Já se passaram 20 anos.
Sei que não fomos muito chegados, porque a distância impôs as regras. Ao ver esta tela branca quero escrever aquilo que foste para mim mas não consigo encontrar nenhuma definição.
Eras o Pai do meu Pai, o olhar claro e profundo, o homem sentado no cadeirão à espera que alguma neta lhe pedisse colo. E eu pedia. Pedia sempre.
Eras a figura à cabeceira da mesa todos os Natais, o primeiro a aplaudir os nossos teatros, aquele que nunca faltava à missa do Galo.
Eras o Avô sério com humor genial, que conseguias pôr toda a gente a rir sem alterares a tua expressão. E eu muito pequena não percebia como é que com o teu ar grave e sério desmanchavas tanta gente.
Hoje, faz 20 anos que partiste. E hoje a saudade bateu forte. E passei o dia a pensar em ti.
Hoje, gostava de encontrar uma definição para a pessoa que foste na minha vida. E não consigo.
Desculpa. Só consigo pensar na palavra saudade.
2 comentários:
Saudade...é isso mesmo!!! Bonitas memórias :)
Gostei muito da forma como desabafaste a tua saudade. É a saudade que não nos permite esquecer esse homem inteligente, meigo, corajoso, humano, talentoso, gentil que tanto amou a sua família e os seus amigos e que tantas coisas simples e bonitas ensinou com a sua palavra fácil, directa e eloquente. A herança que deixou está bem patente nos filhos (o meu irmão e eu), em ti e nos outros netos que ele teve e na lição de vida que vocês sabem transmitir aos vosso filhos. São eles e as gerações futuras que vão eternizar a memória desse homem notável que se chamou MÁRIO ROCHA.
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