19/03/2004

Andar de táxi

tem sido, para mim, uma experiência verdadeiramente alucinante. Algo entre o Twilight Zone (não sei se é assim que se escreve), e o Espaço 1999.
Ele é travagens bruscas, é metidelas a papo-seco, é passagens de sinais fechados, eu sei lá! Só sei que, cada vez que saio de um táxi, doem-me os músculos todos, fico com duas rugas a mais e os nervos em franja. Saio, também, meio hipnotizada pela rapidez do taxista no reflexo abre-sinal-toca-buzina. É alucinante!
Os taxistas, como seres sociais que são, adoram conversar. E aprende-se imenso com eles: os caminhos alternativos, as mudanças de tarifas, com variantes que vão desde a reclamação sobre todos os partidos políticos e seus intervenientes principais, que o Santana é um malandro, que o Durão é um oportunista, até ao estado da Nação, em que a inflação sobe, mas toda a gente tem carros novos.
Houve um que me disse, muito transtornado, que os portugueses saem de carro, até para comprar um botão. Outro que me confidenciou, muito revoltado, que as nossas laranjas são as melhores, mas só consumimos as espanholas. Outro ainda, que detectou, imediatamente, que a minha tosse é de tabaco, e que uma menina tão nova não devia fumar, e que ele, jovem de 53 anos, tinha uns pulmões de uma criança.
Enfim, entre a tarifa 5 e o preço da gasolina que não pára de subir, lá vou eu perdendo anos de vida dentro de um táxi, mas ganhando uma bagagem cultural e mais temas de conversa para a próxima corrida.

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