23/06/2015

As pequenas vitórias.

A jantar, expliquei-lhes que é noite de S. João e que faz 2 anos que o António deitou a chucha para o lixo. Estávamos no Porto e ele disse: não quero mais chucha; vou deitar no lixo. O meu coração doeu nessa noite. Já aqui expliquei que o assunto chucha é dos mais sensíveis para mim porque lembro-me per-fei-ta-men-te do dia em que eu larguei a minha e o que me custou. Lembro-me como se fosse hoje. O meu coração doeu por isso mas também por perceber que o meu bebé já não era assim tão bebé.
Deitei-os como de costume. Beijinhos (de todos) e ralhetes (meus) e juras de amor eterno (do António). Pouco depois, veio ter comigo à sala:

- Mamã, posso dizer-te uma coisa?

E eu já ia lançada num novo ralhete quando ele mostrou os dedos.

- Olha, Mamã, o que eu já consigo fazer.

E começou a fazer estalidos com os dedos. Primeiro com a direita, depois com a esquerda. Até já consegue fazer com a esquerda!! Anda a treinar há meses e hoje conseguiu na perfeição. Hoje, dois anos depois do primeiro passo para ser crescido. 
Abracei-o com força, disse BOA!!! com entusiasmo e fiquei mesmo feliz por vê-lo tão feliz. No fim:

- Agora posso dormir na tua cama?

Como se pode recusar um pedido destes? Não se pode.

21/06/2015

Viagem de metro.

Estou no metro. As viagens de metro tornaram-se momentos de introspecção, nos últimos tempos. Deve ser porque, apesar de raras, são os únicos momentos que tenho para mim, para pensar em mim. 
Estou no metro a caminho da escola de Dança. Hoje, vamos fazer um espectáculo de angariação de fundos para umas alunas irem a Nova Iorque e terem oportunidade de mostrar o seu trabalho e talento para além fronteiras. Hoje, vou pisar um palco, mais uma vez. 
Aqui, no metro, olho para o meu caminho. Vejo o que deixei em casa e para onde vou. Os meus Amores e a minha Paixão. 
Hoje, aqui nesta cadeira do metro, sou só mais uma pessoa vulgar num transporte vulgar. Ponho a minha mão no peito: lá dentro bate um coração feliz.

Esta pessoa vulgar é, afinal, a mais feliz.