A jantar, expliquei-lhes que é noite de S. João e que faz 2 anos que o António deitou a chucha para o lixo. Estávamos no Porto e ele disse: não quero mais chucha; vou deitar no lixo. O meu coração doeu nessa noite. Já aqui expliquei que o assunto chucha é dos mais sensíveis para mim porque lembro-me per-fei-ta-men-te do dia em que eu larguei a minha e o que me custou. Lembro-me como se fosse hoje. O meu coração doeu por isso mas também por perceber que o meu bebé já não era assim tão bebé.
Deitei-os como de costume. Beijinhos (de todos) e ralhetes (meus) e juras de amor eterno (do António). Pouco depois, veio ter comigo à sala:
- Mamã, posso dizer-te uma coisa?
E eu já ia lançada num novo ralhete quando ele mostrou os dedos.
- Olha, Mamã, o que eu já consigo fazer.
E começou a fazer estalidos com os dedos. Primeiro com a direita, depois com a esquerda. Até já consegue fazer com a esquerda!! Anda a treinar há meses e hoje conseguiu na perfeição. Hoje, dois anos depois do primeiro passo para ser crescido.
Abracei-o com força, disse BOA!!! com entusiasmo e fiquei mesmo feliz por vê-lo tão feliz. No fim:
- Agora posso dormir na tua cama?
Como se pode recusar um pedido destes? Não se pode.
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