03/02/2004

Ainda ontem,

sonhei contigo outra vez.
Estavas vestida de branco e azul, como sempre. Sussurraste qualquer coisa no meu ouvido, e eu acenei com a cabeça. Depois, pegaste na minha mão e levaste-me a passear.
Andámos por campos muito verdes, com muitas papoilas. Chegámos a um deserto, muito quente e amarelo. Andámos muito, até que o deserto acabou numa praia, com o Mar muito calmo, muito limpo e muito azul, onde molhámos os pés e sentimos a água muito fria, com peixes muito grandes e muito coloridos (nos sonhos é assim, tudo muito nítido, muito "muito").
Quando nos deitámos na areia quente, senti a tua mão pequenina a tocar na minha cara. Abri os olhos e vi-te, o teu rosto colado ao meu, o teu cabelo sujo de areia e de sal, o teu olhar cheio de Mar e o teu sorriso, que me encheu a vida.
O sol queimou os nossos corpos, enquanto brincámos na areia molhada. As ondas insistiam em destruir os nossos castelos. E nós ríamos. Ríamos muito e as nossas gargalhadas chegaram ao céu e voltaram em forma de pinguinhas quentes que nos molharam o cabelo.
Olhaste para mim, riste ainda mais alto e correste pela praia, até te perder de vista. Não voltaste mais, nessa noite.
Hoje, o dia amanheceu mais claro e mais quente.
E, saber que tu existes, assim pequenina, mesmo que seja só nos meus sonhos, mesmo que seja só dentro de mim, deixa-me muito mais feliz.

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