bem sei. Mas já estava cansada daquela azia e, sinceramente, dava imenso jeito ao meu marido que o Manuel nascesse naquele fim de semana. Ainda assim, estava a abusar para que acontecesse no domingo.
Ainda no sábado, depois do almoço, começaram as contracções. Sem dor, muito irregulares (ora de 20 em 20 minutos, ora de cinco em cinco) e eu em casa sozinha com o António a brincar: puzzles, pistas de comboios, corridas de carros, tudo! A partir das seis da tarde, as contracções começaram a chegar com dor. Numa escala de 0 a 10, alternavam entre o nível 4 e o 6. Mandei mensagem ao meu médico, que me disse para ir andando para o Hospital para ser avaliada. "Humm" - pensei eu - "se eu for, mandam-me para trás porque isto ainda está atrasado". Pelo sim, pelo não, fui fazer uma sopa para deixar aos rapazes. Liguei ao J para saber se ele continuava alerta. "Mas queres que eu vá já?", pergunta. "Não! Isto ainda está atrasado!"
Comecei a apontar as horas das contracções, pus tudo na Bimby e continuei a brincar com o mais velho. Uma das brincadeiras era-me muito conveniente: a estátua. Quando eu dissesse "estátua", tínhamos que ficar muito quietinhos (aqui para nós que o puto não ouve, até a contracção passar).
Pelas oito da noite, depois da sopa feita e do mais velho jantar, elas começaram a apertar: três em três minutos. Toca de ligar ao marido outra vez:: "é melhor vires andando. Mas janta antes que eu não fiz nada para ti".
OK, estava decidido que iria ao Hospital, quando é que seria a próxima vez que ia lavar o meu cabelo? Nem pensar: toca a tomar banho. Um banho quente para relaxar antes de parir é das melhores coisas do mundo. Já da outra vez foi assim e recomendo. Claro que tive um pequeno deslize hormonal e chorei no banho. Nervos? Ansiedade? Felicidade? Medo? Não sei... talvez tudo ao mesmo tempo.
Quando acabei o J já tinha chegado (sem jantar!!!), sequei o cabelo, vesti-me, tiramos as fotos da praxe antes de sairmos, e fomos deixar o mais velho nos Avós.
Eram 10 e meia da noite.
...Continua...