11/01/2004

A Vida no Teatro – ou o Teatro da Vida

Amanhã é outro dia...
Vamos todos para casa, cansados mas felizes. Os aplausos, as ovações, 600 pessoas de pé que, durante estas (quase) três horas, sonharam, riram, aplaudiram e – tenho a certeza, algumas delas – choraram. Mais um dia, valeu a pena. Só por causa do público, vale a pena voltar amanhã. Aquele tempo todo com um sorriso estampado no rosto, a energia da dança, a magia da música, a correria dos camarins, muda a roupa, troca a peruca, os improvisos

o cansaço, não aguenta

entra o palco, ar snob, é aristocrata, é finíssima, é novo-rico, sai do palco, muda a roupa

merda, todos os dias o mesmo

é taberneiro, é bêbedo, é varredora de ruas, mas o sorriso está lá, sempre um sorriso, como se fosse a estreia, como se fosse a primeira vez. O espectáculo vai começar

e já o cansaço

ouve o público entrar na sala, a agitação, a maquilhagem, a concentração.
A aula de voz, o aquecimento, a aula de sapateado, não, hoje é de ballett. Chega mais cedo, vai ao bar, vai à contabilidade, ao guarda-roupa, à bilheteira. A produção, o encenador, amanhã começa mais cedo

há ensaios: está tudo mal

amanhã, não sabe se vem. Cansaço, exaustão, não quer mais representar.

quero ser eu, deixem-me ser eu. Vou desistir, hoje, é o meu último dia. Não quero mais.

Chega. Olá, bom dia!

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