27/10/2013

As pulseirinhas

A propósito deste post, lembrei-me desta história.

O meu filho mais velho gosta de tirar bolas naquelas máquinas irritantes que só nos fazem gastar dinheiro. Só está autorizado a tirar uma bola aos domingos, se o balanço da semana for positivo e se se tiver portado bem. Há uns domingos atrás, fui trabalhar e deixei-o na casa dos Avós. Na tentativa de incutir algum sentido de responsabilidade, dei-lhe uma moeda de 1€ e disse-lhe que podia escolher a bola quando fosse ao café com o Avô. Não largou mais a moeda, mesmo depois de lhe dizermos que podia pôr no bolso até sair de casa. Estava numa excitação que só vê-lo! Comecei a pensar que, se ele reagia assim com a primeira moeda de 1€ que ganhava, talvez fosse bom dar-lhe calmantes quando começasse a trabalhar.
A partir daqui, só conto o que me contaram.
Foram então ao café e o António pôde escolher a máquina das bolas. A escolha era alargada e foi muito pensada e ele lá se resolveu por uma delas. Momentos seguiram de cortar a respiração: a colocação da moeda na ranhura, o girar da alavanca, o compasso de espera e, finalmente e em apogeu, a caída da bola nas mãos da criança. Um excitex total!
Como de costume, levaram a bola para casa onde ia ser aberta em outro momento solene. Normalmente, os brinquedos que estão dentro são pequenos e para não perder são sempre abertas em casa. Quer dizer que o puto ainda teve de esperar 15 longos minutos pelo caminho até casa dos Avós em passo passeio, com a bola na mão e o ar orgulhoso. Gabo-lhe a paciência.
Chegados a casa, abrem a bola e no lugar de um Faísca McQueen ou qualquer outro carro de corrida (ou avião ou escavadora ou whatever), estava uma bonita e vistosa pulseira cor de rosa. O desgosto foi tanto, que o Avô ao ver o neto inconsolável, lhe prometeu outra bola depois do almoço (contrariando as minhas regras, mas é para isso que servem os Avós, certo?).
Quando fui buscá-lo, ele estava a brincar com uma cobra preta de borracha e eu perguntei se tinha sido aquele o brinquedo da bola. Ele foi buscar a pulseira e disse:
- Não! A cobra é de meninos. A bola tinha uma pulseira de princesas para a Mamã que é princesa. 
E foi buscar a pulseira e pôs-me no braço.
Agora, esta é a pulseira que o meu filho mais velho tão ansiosamente aguardou mas não se deixou abater pela desilusão, arranjado-lhe logo um bom destino. E eu, dificilmente terei coragem de a tirar do meu braço.

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