Querido e doce Bruno,
Naquele dia 13 de outubro senti o meu mundo ruir. Tudo (ou quase tudo) deixou de fazer sentido, deixei de ter vontade de acordar, não tive força para comer durante dias, só pensava em correr e olhar pelos meus filhos. Foi só por eles que arranjei coragem para seguir em frente. Mesmo assim, os dias passam com dores: de alma, de orgulho, de coração.
Um pouco mais tarde, soube da tua história. Nesse dia, lembro-me bem, senti-me a pessoa mais egoísta do planeta. Algo bem mais forte estava a dar cabo do meu colega e eu chorava por Amor. O que é um desgosto de Amor, afinal, perto de uma doença que nos põe tudo em perspectiva? Essa filha da puta de doença que nos persegue e mata e corrói e nos assusta?
Quando ontem vi as tuas fotos da passagem de ano, o teu brilho, tive vontade de te abraçar muito forte. Não eram os teus olhos que brilhavam. Não era a tua careca que brilhava (também era). Eras tu quem brilhava naquelas fotos. Era a tua força para fazer rir toda uma enfermaria, era a tua disposição, o teu sorriso, o teu olhar doce, a tua coragem.
Eras tu quem brilhava.
Nas primeiras horas do ano, com a minha cama cheia de filhos e a minha vida vazia de sentido, vi o teu brilho. E tive a certeza que, com a tua força, vais conseguir matar esse bicho mau. E tive a certeza que, com o teu exemplo, vou saber aproveitar e dar sentido a cada momento da minha vida.
Obrigada, querido e doce Bruno.
Vou ficar aqui à tua espera para te dar o abraço que mereces.
Muito obrigada.
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