10/01/2014

[Não tenho título para isto]

Um português estava a estagiar num país do norte da Europa (Finlândia, Noruega, Suécia, não sei qual). Um dia apanhou boleia de um colega que o levou de carro até ao trabalho. Foram dos primeiros a chegar e, apesar de haver imensos lugares de estacionamento mesmo à porta do edifício, o colega estacionou num lugar bem mais longe. Ao ver aquilo, o português achou estranho e perguntou porque é que ele tinha escolhido aquele lugar, com tantos que havia mesmo à porta:
- Não tenho pressa! Estes lugares ficam para aqueles que, por qualquer imprevisto, tiverem que chegar atrasados. Assim, não perdem tempo a chegar ao edifício.

Já não sei quem me contou esta história e nem sequer se ela é verdadeira. Isto é impensável no nosso país, certo?

Todos os dias choco com pessoas que se estão a cagar para os outros. Desculpa a linguagem, Mamã, mas é esta mesmo a expressão que quero usar: cagar para o próximo. Não é egoísmo: eu também sou egoísta, gosto de ver os meus interesses em primeiro lugar, gosto de me colocar em primeiro, mas caramba!, não passo por cima de ninguém para o fazer. Não piso ninguém! Ok, se calhar, não sou egoísta pura, sou só uma egoísta-zinha ou uma pseudo-egoísta. 
Ontem, entrava no edifício onde trabalho. Da porta, vejo o elevador: são uns 8/10 passos, e vi uma senhora a entrar, olhar para mim, carregar no botão e fechar a porta. Eu fiquei de fora.
Hoje, dia de chuva intensa, vi carros estacionados nas passadeiras à porta do edifício e, para passar por eles, não só tive que ziguezaguear com o meu carro como, a pé, tive que os contornar sendo obrigada a ir pelo meio da estrada.
Atenção: trabalho num sítio com estacionamento reservado (não há lugares marcados mas está reservado para funcionários, pessoas que trabalham comigo todos os dias, directa ou indirectamente).
Claramente, estas pessoas estão a cagar-se para as outras. Acho que isto ultrapassa o egoísmo: estão mesmo a CAGAR. Não lhes interessa todas as pessoas que os rodeiam, não lhes interessa! Para eles, não existe mais nada para além do seu próprio umbigo.
Não estou à espera de ter um lugar à porta quando entro às 10h, como na história que contei. Estou apenas à espera de consideração, de respeito. 
No mínimo, de respeito.

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