17/10/2017

Histórias de amor

Há histórias de amor que não terminam. Ficam suspensas no ar como um suspiro que alguém soltou. Como uma palavra que não foi dita. Como uma folha que caiu da árvore mas não chegou a tocar no chão. Como se alguém tivesse tocado no botão da pausa sem querer e a cena ficasse ali: suspensa. 

Retida. 

Congelada.

As histórias de amor que não terminam são as que magoam mais. Magoa o "e se?". Magoa muito o que não chegou a ser dito. Magoa a falta de coragem para enfrentar. Para pedir justificação. Magoam as perguntas que não se fizeram e as respostas que ficaram por dar. Doem porque não se percebe. E porque dói olhar todos os dias para um ecrã de telefone com a mensagem escrita sem coragem para tocar no enviar.

Todos os dias.

O cursor a piscar.

As histórias de amor que não terminam doem muito porque, como todos sabemos, a ausência do fim é, por si só, o próprio fim.


13/10/2017

2 anos

Foi há dois anos. 
Foi há dois anos que a vida deu aquele piparote com mortal encarpado atrás e aterrou de lado deixando tudo do avesso. E por muita paz que esteja agora a sentir, volvidos estes 730 longos e preenchidos dias, não consigo deixar de sorrir ao perceber que hoje é sexta-feira, 13 e que saí de casa com os putos deixando o telefone, a carteira e as chaves no lado de dentro. 

Podia ter ficado preocupada? Claro que podia. Mas sorri, levei os miúdos à escola a pé, com aquela calma de quem tem qualidade de vida e até está de folga, e, no caminho, entre gargalhadas de uns e resmunguices de outros,  tive a certeza que estou no sítio certo, na altura certa, a fazer a coisa certa.