27/07/2010

Passamos uma vida inteira a construir uma personalidade. A manter-nos fiéis aos nossos princípios, a honrar a educação que nos deram, a sermos melhores. Dia após dia estamos perante escolhas, algumas delas muito difíceis, perante provações e temos que mostrar o que valemos. No trabalho, na família, no círculo de amigos. Mesmo que este trabalho não nos dê "trabalho" e mesmo que não dêmos conta que estamos a prestar provas. Construímos esta maneira de ser e de estar, de educados tornamo-nos educadores e passamos os nossos valores aos nossos filhos. Ensinamo-los a ser melhores pessoas, generosas, educadas, que respeitam o próximo. Valores como a partilha, a auto-estima, a segurança.
E de repente, aparece um gajo que deita isto tudo ao chão. E, não contente com isso, ainda pisa, repisa e pontapeia. Pega em nós, mesmo sem nunca nos ter visto, e pica, mexe, torce, magoa, fere. Em meia hora, essa pessoa sacode tudo o que nós somos. Chicoteia a auto-estima. E nós, sem podermos fazer nada engolimos sapos atrás de sapos. Calados, ouvindo e calando, porque a nossa educação não nos permite responder assim a uma pessoa que além de ser mais velha é desequilibrada. Mesmo que saibamos que há este desequilíbrio, mesmo que não sejamos os únicos a quem isto acontece, a volta ao estômago é tão grande, tão grande que chega a dar vontade de vomitar.

E desse gajo, só me apetece ter pena. E talvez tenha daqui a uns dias.
Hoje, só sinto raiva.

2 comentários:

disse...

Aos (quase) 36 anos, aprendi já que educação e sujeição são duas coisas que se confundem muitas vezes, apesar de serem absolutamente diferentes. Não devemos deixar que mexam com o que temos de mais "nosso" se isso nos incomoda.

Susana disse...

sim, é verdade. mas quando mexe com o nosso emprego, vemo-nos de mãos e pés atados.