Crescer é assim. Faz doer os ossos, as articulações, o orgulho e o ego. De um dia para o outro, deixamos de ser meninas para sermos mulheres. Todos esperam de nós o melhor, o expectável, o razoável. E tudo o que fazes é julgado, opinado, posto à prova.
Sabes que cresceste quando os outros deixam de importar. Quando decides fazer só o que te dá na real gana, sem pensar nos outros. Quando te pões em primeiro lugar. Mas até chegar aí, suas, levas chapadas, rasteiras, facadas nas costas. É um caminho difícil e sinuoso. Uma montanha russa cheia de obstáculos.
Os clichés invadem a tua atenção: "guarda as pedras do caminho", "és a pessoa mais importante do universo", "o que não te mata torna-te mais forte", "um dia ainda vais rir disto" ou "a vida só te dá aquilo que consegues suportar". Filosofias de wc escritas pelos Gustavos Santos que proliferam como cogumelos. Tretas. Só tretas.
Quando olhas para uma pessoa, não sabes a batalha que ela está a travar. Não sabes o que está do outro lado do iceberg. Não sabes o que a magoa mais, quão frágil está, se quer falar ou sequer ouvir. Por debaixo da crosta, não sabes o tamanho da ferida: não a escarafunches sem saber se ela está cicatrizada. Não a cutuques se não queres ser sacudido.
Todos têm as suas batalhas. Mais ou menos graves, mais ou menos válidas, mais ou menos óbvias, mais ou menos compreensíveis. Todos.
Respeita. Valoriza. Disponibiliza-te se assim quiseres. Se não quiseres, desaparece. Não provoques. Não perguntes. Sê presente. Mostra-te disponível. Aparece de surpresa.
Crescer dói. E dói muito. Respeita. Põe-te no teu lugar.