Tenho esta página em branco e mil histórias para contar.
As que posso contar, já toda a gente sabe: são histórias iguais às de toda a gente. Histórias do dia a dia, do rame-rame, as vulgares e sem estória.
As outras guardo para mim, na esperança de conseguir entendê-las e explicá-las ao mundo. As histórias que ficam escondidas num lugar fundo e escuro.
Conquistas, desilusões, vergonhas, orgulhos...
Uma montanha russa que me leva do tudo ao nada em segundos, que me enche e esvazia de repente, que dá prazer e dor logo a seguir. Uma mistura agridoce, quente e fria, confortável e desconfortável ao mesmo tempo.
Tenho os dias cheios de histórias guardadas e escondidas. Tenho copos meio cheios que continuam meio vazios. Tenho gritos e gargalhadas, mas também tenho lágrimas e lamúrias. Tenho tantas coisas tão boas e outras tantas tão más. Tenho coisas más que são boas e vice versa. E em simultâneo.
Percebo que isto possa não fazer sentido nenhum. Eu ainda estou à procura do sentido. Ou à procura de dar sentido a tudo isto. Mas se há coisa que eu aprendi nestes 40 anos é que, mais tarde ou mais cedo, tudo acaba por fazer sentido desde que sejamos nós a encontrá-lo.
Pensei que os 40 anos fossem um lugar confortavelmente estável.
Descubro, diariamente, que os 40 são inundados de desconfortos infinitamente felizes.
E eu? Eu sou desconfortavelmente feliz.