06/01/2008

Mistura

Encontraram-se no sítio e à hora marcada. Estava um dia cinzento e frio e nem apetecia sair de casa, mas num impulso levado pela saudade, decidiram o reencontro. Apesar de não se verem há tanto tempo, mal os seus olhos se encontraram sentiram um calor a percorrer-lhes a nuca, descer até ao estômago provocando uma gargalhada nervosa e sem nexo. Não foram precisas palavras. Quando deram por eles, estavam enrolados num abraço apertado e num beijo intenso, como quem não beija alguém há muito, muito tempo. Sem pensarem, subiram para casa dela sem que as suas línguas se largassem. O sexo foi cúmplice: os corpos sabiam-se de cor, cada sinal, cada marca estudada e decorada há anos atrás e agora relembrada no pico do prazer. Fizeram amor no silêncio, como no passado o fizeram tantas vezes para que ninguém em casa percebesse, e olharam-se com a mesma paixão de há tantos anos atrás.
Mas o tempo tinha passado e os anos, de facto, atropelam as pessoas sem que elas se apercebam. Depois do sexo, ele vestiu-se e saiu. Ela ficou sozinha.
Ela odeia ficar sozinha depois do sexo.

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