02/08/2011

O Inverno no Verão.

Lembro-me bem dos dias assim: os dias de chuva no meio das férias. Aquelas férias intermináveis em que ninguém tinha medo do sol e chegávamos a Setembro com o cabelo branco e queimado e a pele morena, tão morena que mais consegui ter. Cheios de primos e primas e tios e pais que iam de voltavam no fim de semana e nos deixavam com os adultos que tivessem conseguido férias, sempre alternados. Nesses dias de chuva, aproveitávamos para descansar em casa. Lembro-me bem da sensação de ter uma manta nas pernas e ver o Dirty Dancing três vezes seguidas e como suspirávamos na última cena do filme como se fosse a primeira vez que o víamos. Ou daquele filme que eu nunca me lembro do nome, com um ruivo giríssimo chamado Keith (desde essa altura que digo que se tivesse um filho estrangeiro, chamar-se-ia Keith). Lembro-me de olharmos pela janela e vermos o céu cinzento, as pingas da chuva. Dos passeios na Peugeot 504 cheia de miúdos até lá atrás, de ir às compras com os tios e escolher os sumos, as bolachas, a fruta que levaríamos para a praia logo que o sol chegasse.
Lembro-me dos dias de frio no Agosto do Algarve, quando a Quinta do Lago ainda era um deserto sem resorts turísticos, todos embrulhados nas toalhas de praia, a jogar à bola ou ao mata. Lembro-me dos passeios na marginal de Sesimbra, quando calçávamos uns ténis e umas meias pela primeira vez em muitas semanas. Lembro-me do vento frio de S. Pedro de Moel, dentros das barracas de praia com listas azuis e brancas. E de comer bolas de berlim. E de como sabia bem o banho quente no final daqueles dias de inverno fora de horas.
O melhor mesmo, era acordar no dia seguinte e ver o sol quente a brilhar outra vez.

Sem comentários: