29/08/2011

Palavras III

biáo - avião ou leão
mimio - miminho
enta- senta
bibiu - caiu
adé - aqui ou ali
babáo - balão
ó-ó - dormir ou cama
putá - sapato
Nini - Dinis
Nônô - Leonor
Biá - Bia
Aos miúdos que não sabe o nome, chama-os de bebé. Todos os adultos que não sejam os pais ou os avós, são tios e titis. Diplomático!

O mais engraçado é vê-lo a associar as pouquíssimas palavras que diz e querer formar frases.

- Mamã, biáo. Aaaah! Não há biáo.
- Papáááá! Enta. Babá?

E a cantar músicas, na melodia correcta (ou não fosse filho de músico) enquanto dança.
- O babáo... (em compasso e movimentos lentos, para o Balão do João)
- Ah-ah-ah... (em compasso e movimentos rápidos, para cantar a Machadinha-versão-Expensive-Soul).

No espectáculo de variedades para a família, que ele adora por ser o centro das atenções, mostramos os símbolos das marcas de automóveis e ele aponta quando dizemos as marcas. E é ver os avós e os tios a babar...

Cada dia que passa mais gosto deste filho!

This is the end, my friend.

E as férias acabaram. Não foram bem como eu esperava, culpa ali do S. Pedro que nos anda a pregar partidas que já não têm piadinha nenhuma, mas ainda assim, consegui cumprir os objectivos (que passavam por descanso, algumas arrumações em casa, praia e amigos). Houve de tudo um pouco.
É impressionante a evolução do puto nestas férias: mais palavras novas, mais gracinhas e mais cumplicidade. Adoro este puto. Adoro a minha família.
Missão cumprida (mas não comprida). Estou feliz.

09/08/2011

Once banana, always banana...

Hoje, o meu filho mostrou ser um menino educado e obediente mesmo depois de ter levado uma chapada de mão fechada de outro garoto quando lutavam pelo mesmo brinquedo. Pode ter-se revelado um bocado banana (tem a quem sair, fazer o quê?) mas eu enchi-me de orgulho quando ele foi devolver o brinquedo que ganhou por mérito, com o choro embargado e só porque eu disse para ele devolver. Porque não era dele: era da escola e pertence a todos.
Sei que ele vai sofrer a vida toda por ser assim. Eu sei: eu sou assim. Ainda assim, prefiro ter um filho banana do que ter um filho agressor, egoísta e violento. Quando ele sofrer, tem de certeza um colo se quiser chorar. Eu sei que tem: é o meu.

02/08/2011

O Inverno no Verão.

Lembro-me bem dos dias assim: os dias de chuva no meio das férias. Aquelas férias intermináveis em que ninguém tinha medo do sol e chegávamos a Setembro com o cabelo branco e queimado e a pele morena, tão morena que mais consegui ter. Cheios de primos e primas e tios e pais que iam de voltavam no fim de semana e nos deixavam com os adultos que tivessem conseguido férias, sempre alternados. Nesses dias de chuva, aproveitávamos para descansar em casa. Lembro-me bem da sensação de ter uma manta nas pernas e ver o Dirty Dancing três vezes seguidas e como suspirávamos na última cena do filme como se fosse a primeira vez que o víamos. Ou daquele filme que eu nunca me lembro do nome, com um ruivo giríssimo chamado Keith (desde essa altura que digo que se tivesse um filho estrangeiro, chamar-se-ia Keith). Lembro-me de olharmos pela janela e vermos o céu cinzento, as pingas da chuva. Dos passeios na Peugeot 504 cheia de miúdos até lá atrás, de ir às compras com os tios e escolher os sumos, as bolachas, a fruta que levaríamos para a praia logo que o sol chegasse.
Lembro-me dos dias de frio no Agosto do Algarve, quando a Quinta do Lago ainda era um deserto sem resorts turísticos, todos embrulhados nas toalhas de praia, a jogar à bola ou ao mata. Lembro-me dos passeios na marginal de Sesimbra, quando calçávamos uns ténis e umas meias pela primeira vez em muitas semanas. Lembro-me do vento frio de S. Pedro de Moel, dentros das barracas de praia com listas azuis e brancas. E de comer bolas de berlim. E de como sabia bem o banho quente no final daqueles dias de inverno fora de horas.
O melhor mesmo, era acordar no dia seguinte e ver o sol quente a brilhar outra vez.