Há exactamente um ano, pelas seis da manhã, estava o Pai a dormir há 1 hora e eu a fazer xixi na cama. Não! Afinal, não é xixi. Posso reproduzir o diálogo:
- Jorginho... acho que está na hora...
- Hã? Ainda falta! Pus o despertador para as oito e meia.
- Não é isso. É o António! Acho que está na hora. O que é que eu faço?
- Bom, vai tomar banho e comer um iogurte.
A partir daí, entre a escolha da roupa (não queria parir com qualquer modelito!), a confirmação que estava tudo dentro da mala, as últimas fotos e a gravação em vídeo dos principais momentos, chegou a nossa hora. Pelas 14.10, chegaste ao mundo e eu só consegui ver-te os pés. Roxos. Enrugados. Sujos de sangue. E eu já achava que eram os pés mais bonitos do mundo.
Cerca de duas horas depois, pude, finalmente, conhecer-te.
Faz hoje um ano.
Eras um bebé com cara de rapaz desconfiado, de sobrolho torcido e horários trocados. Andei às apalpadelas no início (acho que ainda ando), sem saber muito bem o que fazer e quando fazer e se não fosse a internet, a família e os amigos não teria sido capaz. Hoje, passado um ano, continuo cheia de dúvidas, de questões, de provações, mas já não faço disto bichos de sete cabeças. Já não choro por tudo e por nada, já consigo pensar antes de desesperar e tento aproveitar todos os momentos da melhor maneira.
Hoje, és um menino reguila, muito curioso e atento. É difícil manter-te quieto e queres mexer em tudo o que vês. Já não dormes ao colo, adoras comer (tudo e muito) e estás sempre a rir. Todos os dias ouço elogios. E eu acredito, porque sei que és exactamente assim: simpático, charmoso e lindo. O teu sorriso enche o dia. Acordas sempre bem disposto e a cantar e só por isso vale a pena. Tudo passou a valer a pena.
Às vezes, ainda tenho dúvidas se sou capaz, se estou a ser aquilo que precisas, se estarei a ser muito dura contigo, ou muito branda. Será que estou a mimar-te demais ou estou a dar-te independência demais. Todos os dias tenho dúvidas. Todos.
Mas, se não fosse o suporte de todos que nos rodeiam e nos amam, se não fosse o Papá ao nosso lado, se não fosses tu quem és, António, sozinha era muito mais difícil. Juntos somos felizes e muito mais fortes.
Estás aqui há um ano e eu deixei de ser só eu. Nunca mais serei só eu porque te tenho na minha vida. Deixei de ser só a Susana porque, na maior parte das vezes, sou a Mãe do António. Deixei de receber dezenas de presentes do Natal porque eles vão todos para ti. Deixei de comer um queque inteiro porque te dou as melhores partes. Mas depois olho para ti e para o teu sorriso quando me vês. E tudo faz sentido. E se não fosse assim não estava certo!
Hoje é o teu primeiro aniversário.
Parabéns, António. Obrigada por tudo.