29/07/2014

Na alcofa.



3 meses. 6kg e pouco. Percentil 85 de comprimento e 50 de peso: uma top model, portanto. De ar frágil e doce, finalmente aprendeu a chorar. Já passa mais tempo acordada, já faz sorrisos abertos (com uma covinha amorosa na bochecha direita) e adora os manos. O António está apaixonado e o Manu quer brincar com ela: de vez em quando lá leva com um livro na cabeça ou um pato na barriga. Já tem horários mais definidos e tem dormido noites inteiras. Por acaso, hoje estive a arrumar a roupa que já não lhe serve: tanta mas tanta roupa! As gavetas ficaram praticamente vazias. 

P.S. Fiquei com um dilema enorme: guardo a roupa de recém (há prá menina e pró menino) ou dou a quem precisa? Guardo ou não guardo? Guardo ou não guardo? Nunca se sabe o dia de amanhã!! 

27/07/2014

Frida Khalo

Todos os dias penso na Frida Khalo. Todos, desde que acordo (principalmente quando acordo) até ir para a cama. Ela teve um acidente grave em miúda que a levou a ter muitos problemas de coluna (e não só), teve que ser várias vezes operada, passou meses na cama, enfim... uma vida de sofrimento. 
Eu olho para os quadros dela e sinto-lhe as dores.

Eu vivo diariamente com dores. Não serão, com certeza, tão fortes como as da Frida Khalo, nem tão graves. Mas são diárias, constantes e acompanham-me há anos. Lembro-me de ter dores nos ossos, ainda muito pequena, principalmente no verão quando o calor aperta e queremos dormir destapados. Lembro-me do meu Pai dizer-me que eram dores de crescimento. Entretanto, cresci tudo e as dores continuam. Estas, as de crescimento, as dores nos ossos, eu já sei evitar. O problema agora são as outras: as das costas, aquelas que pioram enquanto durmo, aquelas que me levam às urgências de vez em quando, aquelas que me fazem fechar na casa de banho para os meus filhos não me verem chorar.

Todos os dias penso na Frida Khalo e sinto-lhe as dores. E penso também para que me serve ter filhos que dormem noites inteiras, se isto não me deixa dormir? 


23/07/2014

Dos dias xoxos.

Hoje, descobri o que quero ser quando for grande. E se isso é uma boa notícia para muita gente, para mim é só um motivo para ter uma lágrima no olho o dia todo, porque também percebi que é tarde demais. Sou grande demais, agora.
Já não posso ser aquilo que quero ser.

21/07/2014

O melhor presente que se pode dar a um filho é um irmão.

O Manuel nasceu em Fevereiro, o inverno foi frio e húmido, choveu quase todos os dias e passávamos muito tempo em casa. Ele foi um bebé tranquilo e passou os primeiros três meses, praticamente, a dormir. Deitava-o na almofada-ferradura e ele ali ficava o dia todo com a chucha na boca e a fralda na cara, com barulho ou sem, com visitas ou sem, com aspirador ou sem. Ainda assim, e para o confortar, punha a seu lado um boneco do António, o Kico. O boneco com que ele sempre dormiu (e ainda dorme). Sentia-o mais descansado, tranquilo.

A Teresa é uma bebé muito calma, também. Mas não tanto como o Manuel: apesar de passar o dia a dormir, passeia muito mais (aliás, é raro ficarmos em casa que eu tenho bicho carpinteiro nos sofás) e pelas nove, 10 da noite, dá-lhe o amoque. Guincha, esperneia, refila, fica toda vermelha, zangada com o mundo e comigo. O ataquito dura entre 30 a 40 minutos e depois cai redonda a dormir até de manhã. Já fiz várias tentativas para a acalmar (lembram-se disto?), umas com mais sucesso que outras. 

Hoje, para confortar o Manuel que teve um pesadelo bem na hora do ataquito da princesa, tive que a pôr na cama do António (que entretanto estava a dormir na minha cama). Aquilo demorou um bocado porque o rapaz estava inconsolável mas acabou por acalmar. Deitei-o novamente na cama dele e, quando olhei para ela, dormia profundamente enrolada nos lençóis do mano mais velho. A expressão dela era a mais serena.

Os meus mais novos já sabem que têm muita sorte porque têm o melhor irmão mais velho que alguém pode ter.

18/07/2014

Sem título.

Comprei um creme anti-celulite. Dois dias depois de o usar:

- Marido, achas que estou melhor da celulite?
- Da cel...? Claro que sim! Muito melhor! Nada a ver!!
- Oh, marido... Adoro quando me mentes!

17/07/2014

Queridos joelhos,

a malta está parada há séculos, eu sei. E quando digo parada, é mesmo parada: com a obrigação de ficar de rabo colado ao sofá a risco de parir cedo demais. E isto não aconteceu só uma vez: foram três delas! E também sei que a malta ganhou peso. O que esperavam?, que eu desistisse das gomas e das pizzas? Assim, de um dia para o outro? Já ouviram falar em desejos de grávida?
Mas pronto, os bebés já estão cá todos. Prometo-vos que não vem mais nenhum até porque quero recuperar o peso e, porque não?, o corpo de antigamente. E estava mesmo empenhada nisso, queridos joelhos, vocês sabem que estava e até se portaram muito bem naqueles 10 dias seguidos a alternar caminhada com corrida. CO-RRI-DA, ouviram?, aquilo que eu só fazia quando estava atrasada e tinha de apanhar o metro. Eu!!!, que não ando de metro vai para sete anos, iria correr para quê? Mas vocês foram uns fofos e fizeram-me acreditar que eu era capaz, ah pois fizeram. E cada dia corria mais um bocadinho. E a Teresa já estava habituada aos passeios matinais. E até eu.
Caramba, joelhos, porque é que haviam de ficar todos empenados logo agora, que eu estou tão empenhada na cena da corrida? Hein?
Já vos dei uma semana de descanso. Já podiam parar de doer, não??

14/07/2014

Quem sai aos seus...

Mostra-me o ecrã do tablet com o resultado de um jogo.

- Como é que se lê este número?
- Cento e quarenta e três.
- Isto é mais que infinitos?
- Não! Infinitos é mais que todos!
- Não é não, Mamã. Quinhentos infinitos é que é!



Private joke aqui para casa: Marido, ainda lhe vou ensinar que infinitos elevado a infinitos vezes infinitos elevado a infinitos com infinitos parêntesis é que é maior! ;)

12/07/2014

Tem mania que é artista, o puto...

Depois de uma manobra de estacionamento executada na perfeição e à primeira num daqueles lugares que se parecem com a Rua da Betesga, sendo o meu carro o Rossio*:

- Máquina!! Máááááááááááquina! Eu-sou-u-ma-má-qui-na-na-es-tra-da. Sou um espectÁÁÁÁÁÁculo!!
- Oh Mamã, mas se tu és um espectáculo, onde é que está o teu palco?


* - a modéstia é coisa que não me assiste, quando tenho um volante nas mãos.

11/07/2014

Sem título.

O passeio tinha sido rápido e curto, aquele que um domingo chuvoso de verão nos permitiu. Estávamos os cinco no carro e vemos ao fundo o sinal a mudar de vermelho para verde. Nem paramos mas reparamos que o carro da frente, que já estava parado do semáforo, continua sem se mexer. E eu, sempre sensível "e este, já morreu ou quê?" Ao passar devagar pelo carro, vemos o condutor com a mão na cabeça, tombada para a esquerda. O carro continua parado. O meu marido não acelera, continua a olhar o espelho retrovisor, o homem na mesma posição, o carro imóvel. "Ele não está bem. Aquele homem não está bem, Susana." "E agora? Vais salvá-lo?" "Agora? AGORA?? Por causa de pessoas como tu é que isto está como está! É esta sociedade em que vivemos, passamos pelas pessoas que sofrem e fingimos que não é nada connosco. Coitado do homem, a ter um AVC! Onde é que isto vai parar!" Decide encostar, desaperta o cinto e sai do carro a correr em direcção ao outro imóvel no sinal verde. Eu com os miúdos atrás "o Papá??", "porque é que paramos?", "quem era aquele senhor?" viro-me para trás e ele já está mesmo mesmo a chegar ao carro que arranca como se nada fosse. Vejo a cara do meu marido num misto de incredulidade e espanto. O carro, antes imóvel, passa agora por mim e eu olho lá para dentro. O homem não tinha morrido: estava a conduzir de perfeita saúde com a mão na cabeça, sim, porque segurava o telemóvel.

Lembram-se disto? Ainda não foi desta que o meu marido salvou alguém. 

10/07/2014

Mais uma noite normal num T2 para 5

O relógio diz que passam 13 minutos da meia noite. Finalmente, consigo ouvir o silêncio da casa. Hoje, não foi um dia particularmente cansativo, nem triste, nem especial. Foi até bastante normal. Não sei porque é que o adormecer das crianças foi tão atribulado, especialmente o da Teresa. Antes de me deitar, vou vê-las e o cenário é este:

António: destapado, agarrado ao KicoNico (que já foi) branco, com cerca de 22 carros da série Faísca McQueen à sua volta e a pequena lanterna acesa.

Manuel: destapado, pés em cima da almofada, cabeça em cima do KicoNico (ainda) azul, 4 chuchas espalhadas pela cama, fralda do ó-ó amachucada, barriga para baixo, mão direita de fora das grades, caracóis enrolados no lençol.

Teresa: chucha na boca, respiração serena, KicoNico rosa do seu lado esquerdo, fralda do ó-ó no lado direito. A cobri-la, não está o lençol Zara Home oferecida pela Avó nem a manta fofa e cheirosa acabada de lavar, mas a t-shirt que usei hoje na corrida e que ficou a cheirar a transpiração. Só assim é que ela acalmou.

09/07/2014

#3

Vai ser tão bom, não foi?

Ok, não é original, mas tem seis palavras e é uma história.

08/07/2014

Conversas

- Mamã, o que é que queres ser quando fores grande?
- Quero ser escritora.
- Escritora? Que escreve livros?
- Sim! Gostava de escrever livros para crianças.
- Então, quando eu encontrar um livro que não tem letras nem palavras, eu dou-te para tu escreveres. Está bem?

07/07/2014

Sem título.

Há uns tempos, o meu marido chegou a casa com um ar preocupado. Quando isto acontece, a primeira coisa que eu pergunto é "o carro ficou muito partido?". E ele que não, não teve nada que ver com o carro mas com um cão com bom aspecto que estava na porta do prédio ao lado. Eu, com a insensibilidade que me caracteriza, "e???", e ele continuava com um ar sério e grave "coitado, cheio de fome e ainda por cima está a chover, claramente foi abandonado há semanas e encontrou agora a casa e deve ter fome e o dono não o quer, o que é o jantar?" "Desculpa?? Bacalhau espiritual lá é comida de cão? Já agora leva umas gambas alijo para ele saber o que é bom! Era o que faltava ter trabalho de cozinhar e dar a um cão. Deve estar à espera do dono." "Achas? À chuva? Nenhum dono deixa o cão à chuva. Foi abandonado e está faminto, pobre do cão que se não fosse a minha asma já estava cá em casa. A que horas fecha o Pingo Doce?" "Já fechou a esta hora, e agora eu até já me apeguei ao raio do cão, porque é que não vais à bomba de gasolina e compras aquelas latas de comida para cão, pelo menos o pobrezinho sobrevive à noite. Amanhã logo vemos que fazer dele." E lá foi ele, com uma garrafa de água numa mão e dois tupperwares vazios na outra (um para a comida e outro para a água) a caminho da bomba. 
Chegou meia hora mais tarde com a garrafa de água, os tupperwares, a lata por abrir e um ar ainda mais miserável. "Quando estava a chegar encontrei a D. Maria (a senhora que faz a limpeza dos prédios aqui da rua) que me explicou que este cão é do vizinho do prédio de baixo, que apaixonou-se pela cadela do prédio de cima e como ela está com o cio não sai da porta à espera dela. Não tem fome, não foi abandonado, não está infeliz. Só carente."

Desde esse dia, tenho uma lata de comida marca Pedigree à espera que um canídeo abandonado mexa com o coração do meu marido novamente.

04/07/2014

Depois disto digam-me com sinceridade: de zero a 10, quão chanfrada é esta cabeça?

Odeio comer. Acho uma perda de tempo, sou esquisita, detesto provar coisas, não gosto de legumes. Por tudo isto, detesto cozinhar: aborrece-me, faço-o por obrigação, diariamente. Faço sempre as mesmas coisas, não sei conjugar sabores, sigo receitas para tudo. Não tenho imaginação para variar nos pratos e nos sabores. A Bimby é a minha melhor amiga, bem como o livro base (nem sequer arrisco nos outros livros, e tenho quase todos).
Adoro ver programas de culinária e desde que tenho tv por cabo, o meu canal preferido é o 24 Kitchen. Gosto daquela Filipa Qualquer-Coisa, sou fã do Jamie Oliver, até gosto de ver aquele padeiro holandês na sua língua arranhada.
Ultimamente, dou por mim a cozinhar como se tivesse uma câmara de filmar à frente e a apresentar um programa de culinária. Explico em voz alta o que estou a fazer, faço comentários como "hum!, adoro o cheiro do gengibre acabado de cortar" ou "basta pôr uma colher de sopa de mel para apurar todos os sentidos" ou ainda "estão a ver a explosão de cores desta salada?".
Desta maneira, em vez de o fazer com sacrifício, faço-o com algum prazer. 

03/07/2014

É agora ou nunca.

Na verdade, já começou há uns dias. Mas eu não gosto de publicitar estas coisas porque os planos podem sair furados e fico a sentir-me uma fraude. Além disso, hoje em dia toda a gente fala no mesmo e eu não sou pessoa de gostar de fazer parte da carneirada. No entanto, a motivação tem de vir de algum sítio e eu não a tenho encontrado. Escrever sobre isto pode servir para motivar-me ou, pelo menos, para lembrar-me dos objectivos. (Isto e um caixote de roupa 36 que tenho ali na arrecadação.)
Na primeira gravidez, ganhei 7kg. Ao fim de 15 dias já tinha recuperado praticamente todo o peso, excepto 2kg. Na sequência de uma gravidez de risco, e porque estive deitada durante três meses, os músculos tornaram-se preguiçosos e moles, a celulite ficou mais funda e o corpo mais lento.
Na segunda gravidez, ganhei 9kg. Ao fim de 20 dias perdi-os todos, excepto dois. Estava pronta para recuperar a forma rapidamente e levei os ténis de correr para as férias. Até que soube que estava grávida... outra vez.
Na terceira gravidez, ganhei novamente 9kg. Quando a Teresa fez um mês, já tinha perdido sete. Até hoje. Faltam dois. Outra vez aqueles dois teimosos quilos que ganharam tanto carinho por mim que não vão embora. Noves fora, nada: tenho 6kg para perder. E, mais que isso, tenho muito abdominal para tonificar, muito glúteo para queimar e muita celulite para destruir.
Entre os 20 e os 30 anos, bastava-me fechar os olhos para perder peso. A sério: queria perder e perdia. Aquilo era tão natural como respirar: em Maio achava que 55kg era demais e em Junho já tinha 50 outra vez. Assim, sem muito esforço. E ia de férias com os calções 34 que eu adorava. A partir dos 30, a coisa começou a complicar. Aos 37 e com três filhos... é uma missão impossível.
Está nas minhas mãos mudar isto (e as dores nas costas que estes 6kg e 3 filhos, dois que não andam - não, o Manu ainda não anda!!!) representam. Tenho feito algumas caminhadas. Na última, consegui correr um bocadinho. Tenho feito uns batidos ao almoço que me saciam até meio da tarde. Ainda não consegui eliminar o açúcar, mas também não vale a pena tentar muito: a última vez que o fiz tive vontade de matar pessoas. Muitas pessoas. Já reduzi a quantidade!
O objectivo é perder estes 6kg e com eles a barriga de 3 meses. Não me imponho uma data porque não gosto de ameaças. E não se preocupem que eu não vou andar aqui a mostrar fotos de comidas saudáveis nem fotos minhas dentro daquelas calças que comprei em 1999 e que não apertam o fecho e muito menos vos vou maçar com planos de treino e de corridas.
Neste momento, o foco está na balança. E a mudança nas minhas mãos.

01/07/2014

Na alcofa.


Dois meses. O que ela cresceu! Tem imensa roupa que já não lhe serve (sorte que foi tudo emprestado), o cabelo está a ficar com caracóis (como o Manu) e mais clarinho (como o António). Continuam a dizer que ela é parecida com o Manu: cada vez acho mais diferente. Já ri com intenção, reconhece as vozes de casa, segue os movimentos. Está cada vez mais bonita, com uns olhos pestanudos e ar sereno. 
A nossa princesa já foi à praia, aos santos populares e a uma festa de família com mais de 50 pessoas. Sempre a dormir. Seeeeeempre!

Ideia daqui.