20/03/2017

O inverno acabou.

Foi um longo inverno. Diria mesmo que foi o inverno mais longo. O Natal durou uma eternidade. Fiz 40 anos. Passei a dormir. Deixei de correr. Deixei de escrever. Estou mais calma. Acompanho mais os miúdos: brinco mais, converso mais, passeamos mais. Graças à ajuda da minha Mãe: sem ela não conseguia. Recomecei os ensaios. Cozinho mais e melhor. A casa anda mais organizada. A minha cabeça também. Peso mais. Falo menos. Falo muito menos.
A pior solidão é aquela que se sente mesmo rodeado de pessoas. De amigos, de família. Tive uma festa de 40 anos com 30 pessoas. Amigos com A grande. Aquelas pessoas que estiveram comigo no último ano e graças a quem eu continuo com a cabeça em cima dos ombros. Foi uma noite do caraças. No dia seguinte, voltou aquela dor. A dor do escuro, do silêncio, do vazio. A dor do nada. Do só.
Já faz parte de mim, essa solidão. Já me acompanha. A solidão agora é a minha companhia. Há dias piores. A maioria vão-se vivendo. O inverno terminou hoje. Esteve sol, cheirou-me a flores no caminho de casa, o vento sopra fresco. Talvez assumindo se torne mais leve. Quem sabe se a partilhar, ela se torne mais fácil de carregar. A solidão.
A primavera está aí. Não tarda, chegará o verão. E no verão, tudo fica mais fácil de suportar. 
Eu sei. Já lá estive.

1 comentário:

maria disse...

Não pare de escrever, pois revejo-me tanto nas suas palavras e gosto tanto de vir aqui.