Nunca tive muito jeito para fada do lar, mas quando precisava, até passava a ferro umas t-shirts ao meu irmão em troca de 500 paus. Desde que vivo sozinha, os meus pitéus não passam de dois pratos: bifes de peru com puré ou massada (as minhas massas são fantásticas: com natas, salsichas ou atum, tomate e milho). Quem não gosta de comer, normalmente, não gosta de cozinhar, e eu lá vou variando entre estes dois pitéus e a comida que trago da casa da Mãe.
Também tenho a sorte da D. Lurdes poder vir cá duas vezes por mês, para arrumar as pilhas de roupa que deixo a “arejar” em cima da cadeira e deixar a minha casa a brilhar e a cheirar a Sonasol Amoniacal.
Agora a parte de estender, apanhar e dobrar cuecas e meias está a revelar-se uma tarefa que habita os meus piores pesadelos. Nunca gostei de estender roupa. Meias e cuecas, muito menos. Apanhá-las da corda, idem aspas. Agora dobrá-las, nem mesmo com o melhor episódio dos Morangos com Açúcar à frente para distrair.
Hoje, estava eu entre esta tarefa e um episódio importantíssimo de Ninguém Como Tu, descobri que me sobravam uma meia preta e uma azul escura. As outras, todas dobradinhas aos pares (as pretas com as pretas, a azuis com as azuis, as rosa-shocking com as rosa-shocking, as laranja com as laranja), descansavam ao meu lado, à espera de serem arrumadas na gaveta. Aquelas duas, desemparelhadas, olhavam para mim tristes e abandonadas pelos seus pares, sem que eu soubesse bem o que lhes fazer.
Das duas, uma: ou as deito para o lixo, ou acabo por usá-las por debaixo das botas de cano alto. Assim como assim, não se vêem!
A minha vida balança entre o pseudo-desmazelo e a falta de jeito.
28/03/2006
12/03/2006
É lixado...
Quando nos habituamos a um estilo de vida…
Quando nos habituamos a uma pessoa…
Quando nos habituamos a um sítio…
Quando nos habituamos a um trabalho, a uma função…
Quando nos habituamos a um grupo de amigos…
Quando nos habituamos a ter miminhos…
Quando nos habituamos a uma voz…
Quando nos habituamos a uma maneira de cozinhar…
Quando nos habituamos a ver uma série de TV…
Quando nos habituamos a um ritual…
Quando nos habituamos a uma música…
Quando nos habituamos a ouvir que gostam de nós…
Quando nos habituamos a ver as mesmas coisas nos mesmos sítios…
…quando uma destas coisas falha…
Quando nos habituamos a uma pessoa…
Quando nos habituamos a um sítio…
Quando nos habituamos a um trabalho, a uma função…
Quando nos habituamos a um grupo de amigos…
Quando nos habituamos a ter miminhos…
Quando nos habituamos a uma voz…
Quando nos habituamos a uma maneira de cozinhar…
Quando nos habituamos a ver uma série de TV…
Quando nos habituamos a um ritual…
Quando nos habituamos a uma música…
Quando nos habituamos a ouvir que gostam de nós…
Quando nos habituamos a ver as mesmas coisas nos mesmos sítios…
…quando uma destas coisas falha…
04/03/2006
Letra O.
Às vezes, tenho esta estranha sensação de não saber bem o que ando aqui a fazer. Ontem, numa conversa um pouco hostil, disseram-me que eu não sabia quem eu era. E que, inclusivamente, havia profissionais que podiam ajudar-me a descobrir-me. Achei um disparate, que não, que não preciso de ninguém, que sei muito bem quem sou.
Mas vejo-me aqui sentada, depois de um dia de pura futilidade, sem saber muito bem o que fazer. Os meninos estão todos na festa (é verdade, eu também estaria lá se não estivesse doente), a pensar que não há nada melhor do que pensar em nada, beber copos e dançar como se não houvesse amanhã.
E eu?
Eu, aqui à espera que a bactéria saia ou morra ou se desfaça ou que um raio a parta, sem saber muito bem se hei-de ficar a martirizar-me pelos erros que cometi, ou se hei-de continuar a viver a minha vida usando esses erros como exemplos a não seguir.
[Depois de muito tempo em frente desta página meio escrita, chego à conclusão que eu sei quem sou. Sei muito bem. O meu problema, é não saber o que faço. Ou não saber distinguir entre o bem e o mal. Em não saber se o que faço é bem ou mal feito, antes de o fazer. Em perceber que só faço asneira muito depois de a fazer. Não preciso que um profissional me diga que tenho um O na testa. Basta olhar-me no espelho…]
Mas vejo-me aqui sentada, depois de um dia de pura futilidade, sem saber muito bem o que fazer. Os meninos estão todos na festa (é verdade, eu também estaria lá se não estivesse doente), a pensar que não há nada melhor do que pensar em nada, beber copos e dançar como se não houvesse amanhã.
E eu?
Eu, aqui à espera que a bactéria saia ou morra ou se desfaça ou que um raio a parta, sem saber muito bem se hei-de ficar a martirizar-me pelos erros que cometi, ou se hei-de continuar a viver a minha vida usando esses erros como exemplos a não seguir.
[Depois de muito tempo em frente desta página meio escrita, chego à conclusão que eu sei quem sou. Sei muito bem. O meu problema, é não saber o que faço. Ou não saber distinguir entre o bem e o mal. Em não saber se o que faço é bem ou mal feito, antes de o fazer. Em perceber que só faço asneira muito depois de a fazer. Não preciso que um profissional me diga que tenho um O na testa. Basta olhar-me no espelho…]
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