05/12/2003

A Baixa

Muitos anos antes de nascerem monstros, como as Amoreiras, o Colombo e outros afins, a Baixa era o grande centro comercial onde os lisboetas (e não só) vinham comprar as prendas de Natal.

oh, não! Outra crónica de Natal, não!

Não te preocupes, Leitor: a quadra ainda não começou e eu já estou farta dela.
Não, eu queria escrever sobre a magia que envolve a Baixa lisboeta e que, felizmente, não se perdeu com o “assalto” das grandes superfícies. É que, na minha (modesta) opinião – e este BLOG é meu, e eu posso fazer dele o que eu quiser – a Baixa é a Grande Superfície, por excelência.
Mas, recomendo vivamente: num dia frio e soalheiro como o de hoje, passear na Baixa deixa um sorriso no rosto de qualquer lisboeta.
Desço a Rua Augusta: os restaurantes, os cafés, as pessoas que sobem, as que descem, os pombos, as lojas, os pintores, os hippies, o homem-estátua, o frio, os desenhos da calçada, o blaser de xadrez, as luzes, os jovens, os velhos, os menos velhos, as beatas dos cigarros, o lixo no chão, os gorros, as castanhas assadas, do Rossio até ao Arco, os ciganos, os brancos, os pretos, os namorados, os grupos, as excursões, os solitários,

ah, os solitários

os rostos pesados e frios, o calor de um olhar esquecido... e o Fado. O Fado perdido nas ruas, vindo não se sabe bem de onde. Às vezes, tenho a sensação que o Fado sempre esteve ali.

Porque Lisboa não existe sem Fado.
Porque Lisboa não existe sem a Baixa.

E paro. O meio da Praça, paro.

Porque Lisboa não existe sem o Rio.
Porque, Lisboa, eu não existo sem ti.

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