À partida, ter-se a casa arrumada é bom sinal (para a minha Mãe, é!) e eu devia estar contente. À noite, antes de ir dormir, os brinquedos que apanho do chão têm vindo a ser cada vez menos, os livros espalhados no quarto já escasseiam. Tudo repousa nos devidos lugares. Tal como ontem. E no dia anterior.
À partida, este seria um facto que me deixaria feliz. Qualquer pessoa gosta de ter a casa arrumada. Eu também.
Mas, quando olho para o tapete da sala e vejo-lhe a cor, ou olho para o sofá e vejo-o com as almofadas no sítio, sinto um aperto no coração e só me apetece chorar.
Voltei a trabalhar com horário completo. Dois anos e sete meses depois.
Por causa disso, os miúdos acordam antes das 7 da manhã, são os primeiros a chegar à escola, muitas vezes antes das 8. Quando chegamos a casa, a preocupação é fazer o jantar, dar banhos, comer e ir dormir cedo. Basicamente, eles não têm tempo para brincar em casa. Não há tempo para desarrumar.
Casas com crianças não combinam com casas arrumadas. São incompatíveis.
Olho a minha casa arrumada e sinto que não estou com os meus filhos. Não os olho, não os ouço, não os cheiro. As manhãs e as noites são passadas a correr. Eles não gozam a casa. Eu não os gozo.
Olho a minha casa arrumada e não gosto.
Quero o meu tempo de volta.
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