26/03/2014

A vingança é um prato que se serve frio,

mas convém não esquecer de o servir.

Depois da pergunta de ontem, perdi a única oportunidade de vingar toda a minha adolescência ao esquecer-me de responder o seguinte:

- Podem sim, mas quero-vos em casa às 11 da noite!!

Bolas...

Mais cenas da vida familiar:

Ontem, ao início da tarde, a minha Mãe liga-me:

- Olá! Podemos ir jantar fora hoje? Os tios M. e A. estão em Lisboa e gostávamos de estar com eles. 

Esta pergunta tem uma razão de ser muito simples. Ontem, passei uma noite péssima (azia e má disposição) e o dia não foi melhor: sensação de desmaio, falta de apetite e tonturas. Nada de grave: coisas típicas das 35 semanas de gravidez. Quando estou mais atrapalhada e o J não está, a minha Mãe vai lá a casa ajudar-me no banho dos miúdos, que é a tarefa mais pesada do dia. Por isso, queria certificar-se que eu teria a ajuda necessária num dia que, ainda por cima, estava a correr mal. 

Mas não deixei de achar piada à pergunta: passei grande parte da minha vida a pedir autorização aos pais para sair. Quase nos 40, sou eu que lhes dou autorização para irem para os copos. 

"Isn't it ironic?"

25/03/2014

Quem tem um marido assim, tem tudo.

No sábado passado, o meu filho mais velho dá-me uma cabeçada na cana do nariz que me levou às lágrimas. Chorei copiosamente durante uns quatro minutos, parecia uma criança, mas a dor era tanta que não consegui conter-me, o que deixou o puto assim para o preocupado:

- Mas estás a rir ou a chorar? O que se passa, Mamã??

Ontem, segunda feira, o (ainda) mais novo com um brinquedo na mão, daqueles que é preciso abanar para fazer barulho, acertou-me com o brinquedo na cana do nariz. Exactamente no mesmo sítio da cabeçada. Imediatamente, comecei a chorar copiosamente. É uma dor tão grande que parece que a cabeça está a partir-se ao meio, desde o cocuruto até ao queixo. Voltei a chorar agarrada ao nariz, com um filho divertido a fazer música e a dançar e outro a fazer-me festinhas no cabelo (daquelas festinhas com as mãos peganhentas que puxam cabelos) a perguntar:

- Outra vez, Mamã? Estás a rir ou a chorar?

Nesta altura, chega o marido a casa e depara-se com este cenário dantesco. As palavras de conforto foram:

- Oh, coitadinha da Mamã... O nariz dela é tão grande que está em todo o lado.

11/03/2014

Os Heróis de Higglytown (post não compreendido por quem não vê o Disney Junior - pelo menos - durante uma hora por dia)

Sabes que o Meo mudou a tua vida quando:

Eu - António, está na hora de ir para a cama. Olha para esta sala: cheia de brinquedos no chão. Como é que vamos arrumar isto?!?!?!

Ele a cantar - "Se calhar precisamos de chamar alguém especial... Alguém especial, quem pode ser? Isto não vamos resolver... Alguém que ajude, um bom companheiro: nós vamos chamar um herói verdadeiro, um herói verdadeiro..."



10/03/2014

Meninos sujos

Ao contrário da minha Mãe, eu adoro ver meninos sujos. Os meus, claro. 
A minha Mãe passa a vida atrás deles para não sujarem as calças na relva, não sujarem a camisola com pingos do iogurte, não molharem as mangas na torneira. Ela é capaz de dar sopa ao António (de quatro anos, qua-tro) só para ele não se sujar ao almoço. Isso deixa-me possessa!!
Quando chego à escola e vejo os bibes cheios de tintas, sei que passaram umas boas horas a pintar em telas enormes ou a mexer em digitintas com aquelas mãos pequeninas. Quando tenho de me sentar à noite com eles a tirar o vermelho e o amarelo das unhas, sei que saíram daquelas mãos verdadeiras obras primas em plasticina. Quando tenho de encharcar as calças de tira-nódoas na zona dos joelhos, sei que estiveram no jardim a rebolar na relva ou a jogar à bola com os amigos. Quando os dispo e vejo restos de bolacha ou pão meio mastigado, sei que se lambuzaram ao lanche com a autonomia de meninos crescidos. Quando tenho de comprar joelheiras para as calças ou vejo biqueiras dos sapatos que não aguentam três meses, sei que o chão do recreio foi palco de novas corridas de carros super velozes.
Eu não quero que os meus filhos andem passados a ferro, sem nódoas e com os cabelos impecáveis. Quanto mais sujos, amarrotados e despenteados estiverem, mais certeza tenho que eles exploraram, conheceram, aprenderam. E só isso irá fazer deles pessoas felizes.

07/03/2014

A última vez.

Ontem fui fazer a ecografia das 32 semanas. 

Isto lido assim, não passa de uma informação banal. Simples. Um facto. E para mim, até ontem, até ao momento que saí daquela sala escura onde disseram que a minha filha está óptima e no percentil 75 de comprimento (o que me deixou muito feliz porque gostava que ela fosse alta como a Mãe), também era um facto banal.
Foi quando me deitei que percebi tudo. Como é que não percebi antes??
Esta foi, muito (muuuuito) provavelmente, a última ecografia que farei porque esta será, muuuuito provavelmente, a minha última gravidez. E foi ali deitada na minha cama, com o meu filho mais velho a dormir encostado a mim e o (ainda) mais novo no quarto ao lado, que senti uma tristeza imensa. Porque para mim, isto de ter filhos é muito giro. Acho mesmo que foi para isto que nasci e tenho pena de ter percebido isso tão tarde (ou não, mas isso não interessa para agora). Mas o melhor nesta coisa de ter filhos, pelo menos para mim, é estar grávida. Adoro estar grávida, sempre adorei, era capaz de estar num permanente estado de graça. Adoro sentir-me especial, adoro sentir uma vida a crescer, adoro sentir os pontapés, adoro adoro adoro! (É provável que o facto de não fazer barrigas muito grandes, não engordar mais que 8kg, não enjoar, ajude a sentir-me bem com esta pança.)
E depois desta? Como vai ser? E se o meu marido nunca ganhar o euromilhões, condição declarada para termos mais filhos?

Ontem, tal como disse aqui, foi um bom dia. Mas acabei-o a chorar: de tristeza e de felicidade ao mesmo tempo. 
Se é que isso é possível...

06/03/2014

Hoje foi um bom dia.

- Finalmente, e depois de 5 longos dias fechado em casa por causa do vírus mão-pé-boca (quem não sabe, googla), o pequeno Manuel saiu de casa, parou de choramingar e voltou a mostrar aquele sorriso delicioso;
- Comprei um sling especial para oferecer a uma pessoa especial que está quase quase a ter um bebé (seguramente) especial;
- Inscrevi-me num workshop que vai mudar a minha vida (ou assim espero);
- Veio uma senhora cá a casa limpar a humidade (e o bolor) que se acumulou neste inverno na varanda/quarto-de-brincar dos putos; ou seja, vou voltar a ter uma sala de estar que parece uma sala de estar, e não uma sala de infantário; 
- Andei de carro com as janelas abertas, mangas arregaçadas e óculos de sol e tive calor;
- Vi a minha filha que está a crescer bem, com 2kg e pouco, e um fémur que anuncia uma verdadeira top model. 

Hoje foi um bom dia, sim senhor! Estamos prontos para voltar ao blog.