27/03/2010

Não gosto de pessoas.

Detesto conhecer pessoas, cumprimentar pessoas que mal conheço, muito menos ser abordada na rua por pessoas que não conheço de todo (tem acontecido muito desde que mudei de casa).
Tenho péssima memória: caras, nomes, datas, filmes, actores, histórias, anedotas, acontecimentos.
Odeio conversas da treta: de cabeleireiro, de taxista, de paragem de autocarro, de sala de espera de médicos. Não tenho paciência e a minha imaginação para a introdução de novos assuntos é nula, portanto a minha parte do "diálogo" limita-se a vários pois, alguns exactos e bastantes hum-hum.
Não sei consolar ninguém: aquela conversa do "ai meu deus, o meu marido isto e a minha mãe aquilo, e o meu patrão o outro", comigo não funciona. Sou excelente ouvinte mas nunca me ouvirão dar conselhos sobre atitudes a tomar (salvo raras excepções que têm a ver com a minha própria experiência e em casos muito parecidos).
Resumindo: não gosto de pessoas. Não gosto mesmo. E se pudesse, trabalhava numa sala sozinha, com um computador e um leitor de mp3. De preferência sem telefone.

Agora, as pessoas que eu conheço, que eu escolhi como "as minhas pessoas", os meus Amigos, a minha família. Esses, eu adoro.
E adorei o jantar de ontem. A conversa. O serão. Os conselhos. Os desabafos.
Sabe tão bem, estar entre Amigas.

21/03/2010

Super-fantástico.

Sou uma mulher bafejada pela sorte. Quem conhece a Casca sabe que nem sempre foi assim. Desde há quase dois anos que posso dizer com todo o orgulho e peito inchado que sou uma mulher de sorte. Não vou aqui dizer as razões porque toda a gente já conhece e tem a ver com uma família fantástica constituída por um filho fantástico e um marido fantástico. Temos uma casa fantástica, vamos ter um carro fantástico e ainda por cima tenho os amigos mais fantásticos.
Então, se é assim tudo tão fantasticamente fantástico, porque é que eu tenho esta nuvem cinzenta colada a mim e uma tristeza pesada e peganhenta que não se vai embora?
Pode ser que seja da chuva.

Cheiros.

Gosto do cheiro do meu bebé. Não é o cheiro Mustela acabado de sair do banho. Não! É o cheiro dele, mesmo. O cheiro que tem antes do banho, depois de um dia de actividade e alguns momentos de calor. Chamem-me maluca, mas gosto deste cheiro.
Sempre tive um olfacto muito apurado (uma amiga esotérica dizia que era por causa da posição da Lua - ou Júpiter, ou Saturno, ou Plutão, um deles - da minha carta astral) e muitas vezes tenho déjà-vu pelo cheiros (será que existe déjá-senti?). Identifico perfeitamente do cheiro da casa da porteira do prédio onde vivi a minha infância: um cheiro forte e amargo, nada agradável, que a filha levava com ela quando íamos brincar na rua. O cheiro do roupeiro do quarto dos meus pais, de alfazema. O cheiro da casa dos meus avós paternos, que cheira a livros antigos, a alfarrabista. O cheiro do hálito do meu professor de Francês da faculdade, cheiro forte a café acabado de tomar depois do almoço. O cheiro do meu irmão, que tem maresia e primavera. Tenho a certeza que os identificava, se tivesse os olhos fechados.
O cheiro das pessoas nem sempre é agradável. Incluindo, obviamente, o cheiro da transpiração (aka sovacum), principalmente sentido em transportes públicos ao final do dia. Mas quando é o cheiro mesmo da pessoa, aquele cheiro sem perfumes nem cremes, sem máscaras ou disfarces, pode até ser bastante sensual. (Tenho a certeza que o cheiro do meu marido influenciou imenso a minha paixão por ele).
Agora, o cheiro do meu bebé, aquele cheiro mesmo dele sem Mustelas ou Adermas, é viciante.

17/03/2010

Adenda ao post anterior

Apesar de tudo, o António tem sempre sopa feita, cá em casa raramente há louça por lavar, e gosto as tarefas da roupa: lavar (ou pôr a máquina a lavar), estender, dobrar meias e cuecas enquanto vejo o Project Runway (ou o Mercy ou o Glee ou o So You Think You Can Dance) e até nem me importo de passar a ferro. Não passo (D. Lurdes), mas não me importo de passar.
Mas não passo.

Juro!

Eu juro que gostava de ser boa dona de casa. Estou-me nas tintas para o feminismo e adorava ter a casa sempre a brilhar, a cadeira do quarto sem roupa nenhuma e as camisolas dobradas nas gavetas. Adorava que o meu marido chegasse a casa e visse o jantar acabado de fazer em cima do fogão ou, quando chegasse mais tarde, um prato impecavelmente preparado dentro do microondas. Gostava de entrar na sala e ver as almofadas milimetricamente arrumadas em cima do sofá. Gostava de ver a cor da mesa de centro e ter todas as facturas, declarações e todo o tipo de correspondência importante arrumada no arquivador. Gostava que o cabide da entrada não tivesse 8 casacos, mas sim apenas aquele que usei naquele dia. Gostava de entrar no meu quarto e não tropeçar nos chinelos que ficam espalhados. Principalmente, gostava de saber onde deixo as sapatilhas do ballet todas as terças e quintas feiras, só para não perder tempo a procurá-las no dia seguinte.
Juro que faço um esforço enorme para isto: gravo todos os programas da Nigella e tenho óptimos livros de cozinha. Quando vejo tudo a brilhar às quartas feiras (dia de D. Lurdes), prometo a mim mesma que vai continuar assim e que agora é que mudar e vou aplicar-me.
Juro que adorava cozinhar todos os dias.
Juro que adorava ser uma fada-do-lar.

Mas não consigo porque não tenho paciência nenhuma nenhuma isto.
Ne-nhu-ma!

08/03/2010

Sabemos que S. Pedro está a gozar com a nossa cara quando...

- tiramos a roupa da corda no domingo de manhã (porque está a chover), mas não chove a tarde - e noite - toda;
- estendemos a roupa na segunda feira de manhã (porque não está a chover), e chove a tarde - e noite - toda.

06/03/2010

Por mais estranho que possa parecer,

aos cinco meses, esta é a música preferida do meu filho.


(e a culpa é minha)

O metro e os bebés

Não entendo como é que uma estação de metro relativamente recente e muitíssimo concorrida como o Colégio Militar/Luz não tem elevador.

Não entendo como é que uma estação recentíssima como a Quinta das Conchas tem o elevador avariado.

Pergunta: como é que as mães que não conduzem levam os seus bebés de um lado para o outro?

03/03/2010

Tempo (de weather, não o do relógio)

Sim, eu também estou farta da chuva e do frio e do Inverno e tudo. Mas se estivermos sempre a falar da mesma coisa insistentemente*, vezes sem conta até ao limite da exaustão, o gajo não se vai embora! A sério que não!

* acho que é a primeira vez que escrevo insistentemente.
Nota: por "gajo" leia-se "o mau tempo".
Nota 2: a minha Mãe que não leia este post, que ela não gosta nada que eu diga "gajo".

Farmácias

Ideia genial (que saiu desta cabeça pensadora que, nos últimos tempos, passa mais tempo nas urgências de hospitais do que em casa):

Era ou não de valor que todos os hospitais tivessem uma farmácia de serviço 24h? É que sair das urgências de um hospital às cinco da manhã cheia de dores, com a bela da receita para aviar e ver que a farmácia mais próxima é no Casal da Mira (só do nome já tenho arrepios) ou na Venteira (ven-quê??), e sabendo que daí a três horas temos de nos levantar outra vez, dar biberão ao puto, deixá-lo nos avós e ir trabalhar, dá vontade de uma pessoa se deitar no meio da Avenida Lusíada e esperar que o próximo carro que passe depressa seja bem pesado.