecer todos aqueles duendes, chá e bolinhos antes de eles dormirem e uma colcha quentinha tricotada pela Mãe Natal, disse ao António que tinha tido uma boa ideia:

- Podíamos escolher uns brinquedos teus que já não usas porque estás crescido, pôr todo num saco e dar a outros meninos.

- Oh, porquê?

- Porque há meninos que não têm presentes no Natal mesmo quando se portam bem.

- Não? Porquê?

- Alguns, nem sequer têm casa onde o Pai Natal pode passar...

          (o puto começa a mudar o semblante)

- ... e não têm sapatinhos...

          (cai uma lágrima)

- ... esses meninos não têm nunca brinquedos novos e não têm um quarto de brincar como o nosso e às vezes nem sequer têm jantar assim como nós.

E começa o berreiro com lágrimas a cair aos pares e a cara de infeliz que dá dó. Eu e o Pai trocamos olhares enternecidos "tão bom e sensível que é o nosso mais velho", achando que acabamos de mudar uma criança e estamos a tomar o primeiro passo para o  transformar num Homem melhor, com H grande. "Bom trabalho, marido", "bom trabalho, mulher", eram essas as palavras nos nossos olhos.
Até ouvirmos:

- MAS EU NÃO QUERO DAR OS MEUS BRINQUEDOS!!!

...

...

...

04/12/2013

Give away

Se isto fosse um blog a sério, daqueles com patrocínios e marcas em todo o lado e a fervilhar coisas fashion, tinha preparado um give away ou um passatempo que incluiria prémios como produtos de maquilhagem, pacotes de fraldas ou entradas no Kidzania. Tudo para comemorar em grande e como deve ser o 10º aniversário da Casca.
Mas isto é um blog pelintra que não tem nada para dar. Quanto muito tem para vender...

Muito obrigada pelas mensagens que me têm deixado por aqui, pelo Facebook, por sms, whatsapp e afins. É muito bom saber-vos desse lado. A Casca também são vocês todos, cada um do seu jeito especial de partilhar os meus dias.
Obrigada!

10 anos

Não sou muito de comemorar efemérides. É muito comum esquecer-me de aniversários importantes. Datas que marcam... não me marcam: marcam-me pessoas, acontecimentos, cheiros, imagens. As datas, pouco me importam.
Mas passaram-se 10 anos desde este post. O primeiro. E 10 anos é muito ano. Olhar para trás e ver tudo o que aconteceu neste período de tempo é um exercício engraçado mas remexer no histórico do blog abriria algumas feridas que há muito estão saradas e não vale a pena fazê-lo.
Gosto, sim, de pensar nas pessoas que se cruzaram comigo por causa da Casca (algumas ainda se mantém), gosto de perceber que isto nunca deixou de ser o meu cantinho preferido, gosto de nunca ter desistido (apesar de ter ameaçado), gosto de tudo o que partilhei. 
Às vezes, penso que gostava de ser parte mais integrante da blogosfera, mais popular, já que por aqui ando há tanto tempo (éramos tão poucos!!) mas sei que a linha editorial da Casca não é nem nunca será interessante para as massas. Nunca quis escrever coisas que considero banais só para encher chouriços. Nunca foi esse o propósito e nem tenho tempo para isso. Já segui muitos blogs e já desisti de os seguir precisamente por achar que não havia mais valia que pudesse tirar dali (btw, está na hora de fazer uma limpeza ao Feedly). Escrevo apenas aquilo que acho que merece ser partilhado, que eu quero ler no futuro, aquilo que eu quero guardar porque a memória vai perder, com certeza. Se passei a ferro ou não, se vesti azul com amarelo, se comi um pastel de nata inesquecível, isso não interessa para ninguém. Acho eu.
Há quatro anos, tonou-se um baby blog. Ou mais um mummy blog. Nunca prometi que não iria ser assim, até porque acho inevitável. Afinal, a Casca é a minha vida e a maternidade também! Todos os dias penso "é desta que vou escrever todos os dias", mas o corre-corre e a rotina fazem os dias todos iguais e, lá está: não queremos encher chouriços. 
Há ainda muita coisa que não vem para aqui. Algumas ficam nos meus cadernos outras apenas entaladas na garganta. Há lágrimas que não são publicadas, há conquistas guardadas, há vitórias saboreadas a solo. E há as coisas que ponho aqui. Que quero que vocês vivam comigo, que quero partilhar, que quero lembrar no futuro, que quero que os meus filhos saibam e que nunca esqueçam. E isso é a Casca. Tudo o que ponho na Casca sou eu mas eu não sou só a Casca. Sou também a Susana que alguns de vocês vêem todos os dias, uma Mãe descontraída, uma péssima dona de casa, uma mulher que faz os possíveis para ser feliz.

Parabéns a mim!