A falta de energia tem vindo a aumentar nos últimas semanas. Se ao início pensei que fosse da sensação de abandono e da falta de pilares do dia-a-dia, agora já começo a pensar que pode ter outra razão, sem que eu perceba qual. Acordar de manhã está a ser um pesadelo. Começo o dia cansada, cheia de dores nas costas, com vontade de chorar e de desistir de tudo.
O dia é passado de forma automatizada, como se de um robot se tratasse. O trabalho já é feito quase sem pensar e há riscos que se correm quando isto acontece. E os erros acontecem. Erros estúpidos, coisas básicas, brancas a meio de um diálogo, esquecem-se coisas que se fizeram há dois minutos, repetem-se as mesmas perguntas acabadas de fazer, a dificuldade de concentração. O déficit de atenção começa a ser preocupante.
O apetite é nulo. Deixei sequer de ter fome. Como mal e pouco e só me lembro que ainda não almocei quando me levanto e começo a ver estrelinhas. O pouco que como são choques calóricos que dão uma sensação de bem estar de meia hora. Depois, começa tudo outra vez: o estômago colado às costas e sensação de enjoo mal olho para a comida.
Passo o dia cheia de saudades do meu filho. O coração fica-me nas mãos quando o deixo no colégio e só volta ao sítio quando o vou buscar. Pensei que este medo irracional passasse nos primeiros meses, mas ele tem quase dois anos e o medo só aumenta. No carro, é raro não pensar em acidentes, em morte, na vida do meu filho se me acontece alguma coisa. Na minha vida, se lhe acontece alguma coisa. Por vezes, o medo que sinto aperta-me de tal maneira o peito que tenho dificuldade em respirar.
À noite, a dificuldade em adormecer. Acordo várias vezes com as dores. Não tenho posição confortável. Vou espreitar o quarto ao lado para ver se o puto está bem. Continua a passar-me pela cabeça acidentes de viação, incêndios. Mando mensagem ao J para saber se está tudo bem. Se ele demora mais que um minuto a responder, outra vez a sensação de pânico a apertar-me o peito. Ainda faltam duas horas para o despertador tocar e já não consigo dormir. E começa tudo outra vez: as dores, a vontade de chorar...
Isto tem sido o meu dia-a-dia e foi relatado num texto sem revisão e escrito em pouco mais de três minutos. A ver se o aperto passa e o sufoco desaparece.