- Segunda-feira, chamaram-me madura. "És tão madura", atiraram assim entre uma colher de sopa e dois dedos de conversa. E aquela palavra ficou ali entalada entre um assunto e outro, presa por uma vaga sensação que não podia ser sobre mim. O meu nome não rima com aquela palavra. Nunca rimou.
- Quarta-feira, uma colega minha no ballet, novinha, cara de estudante universitária, viu-me a chegar a esfregar as mãos com energia. "Está com frio?", perguntou e eu não percebi bem a forma e concentrei-me no conteúdo e disse que sim, estava com as mãos e o nariz frios. Ela continuou "os seus bebés, estão bons?". SEUS??!! Ela tratou-me por você. Ela, miúda educada, fofinha, no fim dos teens, achou que eu seria velha o suficiente para não me tratar por tu. Nós ali, vestidas de igual: maillot preto, collants e sapatilhas rosa. Eu era "você", ela era "tu".
- Hoje, almocei com a minha Amiga R e com o meu marido e falávamos sobre isto de sermos crescidos. Eles, ambos mais novos que eu. Contei-lhes a história do ballet e riram-se. "Ainda não percebeste que estás praticamente nos 40?"
Não. Ainda não percebi.
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