Esta distância deixa-me um bocado impotente.
Sei que estás a passar um mau bocado, e o facto de estarmos tão longe deixa-me triste. Como tu própria disseste, os amigos podem não conseguir levantar-te, mas pelo menos não te deixam cair...
Não gosto nada de saber que estás em baixo, que há pessoas que te deixam em baixo.
Sabes, és das pessoas de quem eu mais sinto falta. Podemos falar muito ao telefone, mas não é a mesma coisa.
Por falar em telefone, tenho que pedir-te desculpas e agradecer-te do fundo do meu coração a seca que apanhaste ontem, quando eu te liguei desesperada. Há momentos que, por si só, são difíceis. E quando há pessoas que os tornam mais difícies, aí é uma revolta que nasce aqui dentro e só me apetece gritar.
Eu sei que é precisamente isso que está a acontecer contigo... Mas, apesar de reagirmos de maneira parecida, ultrapassamos as coisas de maneira muito diferente, e é isso que me preocupa mais...
Amiga...
Não sei o que posso dizer ou fazer para te ver mais contente. Se estivesse aí, podia dar-te aquelas festinhas como tu me dás, daquelas que só tu sabes fazer e que eu digo que não gosto mas gosto tanto.
Podia dar-te o meu colo e abanar-te e dizer pronto pronto já passou já passou.
Podia pegar em ti e irmos jantar ao Chinês e despejar uma garrafa de Casal Garcia e ficarmos encarnadas e rirmos feitas parvas até virem as lágrimas aos olhos e acordar no dia seguinte com uma dor de cabeça brutal.
Podia ir buscar-te e levar-te às Avencas e ficarmos a ver o Mar e falarmos sobre tudo e sobre nada durante horas e horas.
Podia, em último caso, levar-te a casa do Tiago só para estares com ele e com o Chico: eles fariam com que tu te risses, de certeza absoluta.
Mas eu estou a mais de 300 quilómetros de distância...
"Apaga a luz do quarto, abre a janela e deixa entrar o silêncio da noite, escuta o riso das estrelas e sente no teu rosto o beijo que a lua te manda por mim."
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