27/10/2011

Começamos por ter uma relação na base da necessidade. Só estávamos juntos em algumas situações: nas aulas, a ver TV. Lembro-me de esquecer que existíamos juntos nas férias. Nas aulas, o lugar da fila da frente estava guardado para nós. Não era um bom lugar: nunca gostei da fila da frente.
A partir de certa altura, há mais ou menos 20 anos, começou a ser uma relação diária. Já não podíamos viver separados. Desde que acordava até adormecer, estávamos juntos.
Houve alturas em que nos suportávamos. Outras que eu já não conseguia ver nada à frente. Alturas em que me fazias jeito. Outras, nem por isso. Na praia era o pesadelo! Na natação, ficava cega!
Há cerca de ano, a nossa relação teve um acidente (culpa do António) e por isso muito frágil. Nesse dia, invadiu-me um sentimento agridoce: por um lado estava contente por antever uma separação; por outro, foram muitos anos de companhia. Desde então, tenho vindo a pensar nisso e hoje chegou o dia. A partir das 15h, a nossa história será lembrada apenas em fotos, em memórias. 
Obrigada pela companhia de todo este tempo, mas está na hora da liberdade.
Adeus e até um dia.

Adeus, óculos!

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