19/04/2004

Sinto falta...

Sinto falta da Baixa pela manhã, do senhor que dá milho aos pombos na Praça dos Restauradores e do senhor que me vende o jornal, sempre à espera que eu compre mais uma "revistinha".
Sinto falta dos colegas, de chegar ao Teatro de manhã cedo, de tomar café na SolMar, de dizer bom dia ao arrumador, do Sr. A., todos os dias com a sua piada nova.
Sinto falta do dia que começa calmo e vai ficando cada vez mais atarefado, com o stress, com o reboliço do "é preciso para ontem".
Sinto falta das meias doses do Sr. Raul que me faz sempre uma "atençãozinha na conta porque a menina é do Teatro e a vida anda mal para todos".
Sinto falta da música, das vozes, dos cantos, de ouvir os passos no chão de madeira antigo.
Sinto falta dos telefones a tocar, do corre-corre.
Sinto falta do burburinho do público a chegar, dos olhares de espanto, outros maravilhados com o espectáculo que se criou para eles próprios assistirem.
Sinto falta da arte de representar, de dançar, de cantar, do mundo do faz de conta onde vivo, todos os dias.
Porque o Teatro é assim: o mundo do faz de conta, onde se representa, onde se canta, onde se dança, onde tudo e todos lutam por um mesmo ideal, que é dar a este país um Teatro de qualidade, feito por pessoas apaixonantes e apaixonadas pela sua profissão.

Mas, há coisas que têm de ser feitas, e para que o espectáculo possa "viajar", há imensas coisas que têm que ser feitas e preparadas e organizadas e produzidas. E cá estou eu... A fazer isso mesmo...
...no Porto

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