A minha vida tem uma banda sonora. Sempre teve. Sempre associei músicas a fases da vida. Ou a pessoas. Ou a momentos. Desde o Phil Collins que lembra o primeiro beijo, no 8º ano, os GNR e o primeiro concerto em Alvalade, os Guns & Roses e a primeira paixão platónica. Os Pearl Jam no início dos 20 anos, os Smashing Pumpkins e a descoberta do meu lugar neste mundo e tantos, tantos exemplos.
Ouço Dave Mathews há muito tempo. Foi a música da minha primeira casa, onde vivi sozinha durante 5 anos. E por essa música me apaixonei nessa altura. Talvez antes, até.
Há uns tempos, Dave Mathews passou a ser a banda sonora do pior dia da minha vida: vinte e quatro horas de medo, de desnorte, de desilusão. E deixei de o ouvir. Como se calando aquela música, conseguisse apagar aquele dia de outubro. Não apagou. Nunca vai apagar. Mas hoje entrei no Coliseu com vontade de ver e ouvir a minha música. Sem barreiras, sem memórias, ouvir e ver aquele que foi minha companhia (e tão boa) durante tantos anos.
Ainda bem que fui: foi o concerto da minha vida! Dave Mathews voltou à playlist dos meus 40 anos. Voltou ao top 3 na tabela. Voltou a ser banda sonora, mas desta vez só de coisas boas.
Porque as feridas são feitas por pessoas. As músicas são só parte do cenário que criamos à nossa volta.