20/03/2007

De volta.

Há muito tempo que não venho aqui. Quer dizer, venho, mas sinto que tudo o que tenho para escrever não vale a pena ser escrito. Ou vale, mas não vale a pena ser lido.
Estive a pensar mudar a temática da Casca, e passar a escrever um blog mais direccionado para algum dos temas que mais me interesso. Não me lembrei de nada mais interessante do que Mercados Financeiros ou taxas de juro emergentes.
Depois, pensei em manter a temática, mudando apenas o humor: fazer passar mensagens de alegria e esperança. Mas era cansativo encarnar um personagem que não conheço, que nunca fui e que não sei ser.
Confesso que a última coisa que me passou pela cabeça foi apagar a Casca toda. Recuar a Dezembro de 2003, passar toda a minha vida desde essa data e, com um simples clique no rato, apagar tudo. Para isto, não tive tomates.
Acabei por deixar tudo exactamente como estava. Sem tirar ou acrescentar uma palavra, deixando uma imagem com a recordação de uma das noites mais agradáveis dos últimos tempos, com uma das pessoas que eu mais admiro. Achei que, se deixasse ali aquela foto, sem muito texto e sem muita mensagem, as pessoas que lêem a Casca não notassem muito a minha ausência. Pelo menos, não deixava um post contente nem triste. Não espelhava nada de mim. Nem sentimentos, nem medos, nem angústias ou frustrações.
Até que, para meu espanto, senti, quase em simultâneo, duas reacções completamente opostas. Senti que, para uns, acabei por ser esquecida. A visita diária à Casca passou a ser semanal, depois mensal, até que passou a ser rara. Por outro lado, para outros, a Casca parada foi uma desilusão. Bem ou mal disposta, alegre ou triste, cinzenta ou colorida, com mais ou menos sentido, mais ou menos compreensível, o que importava eram as palavras, a maneira de escrever, os sentimentos partilhados com os outros. Sem posts novos na Casca, muita gente que por aqui passa ficou sem qualquer contacto comigo a não ser o mail. Pessoas que eu não conheço, pessoas que vejo de tempos a tempos, pessoas que estão longe. E delas senti a vontade de continuar. Por elas, aqui estou.
Não esperem muitas novidades, posts diários ou mudança do que quer que seja. Não esperem uma Casca mais alegre, mais reaccionária ou mais política. Nem mais festiva, actual ou filosófica. Vai tudo continuar igual. Igualzinho.
A boa notícia é que vai continuar.

24/01/2007

1977

Se me perguntassem, há dez anos, como imaginava a minha vida aos trinta, a reposta seria bem diferente da realidade. De certeza que falava em bebés, em marido, em realização profissional, em estabilidade. Se me perguntarem hoje como me imagino aos quarenta, a resposta não passa, de todo, por aqueles quatro factores.
Não sei bem se será este o caminho que eu quero, mas de certeza, não foi este que eu planeei. Não me perguntem se estou feliz, se estou realizada. Também não saberia responder. Tudo isto está a ser uma grande surpresa para mim.
Hoje faço 30 anos.
Quando o meu irmão fez trinta anos e uma festa com balões, com sanduíches de Panrico com fiambre aos triângulos, caramelos de fruta espalhados pela mesa e frangos assados cortados aos bocados comidos em pratos de plástico, confesso que achei aquilo tudo muito surreal. Nunca imaginaria uma pessoa com trinta anos com aquele género de festa. Pensei que os “crescidos” de trinta anos fizessem coisas com mais charme, com mais maturidade. Ele fez há pouco tempo 34 e estava a trabalhar. Mas tenho a certeza que, se fizesse uma festa, teria os mesmos enfeites, as sanduíches e os caramelos.
Hoje faço 30 anos.
E não vou comemorá-los com filhos, com um marido. Não pedi o dia de férias nem ninguém me foi buscar ao trabalho para um jantar romântico. Não recebi rosas nem cartões coloridos. Não tive nenhuma surpresa, não apareceu ninguém que eu não estivesse à espera. Não fosse o bolo com leite condensado que levei para o trabalho, o meu dia teria sido exactamente igual a todos os outros 364.
Hoje faço 30 anos.
No fim-de-semana vou comemorá-los com alguns dos meus amigos. Queria fazer uma festa em grande, uma coisa diferente. Queria uma festa de três dias que ficasse na memória de todos por muito tempo, porque afinal, eu faço 30 anos. Mas o medo de falhar impediu a minha imaginação e vou acabar por fazer um jantar igual a tantos outros, e uma saída igual à de todos os fins-de-semana. Só que com mais gente!
Hoje faço 30 anos.
Mas não importa se são 30, 31 ou 35… Não importa quantas pessoas vão a uma festa. Não importa o que se come nessa festa, Panrico ou caviar. Não importa onde se festeja, não importa quanto tempo vai durar a festa.
O que importa, afinal?
O que importa, na verdade, e isto é que me melindra, é que não era isto que eu esperava da minha vida. Não eram estes os passos que eu pensava dar. Não era esta a estrada que eu planeava seguir. Esta é a vida que eu tenho, mas sinto que não fui eu quem a escolheu. Ela foi escolhida por mim.

Hoje faço 30 anos e não reconheço a cara que, há 30 anos, vejo no espelho.

17/01/2007

Há coisas que me revoltam. Há coisas que me revoltam tanto que só me dão vontade de desistir. Podiam dar-me para gritar, para refilar, para dar pontapés, mas dão-me vontade de desistir. O que me revolta mais é a falta de poder para ajudar as pessoas, que não passa por ajudar mas por fazer o meu trabalho em condições, e não posso fazer porque as coisas não funcionam. Um dia é porque há um apagão informático, outro é porque preciso de ajuda e ninguém tem tempo para mim, outro é porque eu não tenho tempo para pedir ajuda, porque há outras situações ainda mais urgentes, ainda mais graves. Quase sempre porque não está nas minhas mãos. E dar a cara, e ver as pessoas quase a chorar, e saber pormenores da vida das pessoas que não conheço de lado nenhum, e saber que eu podia ajudar, se tivesse mais apoio, mais ajuda, mais meios. Vejo-me a ligar a pessoas que estão longe para me ajudarem, pessoas que têm a sua própria equipa, o seu próprio trabalho, as suas próprias obrigações, só porque a minha equipa não consegue, não tem tempo, não sabe, não pode ajudar-me. O que me revolta mais ainda é saber que as coisas não estão no meu controlo, que me ultrapassam completamente, e olhar para as pessoas que vêm tudo como uma falha minha, só porque sou eu que estou à frente delas, porque eu é que dou a cara.
Estou de rastos…

(Esperava que este descarregar de raiva em palavras fosse aliviar a revolta, mas não deu muito resultado)

02/01/2007

2007

Bom ano para todos.

(A pausa para reflexão continua por breves momentos. Voltaremos logo que possível.)

15/12/2006

Presente de Natal

O Bento tem seis anos. Vive em Vilankulo com a mãe e duas irmãs. Tem uma camisola cinzenta de riscas, que tem de dobrar nas mangas porque lhe fica muito grande. Está descalço e tem uns calções azuis. Vive numa casa feita com o que a natureza lhe dá. Esta casa não tem água, não tem luz.
Vilankulo fica na costa oriental da província moçambicana de Inhambane, junto à baía com o mesmo nome.
O Bento faz parte de um projecto de apadrinhamento à distância do CCS Portugal (Centro para a Cooperação e Desenvolvimento), que prevê várias actividades entre as quais se destacam a educação, a saúde, a agricultura, o fornecimento de água potável, a formação profissional no artesanato local e as campanhas de sensibilização que promovem o respeito pelos direitos fundamentais do homem.

O Bento tem um olhar meigo e doce e é o mais recente membro da minha família.

04/12/2006

E o que me dá mais alento,

neste preciso segundo, é saber que daqui a 3 dias entro de férias.


(As férias que tenho sido obrigada a adiar há 4 meses...)

15/11/2006

Ilha

Muitos acham que sou “calminha”. Outros tantos pensam que sou “um bocado esquisita”. Quem me conhece melhor, diz que sou “uma boa pessoa, mas muito diferente” ou que “não me percebe”. Confesso que julgava que as coisas fossem diferentes. Nunca pensei que me fosse transformar numa ilha. Nunca pensei que sentiria falta de ser uma ilha. Nunca pensei em tornar-me uma pessoa esquisita. Nunca desejei que tal acontecesse, apesar de achar que, na maioria dos dias, o mundo todo gira ao contrário. Tenho lutado contra isso, mas nunca estive tão fraca como agora. Gosto de ser uma ilha, mas estou cansada. Olho à minha volta e é nos outros que me vejo. E o que vejo é uma pessoa muito diferente do que era, muito diferente do que imaginava que iria ser, e muito diferente dos outros. Quase a chegar aos 30, sinto-me com a força de 80 e só me apetece acomodar-me e ver o mar passar à minha volta. Não me apetece nadar, nem contra nem a favor e, sobretudo, não me apetece levantar o queixo. E deixo-me ficar nesta ilha em que me tornei, a desejar que ninguém me veja, que ninguém dê pela minha presença, para que eu não perceba que eu é que estou do avesso.

06/11/2006

Raiva!!

Hoje fui assaltada. Ia no passeio e uma mota levou-me a mala com tudo o que tinha de importante na minha vida. Chaves do carro, chaves de casa, documentos todos, o meu telemóvel novinho em folha… Ainda nem uma semana de vida tinha!
Contas feitas por alto, esta brincadeira vai ficar-me nuns 500€. E mais as horas perdidas na loja do cidadão a pedir documentos novos... outra vez (já que fiz o mesmo há um ano, quando mudei de casa).
A sorte do tipo é que eram oito e um quarto da manhã e eu andava meio adormecida! Senão, tenho a certeza que o meu guarda-chuva lhe acertava mesmo nas costas.
Humpf!

14/10/2006

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A morte de um sonho não é menos triste que a própria morte.
A. Lobo Antunes

10/10/2006

Cansaço

Daqui a poucos dias, vai fazer dois meses que ando a correr.
Quando acordo, já estou a correr. Tomo banho a correr. Como a correr. Arranjo-me a correr e saio de casa a correr. Trabalho a correr, atendendo pessoas a correr, porque as próprias pessoas também aparecem a correr e têm de sair a correr. Almoço a correr. Volto a correr para trabalhar a correr. A parte da tarde é passada a correr, a fazer telefonemas e a atender telefonemas a correr. Praticamente todos os dias, aparecem problemas ao final do dia, que têm de ser resolvidos a correr, porque queremos sair a correr, para voltar para casa a correr. E aí, é cozinhar a correr, lavar a roupa a correr, passar a ferro a correr para dar tempo para sair a correr e tomar um café a correr. Volto outra vez a correr, visto o pijama a correr, leio umas páginas do livro a correr e durmo a correr. É tudo feito a correr porque não há tempo a perder. Ando a correr para ter tempo para viver.
Mas… será que não estou a deixar que a vida passe por mim a correr, porque não tenho tempo para parar?

(Cansativa, esta posta, hein?)

27/09/2006

Sem título

Apetecia-me chegar aqui e falar da falta de apoio que estou a sentir, nas mil e uma coisas que tenho para fazer e não consigo, do medo de falhar, da falta de tempo, do desafio que não estou a ser capaz de encarar. Queria falar da solidão e da falta de mimo, das saudades e das lembranças, da revolta e da agonia, das vezes que já perguntei porquê? sem qualquer resposta. Queria falar das bóias de salvação que sempre estiveram presentes e que agora nem aparecem, mas também das outras bóias, aquelas que já não vemos há meses e que ligam e dizem "daqui a cinco minutos estou aí, se puderes, podes, se não puderes, espero o tempo que for preciso". E ainda daqueles que estão sempre que ouvem um grito de desespero, ou sentem um sinal, ou se apercebem da falta de sinais e de gritos e ligam só para dizer que estão do outro lado. Depois, tenho vontade de falar de segredos que renasceram, de nós na garganta, de surpresas matinais, de companhias inesperadas, de conversas virtuais com pessoas virtuais. Das noites em branco, dos pesadelos macabros, dos livros magníficos que tenho na cabeceira da cama, da cama gigante de todas as noites, da falta de vontade de sair, da falta de companhia para sair quando tenho vontade, da falta de coragem para encarar algumas realidades. E ainda sobre as dores das costas que estão a chegar, do Inverno que está a chegar, do anoitecer mais cedo, do amanhecer mais tarde, dos quilos que não consigo perder, das meias horas que tenho tido para almoçar e enfiar uma tosta e um sumo pela goela. Apetecia-me chegar aqui e conseguir desabafar tudo sem medir palavras, sem ferir ninguém, sem perguntas nem palmadinhas nas costas. Sem cobranças. Apenas conseguir falar. Como há muito tempo não consigo.

Falar.

10/09/2006

Há dias assim...

Uma vontade incontrolável de estar com alguém, sair, passar horas no sítio do costume, conversar sobre tudo, ver pessoas, beber uns copos, comentar situações estranhas

saltos agulha no Bairro Alto??!!??

contar como foi mais uma semana de trabalho, trocar duas palavras com um estranho

dás-me um cigarro?

revelar segredos, ouvir confidências, partilhar experiências, quem sabe ir a outro sitio, dançar até ser dia, ver mais pessoas, beber mais um copo.

Socializar.


Há dias assim... Temos tudo para dar aos outros, e não há ninguém para receber.

26/08/2006

E porque ainda é Verão

e para que não se pense que eu não gostei, aqui deixo uma tonelada de saudades.



Pó ano há mais!

23/08/2006

Convite.

A partir das 23h. Vai lá estar toda a gente!

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Força, Piranhas. Mais um mês estão no Lux.

21/08/2006

Vácuo.

É como se, de repente, um vazio me invadisse. Um vazio total. Frio e amargo. E este vazio fizesse de mim uma pessoa sem nada.

14/08/2006

"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."


William Shakespeare in Sonhos de Uma Noite de Verão

25/07/2006

Google Search

Vamos então ver como é que algumas pessoas vieram parar à Casca:

. OVO - (Esta é básica. Mas o que, EXACTAMENTE, uma pessoa está à espera de encontrar quando pesquisa "ovo"?!?!)

. RABUGENTO OVO - (Vá, ok... Ovo ainda vá. Mas rabugento!?!? EU? Puf...)

. QUANDO AS PESSOAS NOS DESILUDEM - (É impressão minha ou o meu blog está a tornar-se meio maníaco-depressivo?)

. COMO CONQUISTAR UM HOMEM DEPOIS DE PRESSIONÁ-LO - (Bem, minha querida pesquisadora, agora que fizeste asneira queres redimir-te, não é? Pensasses nisso antes! E não tenho bem a certeza que a net seja a melhor ajuda. Antes um bocadinho de maturidade??)

. DIZERES SOBRE BORBOLETAS - (Eu sabia que elas ainda andavam por aí. Foram 12 aniquiladas, mas ainda habitam os meus pesadelos. E não só, pelos vistos)

Freak, right??

23/07/2006

Eu vivi um sonho.

Durante esse tempo, eu fiz tudo para não pensar na realidade. Sabia que era um sonho, que ia acabar, quando ia acabar. Mas nunca pensei nisso, e vivia cada dia como se fosse o último. Vivia cada momento como se no minuto a seguir o despertador tocasse e eu fosse obrigada a acordar. Durante o meu sonho, eu consegui ser feliz e sabia que, se dependesse de mim, era assim que ia viver para o resto dos meus dias. Não precisava ser sempre Verão, não precisava estar sempre longe daqui.
Eu vivi um sonho e, como todos os sonhos, o meu acabou. A realidade não é dura mas no meu sonho o desejo existia e eu era uma pessoa muito mais completa.
Os sonhos fazem-nos sentir especiais. Na realidade, sou só mais uma mulher, com os mesmos medos, os mesmos anseios. E esta necessidade mórbida de remexer no passado e nos sonhos, está a desfazer-me…

04/07/2006

Ecoponto

Será que ainda ninguém explicou àquelas criancinhas de onde vem o Ecoponto? Será que ainda ninguém teve coragem de lhes dizer que não vieram de Paris, nem do dinossáurio e muito menos foi a cegonha que os pôs?
Os intervalos da TV portuguesa estão, há meses, a ser bombardeados pela publicidade ao Ecoponto. Yah, é giro, e até tem uma certa piada, os putos ali a perguntarem porque é que na rua do Manel há um Eco-ponto e na minha não. Mas, depois da publicidade do Ambrósio (para quem não se lembra, o chimpanzé que nos ensinava a separar o lixo, humpf), é impressão minha ou a cansativa repetição deste spot está a chamar-nos alguma coisa? Mas agora, expliquem-me como se fosse uma criança de 4 anos.

25/06/2006

Neste momento,

há uma televisão que não está a passar o jogo de Portugal. Apenas uma:

A minha.