15/02/2013

Já no Hospital,

ao ser observada, a médica olha para mim com "aquela" cara. Não consegui interpretar muito bem o que "aquela" cara queria dizer, mas mantive-me serena, que eu nestas coisas não gosto de misturar os nervos; sei que nunca dá boa mistura. "A Susana está com sete dedos de dilatação! O trabalho de parto está feito e eu vou chamar a equipa de anestesia com urgência, antes que dilate mais e não possa levar epidural. Quem é o seu médico?"
A partir daqui, não tenho  noção nenhuma do tempo que passou. Tenho flashes na minha memória que não sei se conseguiria ligar e fazer uma história: todos a dizerem que valente que eu tinha sido por ter feito o trabalho de parto em casa, a anestesista a gabar-me porque não mexi nada mesmo no meio das contracções, a bolsa de água a rebentar, o J sempre comigo, o médico a chegar e a dizer que tinha acabado de se deitar quando lhe ligaram, eu a pedir desculpa ao médico por tê-lo acordado, a ida para o bloco, o meu marido vestido à Dr. McDreamy e eu a apaixonar-me por ele outra vez, cinco pessoas no bloco, eu a fazer força no sítio certo, e de repente, aquele barulho... aquele som que nunca me há-de sair da cabeça, o momento da expulsão, o momento em que o meu filho nasce, respira pela primeira vez. Aquele som que diz que mais uma vida vem encher as nossas vidas. Aquele som mágico em que tudo começa, o milagre da vida, o primeiro segundo.
Eram 23:57 de sábado, dia 9 de Fevereiro.

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