Houve momentos em que a desilusão era tão grande, a tristeza tão profunda, era tanto o desapontamento, que eu não queria sequer acordar. Nem comer. Nem respirar. Nesses dias, ia buscar forças a uma paixão maior e seguia para mais um ensaio. Houve dias em que estive quase a ser vencida pelo cansaço e pelo desânimo, dias que fui sem comer e sem dormir.
Foto: Carmo Sousa na Escola de Dança Ana Kohler, algures entre Novembro 2015 e Maio 2016 |
Quando olhei a primeira vez para esta foto, pensei "porque é que não desisti?" Era tão mais fácil esconder-me durante aqueles fins de semana, fechar-me todos os sábados e todos os domingos, isolar-me e não me mostrar a ninguém. Eu fui. E todo o processo teve tanto de sofrido como de prazeroso. Tanto de sacrifício como de deleite. Saiu-me do corpo como sai um filho.
Quando vi esta foto de cima pensei como fui capaz de continuar. Mas a verdade é que em momento algum pensei em desistir. Simplesmente, essa ideia não me ocorreu. Quando vi esta fotografia e me lembrei que essa poderia ser uma saída, já tudo tinha acabado: a montagem, os ensaios, o espectáculo.
Depois, olho para a foto de baixo. A foto que não precisa de palavras. Não precisa, pois não?
Foto: Jorge Chincho Macedo no CCB, 5-6-2016 |