23/04/2013

APAQA*


O João Miguel Tavares escreveu sobre a sua alergia, por mim também partilhada, ao psicólogo Eduardo Sá. Não é tanto o que ele diz, mas a forma com diz começando logo pelo cumprimento arrastado e lânguido à  Isabel Stilwell (que também me irrita um bocadinho): "olá Isabeeel".
Mas muito mais que o Eduardo Sá, irrita-me o Quintino Aires, e isto foi percebido muito tarde. Ouvia o programa dele na Antena 3, "A Hora do Sexo" com a Raquel Bulha e até encontrava algum interesse apesar da forma implacável que ele têm de dizer certas coisas. Isto, muitas vezes originava diálogos interessantíssimos com o meu marido:
- Fofucho, amas-me?
- Claro, Fofucha.
- Não amas nada.
- Se estou a dizer que amo é porque amo. O que é que se passa?
- Ah, estás a falar comigo daquela maneira. É melhor pensarmos já no divórcio.
- Estiveste a ouvir outra vez aquele gajo psicólogo??

A minha auto-estima é demasiado baixa para ouvir este senhor por isso decidi mudar de estação quando começa o programa dele.

Quando fiquei em casa de baixa, descobri que ele frequenta o programa do Goucha de manhã, e dando-lhe o benefício da dúvida (e também porque só tenho 4 canais), ia ouvindo o que o senhor tinha para dizer. E o meu estômago ia centrifugando, centrifugando... Explodi quando ouvi a seguinte teoria deste senhor: "se os pais amam realmente os filhos, não os levam a restaurantes antes dos 12 anos". E, continua, condescendente: "a partir dos 8/9 anos, podem começar a ir para se ambientarem, mas só aos 12 é que as crianças têm maturidade para estarem à mesa". 
Ora aqui encontram-se tantos disparates que nem sei por onde começar. Se calhar, interessa dizer que nunca estudei psicologia (para além de um ou dois anos lectivos; só retive a teoria do iceberg e pouco mais), e todas as minhas teorias sobre a maternidade baseiam-se na minha curta experiência de três anos e meio.
Sempre fui almoçar/jantar fora e não é por ter filhos que vou deixar de o fazer. Vamos muito menos vezes, desde há um ano e meio, mas a culpa é do Passos Coelho, assunto sobre o qual o Quintino não opina. Quando vamos comer fora, o meu filho grande porta-se lindamente, come à mesa com os adultos (como o faz em casa), conversa (no seu antoniês quase imperceptível), escolhe o que quer comer e a sobremesa, que é sempre uma banana. Sim, às vezes levanta-se e decide ir ver as outras mesas: não me lembro de ter incomodado ninguém ou de alguém ter ficado chocado com a sua "visita". Nunca destruiu um restaurante, nunca viajou por baixo das mesas, nunca sequer partiu um copo. Tem três anos e meio. Amo-o muito. O mais novo tem dois meses: não vai comer fora tantas vezes como foi o irmão (ai troika, troika), mas já conhece a realidade, por enquanto vista de um ovinho Maxi-cosi. Amo-o muito, também.

Eu sempre fui comer fora com os meus pais, e de tão raro (porque o orçamento também era curto, não porque tínhamos menos de 12 anos) era uma festa. Era a minha Mãe a dizer "podem ver a ementa mas comem bitoque" ou "não pedem sobremesa que há fruta em casa", e nós obedecíamos! E não me lembro de ter destruído um restaurante. E os meus Pais amam-nos, tenho a certeza.
Penso que o Quintino Aires devia era fazer filhos em vez de teorizar sobre psicologia. Isso, ou tirar um curso de Gestão Bancária. Tanto faz.

* Associação de Pais Alérgicos a Quintino Aires

1 comentário:

joana disse...

ADORO!!!! Não conheço o senhor, graças a Deus! Também vou algumas raras vezes comer fora e levo o António que, verdade seja dita ama passear por todas as mesas, mas toda a gente lhe acha imensa graça e ele vai lançando o charme! Almoços é mais facil que jantares porque ele tem sono muito cedo! Antes dos 12 anos???? Ahahahahahah beijocas