29/07/2011

A falta de energia tem vindo a aumentar nos últimas semanas. Se ao início pensei que fosse da sensação de abandono e da falta de pilares do dia-a-dia, agora já começo a pensar que pode ter outra razão, sem que eu perceba qual. Acordar de manhã está a ser um pesadelo. Começo o dia cansada, cheia de dores nas costas, com vontade de chorar e de desistir de tudo.
O dia é passado de forma automatizada, como se de um robot se tratasse. O trabalho já é feito quase sem pensar e há riscos que se correm quando isto acontece. E os erros acontecem. Erros estúpidos, coisas básicas, brancas a meio de um diálogo, esquecem-se coisas que se fizeram há dois minutos, repetem-se as mesmas perguntas acabadas de fazer, a dificuldade de concentração. O déficit de atenção começa a ser preocupante.
O apetite é nulo. Deixei sequer de ter fome. Como mal e pouco e só me lembro que ainda não almocei quando me levanto e começo a ver estrelinhas. O pouco que como são choques calóricos que dão uma sensação de bem estar de meia hora. Depois, começa tudo outra vez: o estômago colado às costas e sensação de enjoo mal olho para a comida.
Passo o dia cheia de saudades do meu filho. O coração fica-me nas mãos quando o deixo no colégio e só volta ao sítio quando o vou buscar. Pensei que este medo irracional passasse nos primeiros meses, mas ele tem quase dois anos e o medo só aumenta. No carro, é raro não pensar em acidentes, em morte, na vida do meu filho se me acontece alguma coisa. Na minha vida, se lhe acontece alguma coisa. Por vezes, o medo que sinto aperta-me de tal maneira o peito que tenho dificuldade em respirar.
À noite, a dificuldade em adormecer. Acordo várias vezes com as dores. Não tenho posição confortável. Vou espreitar o quarto ao lado para ver se o puto está bem. Continua a passar-me pela cabeça acidentes de viação, incêndios. Mando mensagem ao J para saber se está tudo bem. Se ele demora mais que um minuto a responder, outra vez a sensação de pânico a apertar-me o peito. Ainda faltam duas horas para o despertador tocar e já não consigo dormir. E começa tudo outra vez: as dores, a vontade de chorar...

Isto tem sido o meu dia-a-dia e foi relatado num texto sem revisão e escrito em pouco mais de três minutos. A ver se o aperto passa e o sufoco desaparece.

21/07/2011

Para variar,

e porque amanhã estou de folga e não trabalho no fim de semana (já não me lembro do último fim de semana que tive sem trabalhar), o que faz um total de três dias - três - de descanso, aqui vai um miminho:


Alex O'Loughlin, Hawaii Five-0

14/07/2011

Nocturnos de António:

21:00 - vamos para o quarto e dou-lhe um bocadinho de colo. canto uma música ou conto uma história
21:10 - eu saio do quarto deixando-o na cama com duas xuxas e o Kiko
21:11 - começa a chorar de goela aberta
21:20 - farta-se de chorar e começa a cantar
21:30 - percebe que está há tempo demais sozinho, finge que chora e chama o tiúúúú
21:35 - entro no quarto com cara zangada e digo que se ele não adormece, ponho-o a pensar na vida
21:37 - começa a imitar os animais todos do repertório e chama a família toda e todos os personagens do Pocoyo
21:40 - começo a perder a paciência e só me apetece sair de casa
21:44 - começa a murmurar um género de cantilena (mmmm mmmm)
21:50 - eu penso que já adormeceu e vou espreitar para o tapar com o lençol
21:51 - dá pela minha presença (afinal não estava a dormir) e diz "ma-mã? zátá!"
21:52 - saio do quarto pela terceira vez
22 - continuo a ouvir conversa numa língua que ainda não decifrei e ignoro
22:15 - deixo de o ouvir. adormeceu

Uma hora e picos depois, adormeceu.

E isto, parecendo que não, cansa!
Isto de criar laços ou raízes ou o que é, na verdade é uma chatice. Porque todos os dias se cruzam connosco centenas de pessoas das quais não precisamos para nada e mais-valia alguma nos trazem à vida. Essas pessoas parecem uma nódoa ali no fundo das calças: se estiver lá, não faz mal porque ninguém nota, mas as calças ficavam com outro aspecto sem a nódoa. Por mais que lavemos o raio das calças, a merda da nódoa não sai e lá continuamos a usá-las semana após semana até que engordamos (ou emagrecemos, o que depois dos 30 muito menos provável) e acabamos por deitá-las fora.
Já com uma manga é diferente. Ou uma braguilha. Quem é que consegue usar umas calças sem braguilha? Claro que ninguém, a não ser que as calças sejam de elástico mas isso já é complicar muito o meu raciocínio. E depois ainda dizem "ah, e tal, mas uma braguilha só foi para Lisboa e a outra para Aveiro, não foram para a China". E eu pergunto: E??????? De que me serve uma braguilha em Lisboa e outra em Aveiro se as calças estão em Oeiras e eu preciso delas todos os dias ali, a fechar-me as calças e tal?
Todos à fava mais as raízes! É o que é.


P.S.
J. e R.: se eu podia ter-vos arranjado uma metáfora mais bonita aproveitando a conversa das raízes e puxar a coisa para as folhas, as pétalas e coisinhas fofinhas e cheirosinhas? Podia.
Mas não era a mesma coisa.

13/07/2011

R.,

Não penses que vais ficar sem um post só para ti. A verdade é que não sei bem o que escrever porque ainda não quero acreditar no que aconteceu. Todos os dias penso que vou entrar naquele sítio e vais estar lá à espera do intervalo ou do fumício.
Isto está a custar mais do que eu alguma vez imaginei. O resto...
... o resto ficou escrito e preso no limpa-pára-brisas do teu carro.

Miss u.

06/07/2011

Palavras II

Palavras que o meu filho diz:
bebé
mamã
papá
papa
popó (que me irrita, porque ninguém lhe ensinou a dizer isto, mas sim CARRO)
bôlina (assim mesmo, sotaque de leste)- bolinha
bábá - água
ouá - olá
petá - sapato
tuta - xuxa
cócó - para cócó, fralda, sanita e cotonete
eiiii - Elly, a elefanta amiga do Pocoyo que é um estrondo!
pá - pato
ontá? - onde está?
paún - pão
tiú - tio
titi
não
bóbó - Vóvó
abô - Avô
Nina - Mariana
Tita - gato Simão

Ainda sabe imitar: o pato, o cão, o gato, o elefante, o leão, a galinha, o pintinho, a ovelha, a vaca, o Tio Miguel e o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa.
Adora aviões e identifica o meu carro. Pergunta a marca dos carros (apontando para os símbolos) e o preferido é o Wolkswagen.
Além daquelas palavras, não diz mais nada que se perceba e faltam praticamente três meses para fazer dois anos. Percebe tudo o que lhe dizem. Ou é preguiçoso ou é estrangeiro; ainda não sabemos.