19/02/2004

Sou, muitas vezes,

criticada por gostar de te ouvir.
Vais ser, para sempre, a intérprete de "Pássaros do Sul", com a "voz de menina mimada". Cresceste muito, desde essa altura. Amadureceste bastante e isso reflecte-se nas tuas letras e nas músicas que compões, que me fazem pensar, com as quais me identifico, que me fazem levantar os pêlos dos braços.
A tua mensagem é quase sempre a mesma: a vida, o dia-a-dia, as barreiras que surgem, as pessoas que passam, os amigos que ficam. E sempre a esperança de um dia melhor, de um tempo melhor, de uma vida melhor.
Em vez de tentar escrever sobre ti, deixo aqui a letra da música que mais me tocou, até agora, e que até conseguiu soltar uma lágrima, num dos teus concertos no CCB, onde o cenário (panos de cores quentes que ligavam o chão ao tecto) era, na sua simplicidade, encantador. Tal como tu.

Vai caminhando desamarrado
Dos nós e laços que o mundo faz
Vai abraçando desenleado
De outros abraços que a vida dá
Vai-te encontrando na água e no lume
Na terra quente até perder
O medo - o MEDO - levanta muros
E ergue bandeiras pra nos deter

Não percas tempo,
O tempo corre
Só quando dói é devagar
E dá-te ao vento
Como um veleiro
Solto no mais alto mar

Liberta o grito que trazes dentro
E a coragem e o amor
Mesmo que seja só um momento
Mesmo que traga alguma dor
Só isso faz brilhar o lume
Que hás-de levar até ao fim
E esse lume já ninguém pode
Nunca apagar dentro de ti
Lume, Mafalda Veiga

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