Eu juro que gostava de ser boa dona de casa. Estou-me nas tintas para o feminismo e adorava ter a casa sempre a brilhar, a cadeira do quarto sem roupa nenhuma e as camisolas dobradas nas gavetas. Adorava que o meu marido chegasse a casa e visse o jantar acabado de fazer em cima do fogão ou, quando chegasse mais tarde, um prato impecavelmente preparado dentro do microondas. Gostava de entrar na sala e ver as almofadas milimetricamente arrumadas em cima do sofá. Gostava de ver a cor da mesa de centro e ter todas as facturas, declarações e todo o tipo de correspondência importante arrumada no arquivador. Gostava que o cabide da entrada não tivesse 8 casacos, mas sim apenas aquele que usei naquele dia. Gostava de entrar no meu quarto e não tropeçar nos chinelos que ficam espalhados. Principalmente, gostava de saber onde deixo as sapatilhas do ballet todas as terças e quintas feiras, só para não perder tempo a procurá-las no dia seguinte.
Juro que faço um esforço enorme para isto: gravo todos os programas da Nigella e tenho óptimos livros de cozinha. Quando vejo tudo a brilhar às quartas feiras (dia de D. Lurdes), prometo a mim mesma que vai continuar assim e que agora é que mudar e vou aplicar-me.
Juro que adorava cozinhar todos os dias.
Juro que adorava ser uma fada-do-lar.
Mas não consigo porque não tenho paciência nenhuma nenhuma isto.
Ne-nhu-ma!
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