23/02/2008

A Formiga

Toda a gente gostava daquela formiga. Era uma das formigas mais porreiras do país das formigas. Ela conseguia ser amiga de todas as outras formigas, desde as formigas anciãs até às mais jovens. Era uma filha exemplar e uma irmã dedicada, por ser a mais velha de quatro meninas.
Quando chegou à idade de trabalhar nas filinhas de formigas, ela dirigiu-se ao Centro de Recrutamento para se inscrever, e foi informada que naquele momento não estavam a ser recrutadas formigas para nenhuma covinha, mas que logo que abrisse uma vaga lhe seria comunicado, quer por telefone quer por mail. Ela achou estranho, porque dias antes uma formiga sua vizinha começou a trabalhar num buraquinho que havia ali perto, e até comentava que não conseguia dar conta de tanto trabalho.
Todas as semanas, a nossa formiga ia ao Centro saber de novidades, e nada. Diziam-lhe que ela tinha o perfil indicado para a função, mas que ainda não havia vaga. Começava a ficar inquieta. A Mãe formiga dizia para ela não se preocupar, que um dia encontraria o lugar perfeito para trabalhar. O resto da família, também com palavras de incentivo, diziam-lhe que ela merecia um lugar muito melhor que aquela covinha, e que um dia seria o dia. Todas as outras formigas diziam-lhe que ela era perfeita para esta ou aquela covinha, mas nunca ninguém a contratava.
Os anos passavam e aquelas palavras repetiam-se. E a formiga ia fazendo uns biscates para ganhar uns trocos, sem nunca conseguir perceber porque é que todas as formigas tinham um emprego e ela não.

A formiga envelheceu e acabou por morrer.

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