Eu sei que já não nos conhecemos bem, que a nossa relação agora não passa de bom-dia-boa-tarde. Sei que até me acham uma vizinha simpática porque faço questão de ajudar a trazer as compras do Sr. Teodósio. Sei que simpatizo com o vosso cãozito, apesar de ele ser um bocado assustadiço e não dar muita confiança. Sei até que eu e a vossa filha partilhamos o mesmo nome, tão na moda nos finais dos anos 70 - inícios dos anos 80.
Mas, meus queridos vizinhos do terceiro andar, em memória dos velhos tempos em que os vossos filhos e eu brincávamos na rua, que andávamos de bicicleta até as luzes dos candeeiros da rua se acenderem, que lanchávamos na casa uns dos outros, que fazíamos corridas de caricas e que brincávamos ao macaquinho do chinês, à sirumba e ao elástico, e em nome da boa vizinhança que o nosso prédio (ainda) consegue manter, por favor, digo-vos de alma e coração nas mãos, eu ADORO dormir. Eu deito-me tarde. Eu levanto-me tarde. Eu estou de férias (forçadas, mas não deixam de ser férias). Por isso, senhores vizinhos do terceiro andar, importam-se de dizer aos senhores que ocuparam a vossa casa há mais de duas semanas PARA COMEÇAREM A MER.. DAS MARTELADAS E OS CABR... DOS MARTELOS PNEUMÁTICOS E OS FILHOS DA PU.. DOS BLACK&DECKER'S E OS CARAL... DOS FUROS NAS PAREDES SÓ A PARTIR DAS TRÊS DA TARDE? Já não basta o calor?!?!?
Obrigada.
29/07/2004
28/07/2004
Fogo!!
Apesar de nunca ter definido uma temática para a Casca (o que eu acho ser uma grande lacuna deste blog), sempre tentei abster-me dos acontecimentos importantes do país e do mundo. Não falei do Euro, não falei da mudança do Governo, nem sobre outros assuntos que tais. Prefiro não opinar. As razões são as mais variadas, mas passa também por ler tanta coisa na blogosfera que não ia acrescentar nada de novo. Com certeza só iria repetir-me.
Desta vez, não vai ser diferente. Não vou escrever nada. Não vou dizer o que penso, o que eu acho que devia ser feito, não vou culpar ninguém. O mal está feito (aliás, está a ser, neste momento, feito) e todos os anos vão ser iguais, por mais campanhas que sejam feitas, por mais promessas que os grandes façam, por mais palavras que se digam ou escrevam, por mais gritos que se gritem.
Infelizmente.
Só me resta dizer, citando a autora de um blog bem conhecido e, de certeza, todos os portugueses que vêm o noticiário todos os dias:
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Desta vez, não vai ser diferente. Não vou escrever nada. Não vou dizer o que penso, o que eu acho que devia ser feito, não vou culpar ninguém. O mal está feito (aliás, está a ser, neste momento, feito) e todos os anos vão ser iguais, por mais campanhas que sejam feitas, por mais promessas que os grandes façam, por mais palavras que se digam ou escrevam, por mais gritos que se gritem.
Infelizmente.
Só me resta dizer, citando a autora de um blog bem conhecido e, de certeza, todos os portugueses que vêm o noticiário todos os dias:
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
Foda-se.
27/07/2004
Apesar de tudo o que foi escrito,
e da maneira desenfreada como foi escrito, estou muito bem!
Obrigada pela preocupação.
Obrigada pela preocupação.
Outra coisa que me aborrece horrores é esta bipolaridade.
Enquanto num dia o mundo gira todo à volta do meu umbigo no dia seguinte estou toda fora deste planeta e tudo parece obtuso e assim como é que querem que uma pessoa bata bem da bola quando chega a hora H da oportunidade de falar tudo e de tornar tudo transparente mas o que lhe vem à cabeça é falar sobre o tempo e a saúde e nem consegue dizer pão com manteiga foda-se como é que é suposto impressionar alguém assim e se é para dizer aquelas merdas fúteis e superficiais também mais vale ficar calada e nem sequer mudar nada porque o mais frustrante é tentar mudar sem conseguir e como a mim bem me parece que não vou conseguir mudar nada porque estou na fase de estar fora de todo o mundo e a sensação que tenho é que está toda a gente a remar para o lado errado e só eu é que estou certa então para isso é melhor ficar quietinha no meu canto para passar despercebida e ver se me esquecem até à próxima fase em que o centro do universo é o meu umbigo mas também não sei se falta muito para essa fase porque eu sei que tenho duas o que eu não sei é o espaço de tempo entre uma e outra mas estas coisas também só passam pela cabeça de pessoas que dormem 3 horas por noite e não conseguem comer por causa do calor e depois dá este tipo de alucinações a minha Mãe é que tem razão quando diz que qualquer coisa falhou na minha educação só ainda não percebeu o que era e eu também não mas olha bardamerda para esta merda toda e mais uma vez escrevi escrevi e não disse nada mas agora descobri que esta coisa alivia nem que seja pela rapidez alucinante em que estou a escrever estas baboseiras todas qual adolescente problemática do 8º ano com acne juvenil óculos de fundo de garrafa e aparelho nos dentes mas olha sou infantil e nunca neguei e gosto de ser assim e quem gosta gosta e quem não gosta paciência e parece que a minha fase self-centered está a voltar por isso deixa-me aqui sentadinha à espera que ela chegue e que o dia nasça e que o calor venha e que tenha coragem para te dizer que as coisas são assim e nem tudo o que dizemos a brincar é assim tão pouco sério.
Percebes?
Bolas! Que este ainda saiu mais rápido que o outro...
Percebes?
Bolas! Que este ainda saiu mais rápido que o outro...
26/07/2004
Queria escrever assim
qualquer coisa mais profunda para tentar explicar isto que ando a sentir mas ou sou eu que estou muito superficial ou então é o calor que anda a derreter as palavras e não sai nada de novo. O melhor é mesmo fazê-lo de uma vez sem procurar a profundidade das palavras porque quer queiramos quer não elas têm todas o mesmo significado e no final nada vai mudar mesmo. E depois há o inconveniente de o cérebro andar preguiçoso por causa do sol e do calor e de não andar a fazer nada e passar os dias na praia e na piscina não faz com que os neurónios trabalhem mais nem um bocadinho o que torna assim esta tarefa muito mais difícil apesar das minhas tentativas hercúleas de começar a bater nas teclas com a maior rapidez possível assim como quem é muito tímido e tem uma coisa muito importante para dizer a alguém muito importante no msn e não tem coragem e de repente escreve tudo e depois clica no enter e depois desliga e ainda desaparece como se fosse uma criança de 8 anos. Por outro lado também há a puta da consciência que me impede de dizer o que quero porque depois quem diz o que quer ouve o que não quer e merda o problema é mesmo pensar demais e afinal não sou assim tão pedra como queria ser ou então sou e o verdadeiro problema é pensar mais nos outros do que em mim e eu que já tinha aprendido há qu’anos que não devo ser assim mas foda-se uma pessoa também tem sentimentos e o meu sentimento dá para não magoar os sentimentos dos outros mas porque é que eu sou assim se eu fosse mesmo pedra seria muito mais feliz e será que seria mesmo? E pronto já disse tudo o que tinha a dizer e afinal não disse nada de jeito ou então disse e o barrete há-de ser enfiado a quem servir ou então ninguém percebe nada mas também que se lixe porque eu também não percebo nada do que estou aqui a escrever merda porque é que eu sou assim?
Percebes?
Percebes?
25/07/2004
Um cheirinho a Verão.
A semana no Algarve teve direito a:
- fun non-stop;
- aulas de wind-surf;
- cinema;
- Slide & Splash;
- jantarada de saladas fresquinhas;
- festas nas muralhas;
- muitas caipirinhas;
- muito sol;
- muita, mas muita praia.
E porque o regresso é sempre nostálgico, cá fica uma foto com cheirinho a Verão.
19/07/2004
[Este blog está encerrado para férias até a próximo post.]
Mais uma vez, se perguntarem por mim, digam que fui passar uns dias ao Algarve.
Muito obrigada.
Muito obrigada.
17/07/2004
13/07/2004
Aos vinte anos,
a vida é feita de sonhos.
O sonho de uma carreira de sucesso.
O sonho de encontrar alguém especial.
O sonho de uma casa, de uma família, filhos, marido, rotina saudável.
Aos vinte anos, morre-se de amor e isso dá prazer. A dor é uma constante e parece que, sem ela, nem se consegue viver. Vive-se de castelos de areia, de ilusões, de desejos, de pequenos momentos, de grandes marcas, de palavras escritas numa ou noutra folha de papel. Escritas com o cinzento claro de um lápis fino.
Depois, cresce-se.
Os castelos caem, a carreira não existe. Não existe alguém especial. Nem casa, nem família. Não se morre de amor (isso é impensável!!) e uma dor de cabeça já é um dia estragado, quanto mais a dor de um coração partido.
O tempo passa a correr, e hoje a folha está em branco.
Hoje, sou uma pedra.
E, acreditem ou não, sou muito mais feliz assim.
O sonho de uma carreira de sucesso.
O sonho de encontrar alguém especial.
O sonho de uma casa, de uma família, filhos, marido, rotina saudável.
Aos vinte anos, morre-se de amor e isso dá prazer. A dor é uma constante e parece que, sem ela, nem se consegue viver. Vive-se de castelos de areia, de ilusões, de desejos, de pequenos momentos, de grandes marcas, de palavras escritas numa ou noutra folha de papel. Escritas com o cinzento claro de um lápis fino.
Depois, cresce-se.
Os castelos caem, a carreira não existe. Não existe alguém especial. Nem casa, nem família. Não se morre de amor (isso é impensável!!) e uma dor de cabeça já é um dia estragado, quanto mais a dor de um coração partido.
O tempo passa a correr, e hoje a folha está em branco.
Hoje, sou uma pedra.
E, acreditem ou não, sou muito mais feliz assim.
12/07/2004
Do fundo do baú [# 2]
AMO-TE
Para lá do mundo.
Para lá do tempo.
Para lá do espaço.
Para lá da própria vida que se gasta, dia após dia, num incessante desejo de ser amada por ti.
Só por ti.
[18.Mai.1997]
10/07/2004
São as pequenas coisas
que esquecemos com mais facilidade. E só quando chegamos à conclusão que as perdemos, é que lhes damos o merecido valor.
É sábado. Está calor. É Verão...
Vou dormir a sesta. Oh, sim... Vou dormir a sesta numa tarde quente de sábado, porque amanhã ainda é domingo e tenho o dia todo para estar acordada. E na segunda vou poder ir à praia do costume, ouvir os risos das crianças, as ondas suaves a bater nas rochas e o vento no cabelo, sem a multidão dos fins-de-semana. Sem horários, sem pressões, sem tarefas complicadas.
O desemprego tem destas coisas...
É difícil, a vida.
É sábado. Está calor. É Verão...
Vou dormir a sesta. Oh, sim... Vou dormir a sesta numa tarde quente de sábado, porque amanhã ainda é domingo e tenho o dia todo para estar acordada. E na segunda vou poder ir à praia do costume, ouvir os risos das crianças, as ondas suaves a bater nas rochas e o vento no cabelo, sem a multidão dos fins-de-semana. Sem horários, sem pressões, sem tarefas complicadas.
O desemprego tem destas coisas...
É difícil, a vida.
09/07/2004
Do fundo do baú [# 1]
- Dois vezes um, dois; dois vezes dois, quatro; dois vezes três, cinco...
Gargalhada geral na sala de aula, mais uma vez. Acontecia quase todos os dias antes do intervalo, e tu lá ficavas outra vez de castigo na sala a escrever cinquenta vezes a tabuada do dois.
Todos sabiam que a Matemática não era o teu forte. Gostavas mais de escrever composições sobre marcianos e naves espaciais, ou sobre cowboys e índios. Tinhas uma imaginação "fora do comum", como dizia a professora Marília. Quantas vezes ela te chamou a atenção, quando te apanhava a olhar para ontem.
Nesse tempo, já olhava para ti. Quando todos te gozavam, eu era a única que te defendia. Nem eu sei porquê! Duvido até que soubesses o meu nome.
Então o tempo foi passando; veio a tabuada do três, do quatro, do nove, as incógnitas, as equações, as raízes quadradas... Até que, finalmente, tirei o arame dos dentes, pus lentes de contacto, escolhi a Faculdade de Economia, e tu... tu aprendeste o meu nome.
Infelizmente, escolheste as Letras... (confesso que nunca me dei bem nessa área; pelo menos era o que parecia, pois nunca mostraste muito entusiasmo com os bilhetinhos românticos que deixava na tua mala).
... E deixei de ouvir falar de ti. "Foi para Macau...", "Ficou no Porto...", "Não sei bem..."; eram as respostas que ouvia, ao perguntar por ti nas festas de antigos alunos do Colégio.
Hoje, li o teu nome no jornal. Uma crónica assinada por ti, sobre o passado onde, obviamente, não me incluis.
Obviamente...
Gargalhada geral na sala de aula, mais uma vez. Acontecia quase todos os dias antes do intervalo, e tu lá ficavas outra vez de castigo na sala a escrever cinquenta vezes a tabuada do dois.
Todos sabiam que a Matemática não era o teu forte. Gostavas mais de escrever composições sobre marcianos e naves espaciais, ou sobre cowboys e índios. Tinhas uma imaginação "fora do comum", como dizia a professora Marília. Quantas vezes ela te chamou a atenção, quando te apanhava a olhar para ontem.
Nesse tempo, já olhava para ti. Quando todos te gozavam, eu era a única que te defendia. Nem eu sei porquê! Duvido até que soubesses o meu nome.
Então o tempo foi passando; veio a tabuada do três, do quatro, do nove, as incógnitas, as equações, as raízes quadradas... Até que, finalmente, tirei o arame dos dentes, pus lentes de contacto, escolhi a Faculdade de Economia, e tu... tu aprendeste o meu nome.
Infelizmente, escolheste as Letras... (confesso que nunca me dei bem nessa área; pelo menos era o que parecia, pois nunca mostraste muito entusiasmo com os bilhetinhos românticos que deixava na tua mala).
... E deixei de ouvir falar de ti. "Foi para Macau...", "Ficou no Porto...", "Não sei bem..."; eram as respostas que ouvia, ao perguntar por ti nas festas de antigos alunos do Colégio.
Hoje, li o teu nome no jornal. Uma crónica assinada por ti, sobre o passado onde, obviamente, não me incluis.
Obviamente...
[14.Mai.1995]
Pintado de Fresco.
O prometido é devido.
A Casca está, definitivamente, de volta. Pintada de fresco, com nova cara, novas cores, novos cheiros. Mais alegre, mais divertida, mais quente, mais acolhedora. Não fosse a preciosa ajuda do T., e ainda agora estava a subir as paredes, a chorar por ter perdido o blog, os comentários, o contador, tudo.
Uma amiga minha uma vez disse:
- É sempre bom termos um leque variado de amigos: um advogado, um informático, um médico e um contabilista.
A advogada, eu tenho.
O informático, é o T.
O médico, está quase a acabar o curso, e é irmão da advogada.
A única lacuna do meu grupo de amigos é, efectivamente, o contabilista. Por isso é que ainda não sei quanto (e quando) é que vou receber do IRS. O que é gravíssimo, porque com a minha nova condição profissional (faço parte da GRANDE percentagem de desempregados), quaisquer cinco tostões dão jeito.
Mas isso já dava pano para mangas, e eu não posso falar agora: estou amordaçada.
A Casca está, definitivamente, de volta. Pintada de fresco, com nova cara, novas cores, novos cheiros. Mais alegre, mais divertida, mais quente, mais acolhedora. Não fosse a preciosa ajuda do T., e ainda agora estava a subir as paredes, a chorar por ter perdido o blog, os comentários, o contador, tudo.
Uma amiga minha uma vez disse:
- É sempre bom termos um leque variado de amigos: um advogado, um informático, um médico e um contabilista.
A advogada, eu tenho.
O informático, é o T.
O médico, está quase a acabar o curso, e é irmão da advogada.
A única lacuna do meu grupo de amigos é, efectivamente, o contabilista. Por isso é que ainda não sei quanto (e quando) é que vou receber do IRS. O que é gravíssimo, porque com a minha nova condição profissional (faço parte da GRANDE percentagem de desempregados), quaisquer cinco tostões dão jeito.
Mas isso já dava pano para mangas, e eu não posso falar agora: estou amordaçada.
06/07/2004
ESTOU DE VOLTA!!
Cheguei.
O Porto acabou. E com ele, acabou um grande Espectáculo, acabou a minha vida no Teatro, e o emprego que eu mais gostei de ter. Sem mágoas. Com muitas lágrimas, mas sem mágoas. O que tem que ficar, fica: a experiência, os Amigos, as memórias. O que tem que ser esquecido, já ninguém se lembra.
A Casca vai mudar de cara, vai limpar o pó, aspirar os cantos, reciclar muito lixo e volta lavadinha dentro de muito em breve.
É muito bom, estar de volta.
Obrigada por tudo. A quem ficou desse lado.
O Porto acabou. E com ele, acabou um grande Espectáculo, acabou a minha vida no Teatro, e o emprego que eu mais gostei de ter. Sem mágoas. Com muitas lágrimas, mas sem mágoas. O que tem que ficar, fica: a experiência, os Amigos, as memórias. O que tem que ser esquecido, já ninguém se lembra.
A Casca vai mudar de cara, vai limpar o pó, aspirar os cantos, reciclar muito lixo e volta lavadinha dentro de muito em breve.
É muito bom, estar de volta.
Obrigada por tudo. A quem ficou desse lado.
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