08/11/2017

Promessas

Desta vez, vai ser diferente.

Promete que não vais tratar-me bem, não vais fazer juras de amor eterno, que não vais fazer-me rir. Promete que não vais dizer que sou a melhor do mundo. 
Promete que não vais mandar mensagens de manhã que me vão fazer sorrir. Promete que não pensas em mim antes de adormecer.
Promete que não vamos passear de mãos dadas por Lisboa. Que não vamos ver o sol a pôr-se no mar. Nem vamos esperar para o ver nascer, ainda embrulhados em gargalhadas e álcool. 
Promete que não me vais oferecer flores nem memórias nem carinhos. 
Promete que não vais fazer-me sentir mulher outra vez, que não vais olhar para o mais profundo dos meus olhares, que não vais descobrir-me devagarinho, sem pressa, como se o mundo lá fora não existisse. 
Promete que não me vais mentir.

Sobretudo, por favor, promete-me que não vais fazer promessas.

07/11/2017

Ternura dos 40

Ao ler esta manhã o post da Lénia* sobre a sessão fotográfica (que ADOREI, btw), fez-me perceber com clareza o que é isto da "ternura dos 40" que os nossos pais cantavam quando éramos miúdos. Não sei se os homens sentem o mesmo, mas estou mesmo convicta que isto de ter 40 anos traz às mulheres a segurança, a maturidade e a aceitação que mais nenhuma idade nos traz.
Uma coisa é estarmos a viver o nosso corpo com 40 anos; outra é vivermos o nosso corpo com 20, 25 ou 30 anos. E quem diz o corpo diz a maneira de estar, de sentir, de opinar ou até de falar. Eu vejo isso nas minhas relações (amorosas e não só), na maneira como vivo o meu dia-a-dia, no meu emprego, na minha família. Sinto mesmo muita diferença, até porque também tenho uma capacidade analítica muito maior agora.
Sem dúvida, o ponto de viragem na minha vida foi o divórcio. Se não tivesse acontecido, com certeza eu não teria a capacidade de auto-análise que tenho agora, a capacidade de aceitação e, como é óbvio, o tempo e a disponibilidade para pensar neste tipo de coisas. 

Uma das melhores sensações é estarmos bem connosco. É olharmos para o espelho e gostarmos do que vemos: tenha mais ou menos celulite, tenha mais ou menos barriga. Isso não interessa nada porque não é a celulite ou a barriga que nos define. É libertador quando percebemos isso. E é angustiante perceber o tempo que gastamos com o foco no lugar errado. 

Hoje, disseram-me "és tão genuína..." e eu entendi isto como um elogio. Nem sempre fui assim. Passei tempo demais na minha vida preocupada em ser aquilo que os outros esperavam que eu fosse, esquecendo o mais importante: Eu.



*Desculpa, Lénia: sei que ainda te falta algum tempo para chegar os "entas", mas percebe que isto não acontece de um dia para o outro. É antes um work-in-progress.