Todas as manhãs o leão acorda: ele sabe que tem de correr mais que a mais veloz das gazelas, senão morre de fome.
Não importa se você é gazela ou leão: quando acordar, comece a correr.
(sabedoria africana)
Quando li esta história, identifiquei-me imediatamente. A minha vida passa com tanta velocidade que estou com sérias dificuldades em encontrar-me nela. Os miúdos crescem e eu já não consigo agarrar-lhes os momentos mais importantes. O trabalho exige tanto e a uma rapidez que eu já não consigo desfrutá-lo. O sono... ah, o sono: eu durmo a correr e acordo cansada (e sou uma sortuda porque durmo a noite toda).
Tenho a sensação que passo os dias a correr entre a gazela e o leão: corro para não ser comida e corro para comer. Nos escassos segundos que consigo parar, olho para o espelho e não me reconheço. Olho para a pessoa que dorme comigo e não o reconheço. Olho para os miúdos e quase não os reconheço.
Eu gosto da vida que tenho. Eu sinto-me feliz. Verdadeiramente feliz. Mas não quero viver a correr. Recuso-me.
* Pergunta ouvida no workshop de Escrita Habitual que fiz com a Dora.
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