15/12/2006

Presente de Natal

O Bento tem seis anos. Vive em Vilankulo com a mãe e duas irmãs. Tem uma camisola cinzenta de riscas, que tem de dobrar nas mangas porque lhe fica muito grande. Está descalço e tem uns calções azuis. Vive numa casa feita com o que a natureza lhe dá. Esta casa não tem água, não tem luz.
Vilankulo fica na costa oriental da província moçambicana de Inhambane, junto à baía com o mesmo nome.
O Bento faz parte de um projecto de apadrinhamento à distância do CCS Portugal (Centro para a Cooperação e Desenvolvimento), que prevê várias actividades entre as quais se destacam a educação, a saúde, a agricultura, o fornecimento de água potável, a formação profissional no artesanato local e as campanhas de sensibilização que promovem o respeito pelos direitos fundamentais do homem.

O Bento tem um olhar meigo e doce e é o mais recente membro da minha família.

04/12/2006

E o que me dá mais alento,

neste preciso segundo, é saber que daqui a 3 dias entro de férias.


(As férias que tenho sido obrigada a adiar há 4 meses...)

15/11/2006

Ilha

Muitos acham que sou “calminha”. Outros tantos pensam que sou “um bocado esquisita”. Quem me conhece melhor, diz que sou “uma boa pessoa, mas muito diferente” ou que “não me percebe”. Confesso que julgava que as coisas fossem diferentes. Nunca pensei que me fosse transformar numa ilha. Nunca pensei que sentiria falta de ser uma ilha. Nunca pensei em tornar-me uma pessoa esquisita. Nunca desejei que tal acontecesse, apesar de achar que, na maioria dos dias, o mundo todo gira ao contrário. Tenho lutado contra isso, mas nunca estive tão fraca como agora. Gosto de ser uma ilha, mas estou cansada. Olho à minha volta e é nos outros que me vejo. E o que vejo é uma pessoa muito diferente do que era, muito diferente do que imaginava que iria ser, e muito diferente dos outros. Quase a chegar aos 30, sinto-me com a força de 80 e só me apetece acomodar-me e ver o mar passar à minha volta. Não me apetece nadar, nem contra nem a favor e, sobretudo, não me apetece levantar o queixo. E deixo-me ficar nesta ilha em que me tornei, a desejar que ninguém me veja, que ninguém dê pela minha presença, para que eu não perceba que eu é que estou do avesso.

06/11/2006

Raiva!!

Hoje fui assaltada. Ia no passeio e uma mota levou-me a mala com tudo o que tinha de importante na minha vida. Chaves do carro, chaves de casa, documentos todos, o meu telemóvel novinho em folha… Ainda nem uma semana de vida tinha!
Contas feitas por alto, esta brincadeira vai ficar-me nuns 500€. E mais as horas perdidas na loja do cidadão a pedir documentos novos... outra vez (já que fiz o mesmo há um ano, quando mudei de casa).
A sorte do tipo é que eram oito e um quarto da manhã e eu andava meio adormecida! Senão, tenho a certeza que o meu guarda-chuva lhe acertava mesmo nas costas.
Humpf!

14/10/2006

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A morte de um sonho não é menos triste que a própria morte.
A. Lobo Antunes

10/10/2006

Cansaço

Daqui a poucos dias, vai fazer dois meses que ando a correr.
Quando acordo, já estou a correr. Tomo banho a correr. Como a correr. Arranjo-me a correr e saio de casa a correr. Trabalho a correr, atendendo pessoas a correr, porque as próprias pessoas também aparecem a correr e têm de sair a correr. Almoço a correr. Volto a correr para trabalhar a correr. A parte da tarde é passada a correr, a fazer telefonemas e a atender telefonemas a correr. Praticamente todos os dias, aparecem problemas ao final do dia, que têm de ser resolvidos a correr, porque queremos sair a correr, para voltar para casa a correr. E aí, é cozinhar a correr, lavar a roupa a correr, passar a ferro a correr para dar tempo para sair a correr e tomar um café a correr. Volto outra vez a correr, visto o pijama a correr, leio umas páginas do livro a correr e durmo a correr. É tudo feito a correr porque não há tempo a perder. Ando a correr para ter tempo para viver.
Mas… será que não estou a deixar que a vida passe por mim a correr, porque não tenho tempo para parar?

(Cansativa, esta posta, hein?)

27/09/2006

Sem título

Apetecia-me chegar aqui e falar da falta de apoio que estou a sentir, nas mil e uma coisas que tenho para fazer e não consigo, do medo de falhar, da falta de tempo, do desafio que não estou a ser capaz de encarar. Queria falar da solidão e da falta de mimo, das saudades e das lembranças, da revolta e da agonia, das vezes que já perguntei porquê? sem qualquer resposta. Queria falar das bóias de salvação que sempre estiveram presentes e que agora nem aparecem, mas também das outras bóias, aquelas que já não vemos há meses e que ligam e dizem "daqui a cinco minutos estou aí, se puderes, podes, se não puderes, espero o tempo que for preciso". E ainda daqueles que estão sempre que ouvem um grito de desespero, ou sentem um sinal, ou se apercebem da falta de sinais e de gritos e ligam só para dizer que estão do outro lado. Depois, tenho vontade de falar de segredos que renasceram, de nós na garganta, de surpresas matinais, de companhias inesperadas, de conversas virtuais com pessoas virtuais. Das noites em branco, dos pesadelos macabros, dos livros magníficos que tenho na cabeceira da cama, da cama gigante de todas as noites, da falta de vontade de sair, da falta de companhia para sair quando tenho vontade, da falta de coragem para encarar algumas realidades. E ainda sobre as dores das costas que estão a chegar, do Inverno que está a chegar, do anoitecer mais cedo, do amanhecer mais tarde, dos quilos que não consigo perder, das meias horas que tenho tido para almoçar e enfiar uma tosta e um sumo pela goela. Apetecia-me chegar aqui e conseguir desabafar tudo sem medir palavras, sem ferir ninguém, sem perguntas nem palmadinhas nas costas. Sem cobranças. Apenas conseguir falar. Como há muito tempo não consigo.

Falar.

10/09/2006

Há dias assim...

Uma vontade incontrolável de estar com alguém, sair, passar horas no sítio do costume, conversar sobre tudo, ver pessoas, beber uns copos, comentar situações estranhas

saltos agulha no Bairro Alto??!!??

contar como foi mais uma semana de trabalho, trocar duas palavras com um estranho

dás-me um cigarro?

revelar segredos, ouvir confidências, partilhar experiências, quem sabe ir a outro sitio, dançar até ser dia, ver mais pessoas, beber mais um copo.

Socializar.


Há dias assim... Temos tudo para dar aos outros, e não há ninguém para receber.

26/08/2006

E porque ainda é Verão

e para que não se pense que eu não gostei, aqui deixo uma tonelada de saudades.



Pó ano há mais!

23/08/2006

Convite.

A partir das 23h. Vai lá estar toda a gente!

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Força, Piranhas. Mais um mês estão no Lux.

21/08/2006

Vácuo.

É como se, de repente, um vazio me invadisse. Um vazio total. Frio e amargo. E este vazio fizesse de mim uma pessoa sem nada.

14/08/2006

"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."


William Shakespeare in Sonhos de Uma Noite de Verão

25/07/2006

Google Search

Vamos então ver como é que algumas pessoas vieram parar à Casca:

. OVO - (Esta é básica. Mas o que, EXACTAMENTE, uma pessoa está à espera de encontrar quando pesquisa "ovo"?!?!)

. RABUGENTO OVO - (Vá, ok... Ovo ainda vá. Mas rabugento!?!? EU? Puf...)

. QUANDO AS PESSOAS NOS DESILUDEM - (É impressão minha ou o meu blog está a tornar-se meio maníaco-depressivo?)

. COMO CONQUISTAR UM HOMEM DEPOIS DE PRESSIONÁ-LO - (Bem, minha querida pesquisadora, agora que fizeste asneira queres redimir-te, não é? Pensasses nisso antes! E não tenho bem a certeza que a net seja a melhor ajuda. Antes um bocadinho de maturidade??)

. DIZERES SOBRE BORBOLETAS - (Eu sabia que elas ainda andavam por aí. Foram 12 aniquiladas, mas ainda habitam os meus pesadelos. E não só, pelos vistos)

Freak, right??

23/07/2006

Eu vivi um sonho.

Durante esse tempo, eu fiz tudo para não pensar na realidade. Sabia que era um sonho, que ia acabar, quando ia acabar. Mas nunca pensei nisso, e vivia cada dia como se fosse o último. Vivia cada momento como se no minuto a seguir o despertador tocasse e eu fosse obrigada a acordar. Durante o meu sonho, eu consegui ser feliz e sabia que, se dependesse de mim, era assim que ia viver para o resto dos meus dias. Não precisava ser sempre Verão, não precisava estar sempre longe daqui.
Eu vivi um sonho e, como todos os sonhos, o meu acabou. A realidade não é dura mas no meu sonho o desejo existia e eu era uma pessoa muito mais completa.
Os sonhos fazem-nos sentir especiais. Na realidade, sou só mais uma mulher, com os mesmos medos, os mesmos anseios. E esta necessidade mórbida de remexer no passado e nos sonhos, está a desfazer-me…

04/07/2006

Ecoponto

Será que ainda ninguém explicou àquelas criancinhas de onde vem o Ecoponto? Será que ainda ninguém teve coragem de lhes dizer que não vieram de Paris, nem do dinossáurio e muito menos foi a cegonha que os pôs?
Os intervalos da TV portuguesa estão, há meses, a ser bombardeados pela publicidade ao Ecoponto. Yah, é giro, e até tem uma certa piada, os putos ali a perguntarem porque é que na rua do Manel há um Eco-ponto e na minha não. Mas, depois da publicidade do Ambrósio (para quem não se lembra, o chimpanzé que nos ensinava a separar o lixo, humpf), é impressão minha ou a cansativa repetição deste spot está a chamar-nos alguma coisa? Mas agora, expliquem-me como se fosse uma criança de 4 anos.

25/06/2006

18/06/2006

Regresso

Amanhã volto à realidade. Não sei se algum dia saí dela... pelo menos volto à rotina a que estou mais habituada.
Nestas férias, com o tempo a ajudar e a garganta inflamada, aproveitei para descansar muito, dormir muito e passear pouco. Ainda deu tempo para um fim de semana em S. Julião (suspiro), o Santo António no sítio do costume, uma ida a Mil Fontes (suspiro) e um dinheirão gasto no Ikea.
O que eu queria fazer, ou seja, pôr as ideias em dia, a cabeça serena, organizar sentimentos, não fiz. O meu mundo continua a maior das salganhadas e não há perspectivas de melhoras.

Once Banana, always Banana...

30/05/2006

Eu e as P**** das borboletas.

Só não digo aqui as asneiras todas que eu conheço porque a minha Mãe costuma ler a Casca, e ela não sabe que o meu repertório é tão vasto.
Fui passar o fim de semana fora, e quando cheguei tinha a casa cheia de umas borbolotas nojentas e enormes. Eu nunca fui muito nojentinha com insectos. Se não me chateassem, eu também não os chateava. Mas também nunca fui capaz de matar o que quer que fosse maior que uma mosca. Vá, está bem... uma barata. Mas estas borboletas nojentas não só são maiores que uma barata, mas ainda chateiam à brava, porque andam sempre à volta dos candeeiros e as asas fazem um barulho altamente irritante.
Consegui umas cunhas para me matarem três delas, mas ontem à noite e hoje de manhã, fi-lo com as minhas próprias mãos. Ou melhor, com a minha própria esfregona. E o que as cabras que custam morrer?? Os vizinhos deviam achar que eu era doida, porque entre insultos e choro de desespero, ontem houve de tudo até às duas da manhã. E hoje, logo às sete da matina, idem aspas.
Resultado: fui ao Corte Inglês e saí de lá com uma lata de Dum-Dum, um Raid para ligar à parede, e uma vela de cheiro, para pôr a arder quando chegar a casa e as borboletas estiverem todas mortas.

Adoro o calor abrasador. Odeio os insectos que nascem com o calor abrasador.

15/05/2006

Preciso de ti.

Preciso de ti para me dizeres que há sempre um caminho.
Preciso de ti para me dares na cabeça.
Preciso de ti para me dizeres que, mais uma vez, fui pelo caminho errado.
Preciso de ti para me dares a tua mão.
Preciso de ti para me mostrares que há sempre um amanhã, que há sempre alguém, que há sempre uma saída.
Preciso de ti para encostar a minha cabeça no teu ombro e poder chorar a noite inteira.
Preciso de ti para me vires buscar e me levares a um sítio só nosso.
Preciso de ti para me dizeres que sou burra.
Preciso de ti para me ralhares, para me censurares, para me criticares.
Preciso de ti para me dizeres "eu avisei-te".
Preciso de ti para me lembrares que, se estivéssemos juntos, nada disto acontecia.
Preciso de ti para me mostrares que contigo, seria muito mais feliz.

Preciso de ti.
Há muito tempo que preciso de ti.

23/04/2006

E se eu...

... me apaixonasse pela pessoa errada? Será que já chegava? Será que dava para preencher este vazio?
Preciso de me apaixonar. Tenho saudades de sentir borboletas no estômago, de sorrir cada vez que o telemóvel toca, de dizer: “não sei se posso hoje, tenho de falar com o X”, até de gastar rios de dinheiro em telemóvel e jantares fora.
O que eu tenho mesmo saudades é da cumplicidade, de ler o olhar, de adivinhar pensamentos, de não ser preciso dizer para se perceber.
Eu sei que não há pessoas certas ou erradas: há pessoas mais compatíveis que outras.
Mas eu tenho saudades de estar com a pessoa certa…

16/04/2006

Páscoa.

Fim de semana sozinha em Lisboa. Horas e horas sem nada para fazer, e a imaginação a voar, a voar.
- 5ª Feira - trabalho de manhã, Ikea à tarde, Bairro Alto à noite.
- 6ª Feira - escolher oito fotos, mandar fazer cópias, estudar, estudar, estudar. Torres Novas à noite, café com os meninos.
- Sábado - dormir de manhã, CCB à tarde, DVD session à noite.
- Domingo - caminhar de manhã, almoço em casa dos Pais e bricolage à tarde.

Eu até pensei que isto não ia dar muito certo, mas se o Puto Carlos e a Namorada conseguem, porque é que eu não hei-de conseguir? Tortas ou não, as molduras que comprei a 0,99€ cada conjunto de quatro ficaram o must. Aqui fica uma amostra do resultado e o pormenor.

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Sinceramente, ao vivo fica bem mais giro!

10/04/2006

Estou a tornar-me numa eremita.

Sempre gostei de estar sozinha. Quando vivia com os meus pais, costumava de sair de casa só para estar sozinha. Ia para a praia, ia ver exposições, andava de carro por aí, só para estar sozinha. Nunca tive medo da solidão. Para mim estar sozinha é mesmo uma necessidade.
Desde que vivo sozinha, já não preciso de sair de casa. Estar sozinha é um estado normal. Gosto de ficar em casa, de ver DVD’s, ler, sentar-me no sofá com o computador no colo e escrever, escrever, escrever.
Atenção! Adoro estar com os meus amigos. Adoro sair, adoro conversar, ver gente, conhecer pessoas, conhecer sítios novos, amigos dos amigos, conviver. Mas, ultimamente, quando saio por mais de umas horas (tirando quando vou trabalhar) tenho umas saudades da minha casinha!
Aqui há semanas, fui passar um fim-de-semana a TN. Tenho lá grandes amigos e já foram vários os fins-de-semana que passei lá. Então, nessa última vez que lá estive, a meio da noite, só pensava como fiz mal não ter levado o meu carro. Só me apetecia vir para casa, para o meu sofá, para a minha cama, para o meu espaço. Eu estava a gostar de estar lá com o pessoal todo, com os meninos ao rubro e as meninas em grande estilo. Mas as saudades eram tantas que, logo que arranjei boleia para Lisboa, aproveitei e às 8 da manhã estava a entrar em casa.
E assim se tem passado desde há algum tempo. Cada vez que saio, batem umas saudades de casa que tenho de voltar o mais depressa possível. Não necessariamente para ficar sozinha (isso é mais uma imposição que uma opção). Mas porque tem mesmo de ser. As saudades falam mais alto.

Por isso, menina R., não penses que sou uma “cortes” ou uma cota ou uma mal-disposta. Um dia, hás-de perceber…

28/03/2006

Eu e as lides domésticas.

Nunca tive muito jeito para fada do lar, mas quando precisava, até passava a ferro umas t-shirts ao meu irmão em troca de 500 paus. Desde que vivo sozinha, os meus pitéus não passam de dois pratos: bifes de peru com puré ou massada (as minhas massas são fantásticas: com natas, salsichas ou atum, tomate e milho). Quem não gosta de comer, normalmente, não gosta de cozinhar, e eu lá vou variando entre estes dois pitéus e a comida que trago da casa da Mãe.
Também tenho a sorte da D. Lurdes poder vir cá duas vezes por mês, para arrumar as pilhas de roupa que deixo a “arejar” em cima da cadeira e deixar a minha casa a brilhar e a cheirar a Sonasol Amoniacal.
Agora a parte de estender, apanhar e dobrar cuecas e meias está a revelar-se uma tarefa que habita os meus piores pesadelos. Nunca gostei de estender roupa. Meias e cuecas, muito menos. Apanhá-las da corda, idem aspas. Agora dobrá-las, nem mesmo com o melhor episódio dos Morangos com Açúcar à frente para distrair.
Hoje, estava eu entre esta tarefa e um episódio importantíssimo de Ninguém Como Tu, descobri que me sobravam uma meia preta e uma azul escura. As outras, todas dobradinhas aos pares (as pretas com as pretas, a azuis com as azuis, as rosa-shocking com as rosa-shocking, as laranja com as laranja), descansavam ao meu lado, à espera de serem arrumadas na gaveta. Aquelas duas, desemparelhadas, olhavam para mim tristes e abandonadas pelos seus pares, sem que eu soubesse bem o que lhes fazer.
Das duas, uma: ou as deito para o lixo, ou acabo por usá-las por debaixo das botas de cano alto. Assim como assim, não se vêem!


A minha vida balança entre o pseudo-desmazelo e a falta de jeito.

22/03/2006

I think I can see a tiny spot of light…
I think I can see a hope…
I think I can…

12/03/2006

É lixado...

Quando nos habituamos a um estilo de vida…
Quando nos habituamos a uma pessoa…
Quando nos habituamos a um sítio…
Quando nos habituamos a um trabalho, a uma função…
Quando nos habituamos a um grupo de amigos…
Quando nos habituamos a ter miminhos…
Quando nos habituamos a uma voz…
Quando nos habituamos a uma maneira de cozinhar…
Quando nos habituamos a ver uma série de TV…
Quando nos habituamos a um ritual…
Quando nos habituamos a uma música…
Quando nos habituamos a ouvir que gostam de nós…
Quando nos habituamos a ver as mesmas coisas nos mesmos sítios…

…quando uma destas coisas falha…

04/03/2006

Letra O.

Às vezes, tenho esta estranha sensação de não saber bem o que ando aqui a fazer. Ontem, numa conversa um pouco hostil, disseram-me que eu não sabia quem eu era. E que, inclusivamente, havia profissionais que podiam ajudar-me a descobrir-me. Achei um disparate, que não, que não preciso de ninguém, que sei muito bem quem sou.
Mas vejo-me aqui sentada, depois de um dia de pura futilidade, sem saber muito bem o que fazer. Os meninos estão todos na festa (é verdade, eu também estaria lá se não estivesse doente), a pensar que não há nada melhor do que pensar em nada, beber copos e dançar como se não houvesse amanhã.
E eu?
Eu, aqui à espera que a bactéria saia ou morra ou se desfaça ou que um raio a parta, sem saber muito bem se hei-de ficar a martirizar-me pelos erros que cometi, ou se hei-de continuar a viver a minha vida usando esses erros como exemplos a não seguir.




[Depois de muito tempo em frente desta página meio escrita, chego à conclusão que eu sei quem sou. Sei muito bem. O meu problema, é não saber o que faço. Ou não saber distinguir entre o bem e o mal. Em não saber se o que faço é bem ou mal feito, antes de o fazer. Em perceber que só faço asneira muito depois de a fazer. Não preciso que um profissional me diga que tenho um O na testa. Basta olhar-me no espelho…]

10/01/2006

07/01/2006

É agora...

Desde que estou na minha casa, ainda não tinha escrito uma posta como deve ser. Os rascunhos são muitos, mas nada que valesse a pena ser mostrado. A quantidade de sentimentos é muita, a mudança trouxe muitas coisas boas, estou a viver tudo tão intensamente que nem tenho tido muita presença de espírito para escrever coisas com nexo.
Apercebi-me que 2005 foi o meu ano. Ou, pelo menos, o último semestre. Tudo o que eu sonhei, o que eu desejei, o que eu planeei, aconteceu. Correu tudo muito bem. O Verão em Milfontes não podia ter sido melhor. A mudança de casa. O emprego tem vindo a dar frutos. Os colegas de trabalho são os melhores. Até mesmo a passagem de ano em Barcelona.
Tenho tido alguns conflitos com a idade. Às vezes, sinto que sou a "crescida" do grupo, por ser uma das mais velhas. Ao mesmo tempo, sinto-me deslocada quando estou com pessoas da minha idade que só falam em filhos e em maridos, porque vejo essa realidade tão distante...
À parte disso, sinto-me bem sozinha. Não quero filhos, não quero marido, não quero voltar a ser teenager, não quero chegar aos 30, não quero que nada seja diferente do que está a ser.
Tornei-me uma pessoa mais fria, mais distante. Há quem tenha notado e não goste. Mas eu gosto muito mais de mim assim. Mais fria, mais distante, mas também muito mais segura, independente. Com menos paranóias e mais auto-estima.
Claro que me fazem falta outras coisas. Não me importava de me sentir apaixonada outra vez. Às vezes, faz-me falta andar de mão dada, ir a festas acompanhada, dizer que tenho alguém com quem me sinto bem e à vontade. Alguém com quem partilhar tudo isto. Mas é só às vezes...

Para 2006, não vou pedir mais nada. Quero que tudo continue igual.