24/04/2011

Páscoa e outros domingos.

Lembro-me das reuniões de família. Quase todos os domingos, o ponto de encontro era na casa dos meus Padrinhos: uma casa cheia de miudagem a correr e a brincar de um lado e de conversas de adultos do outro. Volta e meia, aparecia alguém de longe e o encontro acabava em farra da boa: a Tia Lena era capaz de trazer o órgão e o Tio António desenrolava uns fados acompanhado do meu Pai na voz. Nós, os miúdos, gozávamos e ríamos com aqueles risinhos irritantes de pré-adolescentes, mas acabávamos por nos juntar a eles nas cantorias.
A mesa ficava posta do almoço para o jantar e ninguém se importava. Esses dias especiais aconteciam algumas vezes por ano, e sempre na Páscoa. No fim da farra da Páscoa, quando me despedia dos meus Padrinhos, recebia sempre uma nota de cinco contos para o mealheiro e eu ficava toda inchada de orgulho: não era todos os dias que se recebia uma nota de cinco contos!! (Foi com essas notas que comprei os meus primeiros All-Star e, mais tarde, a minha primeira mochila Monte-Campo.)
Desde que os meus Padrinhos ficaram doentes, e depois acabaram por partir, as reuniões de família acabaram. Tenho pena que o António não tenha vivido uma daquelas farras, que não tenha conhecido o Tio António. Não sei se alguma vez vamos voltar a ter um ritual de domingo como aquele, que nos fazia chegar a casa tardíssimo e acabar os trabalhos à pressa porque no dia seguinte era dia de escola. Não sei se vamos voltar a viver uma Páscoa tão cheia.
É que eu sinto tanta falta daqueles domingos...

1 comentário:

Marta disse...

Vamos um dia fazer um domingo de Páscoa e criar novas memórias! ;-)

Beijinhos