Eu sempre disse que o assunto xuxa me era muito sensível. Lembro-me perfeitamente da minha primeira noite sem xuxa e de implorar por mais uns momentos com a minha fiel companheira das noites. Tinha quase seis anos. Lembro-me até da cor dos lençóis.
Nunca insisti com o António para largar a xuxa precisamente pela lembrança daquela noite. Sempre me fui confortando com a célebre teoria do "ninguém vai para a faculdade a usar xuxa" (excepto a Vanessa, acrescento eu). Até que hoje, por livre e espontânea vontade, o meu mais velho decidiu deitar a xuxa para o lixo. Grande festa com direito a visita ao estádio do Dragão (aproveitando o facto de estarmos de férias no Porto), compras na loja do FCP, bolo, parabéns a você e até, imagine-se, um telefonema do Jackson Martinez, o herói do meu filho, a dar os parabéns pelo grande acontecimento.
Depois veio a noite.
E aquela noite, há 30 anos atrás, em que implorava por mais uns momentos com aquela fiel companheira, as lágrimas gordas nos lençóis das riscas, a dor grande no peito, aconteceu outra vez. Mas desta vez, o protagonista era o menino mais especial do Mundo. Aquele sofrimento, aquela dor, aconteceu tudo outra vez.
O pior já passou, dizem. Espero que sim.